Reserva de recursos da Petrobras só poderá ser usada para dividendos, diz CFO
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) -A proposta da Petrobras para a criação de uma reserva de remuneração do capital, aprovada pelo conselho e anunciada na véspera, tem como objetivo garantir recursos unicamente para o pagamento de dividendos, afirmou à Reuters o CFO Sergio Caetano Leite nesta terça-feira.
A ideia, segundo o executivo, visa um aprimoramento da governança da companhia, garantindo que os acionistas recebam seus dividendos de acordo com o que prevê as regras atuais da petroleira, "aconteça o que acontecer". A proposta será deliberada em assembleia de acionistas a ser convocada oportunamente.
"Essa reserva que a gente está propondo que seja criada é para a equalização de pagamento de dividendos, então, se ela for criada e se o Conselho de Administração, os acionistas deliberarem, em caso de haver caixa extra colocar algum recurso nessa reserva, só poderá ser usado para pagamento de dividendo", frisou Leite.
As explicações vêm após as ações da companhia terem despencado mais de 6% na véspera, em meio a temores de investidores de que a reserva poderia abrigar eventuais recursos excedentes de caixa para depois direcioná-los para novos investimentos, reduzindo assim as perspectivas de dividendos extras.
Após a publicação da reportagem da Reuters, as ações preferenciais da companhia ampliaram ganhos, marcando novas máximas da sessão.
A ideia é que a criação da reserva, que já era discutida há alguns anos na Petrobras, traga mais segurança para o pagamento de dividendos, em cenários de eventual descasamento entre caixa e lucro, em meio a perspectivas de crescimento da empresa e incertezas globais, como oscilações de preços do petróleo e impactos da guerra na indústria, disse Leite.
Ele disse ainda que "não foi tomada nenhuma decisão se a Petrobras vai pagar ou não dividendo extra".
"Isso vai acontecer no tempo correto, lá próximo do fim do exercício, na altura em que o CA avalia as contas e eles vão deliberar e propor à assembleia de acionistas o pagamento ou não de dividendos extras, se tiver caixa para isso", afirmou.
O diretor disse não ter previsto o impacto da notícia no mercado na véspera.
Leite detalhou ainda que, caso a proposta seja aprovada em assembleia, não haverá a criação de um valor definido para a reserva e sim de um percentual máximo permitido do lucro líquido a ser direcionado, provavelmente no mesmo nível utilizado por empresas congêneres.
Os percentuais efetivos, por sua vez, serão deliberados pelo conselho e por acionistas conforme for definido.
O executivo evitou prever números, mas afirmou que há empresas que definem como teto máximo de 50% a 80% do lucro líquido para reserva de remuneração do capital.
(Por Marta Nogueira; edição de Roberto Samora)