SLC indica potencial para ampliar plantio em 9% e mercado favorável a arrendamentos

Publicado em 15/08/2024 17:59

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A SLC Agrícola tem potencial de ampliar a área plantada em 59,2 mil hectares na safra 2024/25, enquanto vê o mercado favorável para novos arrendamentos de terras em meio ao ciclo de baixa de preços da soja e do milho, disseram nesta quinta-feira executivos da empresa, uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil.

O total do potencial de plantio adicional, que considera a área da segunda safra, representaria um crescimento de 9% na comparação com os 661,3 mil hectares da temporada passada (2023/24). Mas a área total projetada só vai ser definida entre outubro e novembro, à medida que a semeadura se desenvolva e a empresa finalize suas análises sobre a viabilidade de toda a expansão possível.

O potencial aumento de plantio foi indicado após a companhia fechar novos acordos de parcerias com a Agro Penido (30.734 hectares), Agropecuária Rica (21.837 hectares), além de um novo contrato de arrendamento no Piauí (14.572 hectares).

"Somando as três operações, vamos aumentar o potencial de área plantada em aproximadamente 60 mil hectares para a safra 2024/25", disse CEO da companhia produtora de grãos, Aurélio Pavinato, durante teleconferência para comentar os resultados --o lucro líquido recuou 7,8% no segundo trimestre, para 321,4 milhões de reais.

A companhia teve plantio de 320 mil hectares de soja em 2023/24, quase 190 mil hectares de algodão e mais de 95 mil hectares de milho.

Enquanto avalia a expansão de plantio, a SLC ainda não tem os custos projetados para a temporada 2024/25, disse o diretor financeiro, Ivo Brum, acrescentando que a companhia trabalha em análises de solo para ver a viabilidade do algodão.

Considerando as cotações da soja e do milho na bolsa de Chicago, que oscilam perto de mínimas em quatro anos, em meio à expectativa de uma grande safra nos Estados Unidos, Brum opinou que os custos deverão também ser puxados para baixo na nova temporada, sem traçar projeções mais exatas.

Os preços mais baixos de commodities agrícolas como soja e milho também favorecem arrendamentos de terras a preços mais baixos no Brasil, e a SLC Agrícola avaliará as oportunidades para tirar proveito dessa conjuntura e eventualmente ampliar sua áreas plantadas, disse Pavinato.

Ele notou que, para a nova safra 2024/25, as oportunidades de arrendamento já estão se fechando, uma vez que o plantio em Mato Grosso começa no próximo mês.

Mas indicou que a companhia está atenta para eventuais acordos visando 2025/26.

"As oportunidades de arrendamento para o próximo ano vão continuar existindo", disse ele, durante teleconferência de resultados trimestrais.

Segundo Pavinato, nos próximos dois anos, o preço do arrendamento de terras vai se manter estável ou ter ajuste para baixo, já que o setor como um todo vai ter rearranjo por conta do ciclo de baixa das commodities.

"Obviamente, temos de analisar e fazer negócios convenientes", comentou. "Hoje estamos confortáveis, entregando o que prometemos, dentro de estratégia de fazer negócios no momento certo para dar sustentação ao crescimento com rentabilidade."

Os ajustes nos preços de arrendamento ocorreriam após altas importantes nos últimos anos, quando a soja e o milho estavam mais caros.

Pavinato vê o mercado de milho em equilíbrio com a demanda, à medida que o consumo está crescente e a produção em 2024/25 pode ter problemas em alguns importantes países.

Ele citou que a Argentina deve reduzir a área plantada, já que enfrenta dificuldades com o inseto cigarrinha, enquanto na Ucrânia e outros países da Europa há adversidades climáticas que afetam o cereal.

Por outro lado, ele vê maior oferta de soja do Brasil, EUA e Argentina em 2024/25, com crescimento do plantio.

RECOMPRAS

Questionado, o diretor financeiro disse que a companhia não está satisfeita com o patamar de preços das ações da SLC e acrescentou que a ideia é manter o programa de recompras de ações.

Ele comentou que as terras da SLC estão avaliadas em cerca de 11,59 bilhões de reais, acima do valor de mercado da companhia de pouco mais de 8 bilhões de reais.

Brum lembrou ainda que, do total plantado pela SLC, mais de 60% são em áreas arrendadas.

"Tem toda a geração de caixa nas terras arrendadas que não está sendo precificada... Achamos que mercado deveria precificar melhor...".

(Por Roberto Samora)

Fonte: Reuters

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