Ministra Marina Silva é cobrada por parlamentares sobre medidas que prejudicam o agro

Publicado em 22/11/2023 08:23
Marina chegou a se referir ao setor como “ogronegócio”, em maio deste ano

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados recebeu, nesta terça-feira (21), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para debater ações realizadas pelo MMA que prejudicam a agropecuária brasileira e os produtores rurais do Brasil. A convocação da ministra foi solicitada pelos deputados, membros da FPA, Zé Vitor (PL-MG) e Rodolfo Nogueira (PL-MT).

O requerimento cita notícia veiculada na mídia nacional sobre colaboração entre o MMA e o governo do Amazonas para desenvolver medida administrativa de combate a incêndios florestais, a suspensão do registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR) de propriedades onde forem identificados focos de calor e incêndios sem autorização e sobre a portaria do ministério que homologa o Regimento Interno do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Na abertura da sessão, a ministra foi questionada pelo deputado Rodolfo Nogueira sobre o grande número de incêndios que atingiram o Pantanal em 2023. “O Ministério do Meio Ambiente não consegue controlar as queimadas no Amazonas e no Pantanal, mas sugere que o produtor rural é novamente o vilão. Então o MMA tem que parar de atacar o agronegócio e o produtor rural”, destacou o parlamentar. A ministra reconheceu a necessidade de ampliar esforços para o combate de incêndios no Pantanal e afirmou que o orçamento não foi suficiente para as ações contra os incêndios.

O deputado Rodolfo também citou alguns dados sobre a agropecuária brasileira e afirmou que o setor diminui as desigualdades nas localidades as quais se expande e que bate recorde nas exportações. “Fiz questão de citar esses dados, ministra, pois acredito que a senhora os desconhece. Pois, para a senhora, nós somos o ‘ogronegócio’, os vilões do campo. E a senhora está muito enganada”, afirmou o parlamentar.

Já o deputado Zé Vitor disse não aceitar que o setor seja tratado como réu. “Queremos uma relação franca e justa, de respeito. O agro não pode ser refém de questões partidárias, temos um compromisso com a segurança alimentar, com a questão energética e, acima de tudo, com as pessoas e o futuro”, ressaltou o deputado.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Pedro Lupion (PP-PR), pontuou que o Brasil tem a Legislação Ambiental mais restritiva e rígida do mundo, que o Código Florestal é eficiente e funciona. “Nós precisamos terminar de fazer o CAR, precisa ter o Programa de Regularização Ambiental (PRA), precisa ter as condições para que os produtores se adequem a essa realidade”, afirmou o parlamentar.

Cadastro Ambiental Rural 

O deputado Rodolfo Nogueira também questionou a ministra sobre as recentes ações da ministra do Meio Ambiente, como a ameaça de suspender o Cadastro Ambiental Rural (CAR). “Um escárnio com quem coloca comida na mesa do Brasil e do mundo. Ministra, acredito que a senhora desconheça a importância do CAR para os produtores rurais. Ele é importantíssimo para uma série de burocracias, dentre elas o financiamento rural por meio de crédito”, afirmou.

Em resposta, Marina Silva ressaltou que o desmatamento não se combate somente com controle e comando, mas também com o aumento da produtividade para evitar a expansão de áreas. “Os grandes produtores já fazem isso. Os pequenos precisam de incentivos econômicos”, explicou a ministra, mencionando a subvenção aos juros concedida nos financiamentos agropecuários do Plano Safra 2023/24, aos produtores com Cadastro Ambiental Rural validado e boas práticas ambientais.

Conselho Nacional do Meio Ambiente 

No decorrer da audiência, a ministra foi questionada pelo deputado Zé Vitor sobre a portaria do Ministério do Meio Ambiente que homologa o Regimento Interno do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Segundo o parlamentar, o órgão não pode utilizar subterfúgio de qualquer que seja, sobretudo infralegais, para tomar decisões pelos parlamentares. “Nós precisamos de um alinhamento claro ao Conama e a qualquer outro conselho que exista aqui na Esplanada. Alguns episódios que vêm ocorrendo ou ameaçam ocorrer no Conama não estão em acordo com aquilo que a legislação pede, e eles extrapolam uma economia que não foi dada a eles”, disse o parlamentar.

A ministra rebateu dizendo que não há nenhum tipo de extrapolação ou ampliação de competência e disse que segue a Legislação Ambiental Brasileira. “Não existe nenhuma resolução que não passe pelo Conama e o setor jurídico do Meio Ambiente. Ele tem representação do setor privado, público, sociedade civil e dos governos estaduais e municipais”, afirmou Marina.

Mais cedo, a ministra se negou a participar de audiência pública ocorrida na CPI das ONGs. Marina Silva havia confirmado ontem (20) que iria dar esclarecimentos aos parlamentares durante a sessão, mas não compareceu. Amanhã a comissão recebe o ministro da Educação, Camilo Santana, que prestará esclarecimentos sobre as questões ideológicas sobre o agro, no último exame do Enem.

Fonte: FPA

NOTÍCIAS RELACIONADAS

CNA destaca papel do produtor rural no futuro da agricultura durante o ConBAP 2024
Dólar dispara com notícia de isenção de IR e atinge maior valor da história, aos R$5,9141
Aprosoja MT participa de audiência sobre Pacto de Conformidade Ambiental da Soja (PCAS)
Aprosoja MT participa de audiência sobre Pacto de Conformidade Ambiental da Soja (PCAS)
Produtores rurais ganham direito à isenção de IPI na compra de veículos
Líder mundial no uso de defensivos biológicos, Brasil precisa aprovar projeto de bioinsumos
undefined