Dólar sobe com aversão a risco global após ataque a hospital em Gaza
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar subia ligeiramente frente ao real nesta quarta-feira, uma vez que dados mais fortes do que o esperado da China eram compensados pela aversão a risco global após um ataque a hospital em Gaza que matou centenas de palestinos e elevou as tensões no Oriente Médio.
Às 10:10 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,14%, a 5,0424 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,03%, a 5,0510 reais.
"Os mercados estão operando em baixa hoje em meio à alta do petróleo e aumento das tensões geopolíticas após a explosão de um hospital em Gaza", disse a Guide Investimentos em relatório a clientes, chamando a atenção para temores de envolvimento do Irã no conflito entre Israel e Hamas.
Segundo autoridades palestinas, um ataque ao hospital Al-Ahli al-Arabi na terça-feira matou mais de 500 pessoas.
O ataque aos civis -- que autoridades locais de Gaza atribuíram a Israel -- complicou a viagem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à região, e pode minar os esforços para conter o conflito. Biden chegou a Israel nesta quarta-feira apoiando a versão de que a explosão do hospital foi causada por militantes palestinos, enquanto líderes árabes cancelaram uma cúpula planejada com o presidente norte-americano.
"Além do conflito, os 'yields' (rendimentos dos títulos) seguem subindo, tirando a atratividade dos ativos de risco", avaliou Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da Stonex.
Os retornos dos títulos das principais economias avançavam nesta terça-feira, depois que dados de inflação recentes mais fortes do que o esperado do Reino Unido e dos Estados Unidos elevaram as apostas em juros globais mais altos por mais tempo.
Por outro lado, oferecendo algum suporte ao real, dados mostraram nesta quarta-feira que a economia da China cresceu em um ritmo mais rápido do que o esperado no terceiro trimestre. Enquanto isso, o consumo e a atividade industrial em setembro também surpreenderam positivamente, sugerindo que a recente tomada de medidas por Pequim está ajudando a reforçar uma tentativa de recuperação.
A China é a principal parceira comercial do Brasil, de forma que surpresas econômicas positivas por lá costumam beneficiar o real.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0351 reais na venda, em leve baixa de 0,04%.
(Edição de Alberto Alerigi Jr. e Pedro Fonseca)