Agronegócio: comércio halal entre América Latina e Emirados Árabes pode crescer 15%
O mercado halal tem chamado a atenção por conta do seu potencial de crescimento. Voltado para muçulmanos, esses produtos já contam com 1,9 bilhão de consumidores e a estimativa é que esse número aumente 25% nos próximos anos.
Só em 2022, a América Latina exportou US$ 25 bilhões em comidas halal, sendo que o Brasil lidera o ranking mundial. Quando falamos de carne bovina, 95% do que o Brasil exporta estão nessa categoria. No segmento de frango, a produção brasileira representa 40%. Ano passado, foram vendidas 445 mil toneladas de frango para os Emirados Árabes Unidos, o que representou US$ 953 milhões. Só Dubai importou 18 mil contêineres dessa proteína e 22 mil no total (carne e frango).
“A relação comercial entre os dois países é muito positiva. Os árabes são clientes fiéis dos produtos brasileiros, porque sabem que há segurança em termos sanitários e em relação à certificação halal”, aponta Mahmood Al Bastaki, General Manager do World Logistics Passport (WLP), plataforma criada pelo governo de Dubai para incentivar o comércio global - que atua no Brasil e em mais 19 países.
A expectativa do WLP é que as exportações de produtos halal com a América Latina cresçam 15% em 2024. Isso porque os benefícios oferecidos pela iniciativa visam facilitar e acelerar os negócios. Os parceiros da plataforma contam com prioridades de processo aduaneiro com linhas mais rápidas em portos e aeroportos, além de tarifas de movimentação reduzidas. "Para se ter uma ideia do impacto da plataforma no comércio mundial, uma empresa exportadora de frango congelado parceira da WLP, por exemplo, consegue economizar US$1.020 em um container de 40 pés", exemplifica Al Bastaki.
Certificação online
Para que um produto seja considerado halal, além de seguir todos os processos de produção determinados pelo Alcorão, ele também precisa ser certificado. Um mercado que segue tendência de alta juntamente com o de exportação. Uma das principais certificadoras de produtos destinados ao mercado muçulmano da América Latina ratificou 30 novas empresas do agronegócio em 2022, o dobro do ano anterior. Desse grupo, dez produzem proteína animal.
Atualmente, o processo para conseguir a certificação leva de três a cinco semanas para ser concluído. A plataforma do WLP trabalha com o governo brasileiro para que os trâmites sejam feitos on-line simplificando e acelerando a autenticação.
Outras rotas
Além das carnes de frango e bovina, os Emirados Árabes Unidos também pretendem desenvolver novas rotas de comércio para café, cacau e frutas. Atualmente, os EAU são um mercado-alvo para ações com cafés crus especiais e produtos da indústria de torrefação e moagem. Mais uma vez, o Brasil é o principal produtor e exportador desse produto no mundo.
O setor de frutas também tem grande potencial de crescimento. O Brasil ainda explora pouco o fato de Dubai ser um hub logístico, ou seja, o que chega ao emirado pode ser direcionado a outros destinos por meio da reexportação, como países do Golfo, da Ásia e África. “Embora o transporte de frutas seja mais caro, a qualidade das frutas brasileiras é superior às produzidas em outros lugares. Muitos países, inclusive os árabes, estão dispostos a pagar por isso. São vantagens a serem exploradas pelo mercado brasileiro”, completa o General Manager da WLP.
Sobre o World Logistics Passport
O World Logistics Passport (WLP) é uma plataforma de incentivo do governo de Dubai para facilitar o fluxo do comércio global. Trata-se do primeiro projeto do tipo no mundo. A iniciativa funciona como um programa de Fidelidade Logística e Conexões Internacionais baseado em incentivos, com recompensas a comerciantes e transitários que usam a plataforma para importação e exportação. Os parceiros oferecem benefícios de custos, redução de tempo e conexões estratégicas para os membros do WLP. O projeto tem o propósito de contribuir com a logística do comércio internacional, fornecendo informações sobre mercadorias, facilitando as transações, além de reduzir barreiras burocráticas.
Os benefícios permitem que empresas, nações e regiões tenham acesso a novos mercados, diversifiquem o comércio de produtos e aumentem seu market share. Atualmente, a plataforma WLP está presente em 20 países, entre eles: China, Índia, África do Sul, Egito, Vietnã e Brasil.
Por aqui, a agência começou os trabalhos em 2020, mas por conta da pandemia as operações estavam em fase embrionária. No mercado brasileiro, a plataforma ainda identifica e desenvolve rotas logísticas para empresas nacionais atuarem no Oriente Médio, África e Ásia.
Ao facilitar o comércio internacional de forma eficiente, o World Logistics Passport contribui para o desenvolvimento econômico sustentável, promovendo a cooperação entre nações e estimulando o crescimento da economia global.
Mahmood Al Bastaki, General Manager da WLP (World Logistics Passport)
Mahmood Al Bastaki ocupa o cargo de General Manager do World Logistics Passport (WLP). O executivo tem formação em "Tecnologia de Engenharia Eletrônica" pela University of Arkansas at Little Rock. Possui mestrado em "Engenharia Elétrica" pelo Oregon Graduate Institute e especialização em "Consórcio Empresarial Global" pela London Business School, além de "Desenvolvimento de Liderança na Wharton Business School".
Dentro da WLP, Al Bastaki lidera o desenvolvimento e implementação das principais soluções de facilitação do comércio da DP World, empresa multinacional de logística dos Emirados Árabes Unidos. Ele foi o responsável por introduzir nos portos gerenciados pela empresa um sistema de administração de cargas baseado em Inteligência Artificial, permitindo a transformação digital das operações e serviços aduaneiros, criando um fluxo contínuo de carga nos portos e em toda a cadeia de abastecimento comercial.
Antes de assumir o cargo no WLP, Mahmood Al Bastaki foi CEO da Dubai Trade, facilitadora comercial para empresas de logística e serviços.
Pela sua atuação nas áreas de comércio, logística e tecnologia, Al Bastaki foi eleito, em 2013, “Líder de Sucesso”, pelo Prêmio Feigenbaum de Excelência em Liderança, organizado pela Hamdan Bin Mohammed E-University. No mesmo ano, ganhou o prémio “CEO Popular do Ano”, no 6º Prêmio Marítimo Internacional. Em 2006, já havia sido reconhecido como um dos Líderes de Tecnologia Governamental pelo “Quem é Quem da Tecnologia Governamental – Oriente Médio”.