Escalada das tensões no Oriente Médio faz petróleo disparar e ganhos puxam demais commodities
A grave, rápida e preocupante escalada dos conflitos no Oriente Médio provocaram uma disparada nos preços do petróleo nesta terça-feira, 1º de outubro, que respingou em quase todas as demais commodities. Perto de 15h (horário de Brasília), tanto os futuros do brent, quanto do WTI subiam quase 3%, depois de, ao longo da sessão, ter testado altas de mais de 4%. Os ataques de Irã a Israel deflagraram uma nova fase no já muito delicado que vive a região, com mais de 200 mísseis iranianos em um ataque ao Irã nesta terça.
A tensão que se iniciou entre Israel e Hamas chegou ao Líbano, testou os limites da Síria e agora envolve, além de diversos grupos extremistas, o Irã, trazendo ainda mais preocupações aos líderes locais e aos chefes de estado de economias determinantes, como Joe Biden nos EUA - pouco antes das eleições presidenciais o no país, em novembro - e Xi Jinping, na China. E a situação se agravou ainda mais depoius que ataques israelenses mataram os dois principais líderes do Hezzbollah nos últimos dias.
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"Jerusalém não hesitará em ampliar sua ofensiva militar para atingir o Irã diretamente. E as infraestruturas de produção de petróleo do Irã estão, muito provavelmente, na lista de alvos", disse Clay Seigle, um estrategista independente de risco político à agência de notícias Reuters. Ele complementa dizendo que um ataque a estas plantas poderia provocar uma disrupção do abastecimento iraniano de petróleo, impactando a produção em cerca de um milhão de barris por dia.
Um outro analista internacional, Tamas Vargas, afirma que em caso de uma escalada ainda mais grave dos conflitos poderiam promover ataques de grupos como os houtis do Iêmen, os paramilitares do Iraque, não só ao Irã, mas também à Arábia Saudita. "Agora há um medo genuíno de que o fornecimento de petróleo seja impactado, e negociações nervosas e voláteis são esperadas até que o cenário fique claro", disse Varga.
O movimento do petróleo chegou aos demais mercados e promoveu ganhos expressivos entre os futuros do milho e do trigo na Bolsa de Chicago, com o trigo encerrando os negócios desta terça-feira com altas de mais de 2%. Ainda na CBOT, o farelo de soja também fechou subindo, com mais de 1% de alta. Os futuros do óleo e da soja em grão até chegaram a testar algumas altas, porém, voltaram a perder força e fecharam no vermelho.
Os ganhos mais intensos do trigo se deram em função do Oriente Médio ser uma região importante no escoamento do grão, o que deixa o mercado em alerta sobre o fluxo e os custos logísticos, além do abastecimento.
"A região tem uma confluência importante do Canal de Suez, por onde passa, aproximadamente 20% do comércio de trigo. No momento, não há nada disruptivo, interferindo na movimentação das mercadorias naquela região. E cabe lembrar que isso só acontece porque as forças da Marinha Americana quanto da Otan estão patrulhando a área e mantendo a segurança da navegação naquela região", explica Douglas Araujo, diretor da PRTK Consultoria, Douglas Araujo.
Qualquer mudança neste quadro, todavia, pode impedir a livre circulação de produtos, trigo, principalmente - região que pode sofrer novos ataques - e isso pode ser o estopim que está faltando para os preços decolarem.
Reveja:
Na soja, o que limitou o movimento de avanço foi a melhora climática para o Brasil que se mostra mais evidente no radar dos mercados.
"Os modelos europeu e americano estão convergindo para o retorno de boas chuvas na faixa central do Brasil a partir da segunda semana de outubro. Algumas precipitações já estão ocorrendo pontualmente no Centro-Oeste, mas a expectativa é de que a partir da segunda quinzena do mês haja a regularização do padrão de chuvas, o que será bastante benéfico para o avanço do plantio e desenvolvimento inicial da soja". explicou o time da Agrinvest Commodities.
Apesar do fechamento negativo, as perdas entre os preços da soja na Bolsa de Chicago foram limitados. As posições mais negociadas terminaram o dia com pequenas baixas de 0,25 a 0,50 ponto, levando o novembro a US$ 10,56 e o maio a US$ 11,01 por bushel.
Em contrapartida, o açúcar subiu mais de 2% na Bolsa de Nova York, reagindo diretamente à disparada do petróleo. Assim, o contrato março encerrou o dia 22,97 cents de dólar por libra-peso e o julho/25 com 20,38 centavos/lb.
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Os mercados se questionam agora como e qual será a resposta de Israel - que já se manifestou dizendo, por meio de suas autoridades - que haverá um contra-ataque, sobretudo, se de fato os alvos centrais serão as petroleiras e as infraestruturas nucleares iranianas. "Precisamos colocar na conta um cenário em que a produção de petróleo de Irã está em risco", disse Helima Croft, estrategista de commodities da RBC Capital Markets à internacional CNBC.
"Este ataque terá consequências", disse o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari. Além disso, o porta-voz oficial da Casa Branca, nos EUA, também trouxe uma manifestação afirmando que os EUA irão contribuir para a defesa de Israel.