Commodities despencam nesta 4ª feira, lideradas pelo petróleo, de olho na desaceleração da economia global

Publicado em 04/01/2023 17:36

As commodities caíram expressivamente e de forma generalizada nesta quarta-feira (4) nas bolsas internacionais lideradas pelo petróleo, que vai caminhando para fechar o dia com perdas de mais de 5% no WTI - que chega aos US$ 72,93 por barril - enquanto o brent testa os US$ 77,91. Na Bolsa de Chicago, os futuros do trigo perderam mais de 3% somente nesta sessão, o milho mais de 2% e ambos pesaram sobre a soja, que terminou a quarta-feira recuando 0,50%. Entre os derivados, baixa de 0,3% no farelo e de 0,6% no óleo. 

"Os fundos entraram vendendo pesadamente. Os fundos comerciais saíram em disparada vendendo trigo, o que levou o milho e a soja, que trabalhava em alta pela manhã, passou a cair, com influência forte do macrocenário", explicou o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa. No link abaixo, veja a íntegra de sua entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quarta:

O dia foi de intensa aversão ao risco, pesando sobre todos os ativos, além das commodities. No entanto, alguns deles conseguiram se recuperar, como os índices acionários europeus e americanos. Todos os olhos estão voltados ao futuro da economia global. 

No início da semana, a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional) Kristalina Georgieva, afirmou que 2023 seria um ano ainda mais difícil e desafiador do que 2022, principalmente pela desaceleração conjunta dos três principais motores da economia mundial: Estados Unidos, China e a União Europeia. 

Kristalina Georgieva - Diretora-geral do FMI

“Pela primeira vez em 40 anos, o crescimento da China em 2022 provavelmente será igual ou inferior ao crescimento global”, disse Georgieva."Estive na China na semana passada, em uma bolha em uma cidade onde há Covid zero. Mas isso não vai durar quando as pessoas começarem a viajar. Nos próximos meses, será difícil para a China, e o impacto no crescimento chinês será negativo, o impacto na região será negativo, o impacto no crescimento global será negativo", disse ela em entrevista a agências internacionais.

Os temores de uma recessão econômica mundial já eram bastante latentes no final do ano passado e foram carregados, naturalmente, para o início de 2023. Segundo a agência de notícias Bloomberg, os alertas de que até 25 mil pessoas poderiam morrer de Covid na China, em janeiro, pesaram severamente sobre as estimativas e projeções para a economia do país, em especial depois de oficializado o relaxamento das medidas de combate ao vírus em dezembro do ano passado. 

"A desconexão entre como ativos prospectivos, como ações de energia, anteciparam uma recuperação da China que não se traduz em força imediata para o petróleo, pois há muito risco de curto prazo para a demanda antes de vermos a recuperação acontecer”, disse Rebecca Babin, trader sênior de energia. na CIBC Private Wealth Management à Bloomberg.

Gráfico: Bloomberg

Além do petróleo, outro assunto que muito repercutiu entre os traders e investidores foram as especulações sobre as próximas ações do Federal Reserve - o banco central norte-americano - sobretudo sobre a taxa básica de juros no país. "Nos EUA, o ISM das indústrias caiu forte. Há vários inficadores já mostrando um grande estrago. Será que isso vai convencer o Fed? Vai depender da sexta-feira. Os dados do mercado de trabalho nos EUA serão atentamente acompanhados. A evolução dos salários continua muito forte, esse é o principal dado", explicou o time da Agrinvest Commodities. 

Assim, nesta quarta, além das expectativas do que vem adiante, os mercados estiveram atentos à divulgação das atas das últimas reuniões do  FOMC - uma espécia de COPOM do Federal Reserve - sinalizando que a instituição apoia taxas mais altas para enfrentar a inflação "inaceitavelmente alta" nos Estados Unidos.

"Os participantes geralmente observaram que manter uma política restritiva por um período sustentado até que a inflação esteja claramente em um caminho para 2% é apropriado do ponto de vista de gerenciamento de risco", mostraram as atas do Fed.

Na reunião de dezembro, as autoridades norte-americanas do banco central definiram uma taxa média de 5,1% para 2023, contra a projeção anterior de 4,6%. 

De acordo com o portal Investing, mais cedo nesta quarta, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que, embora haja sinais de redução da inflação, o Fed ainda tem mais trabalho a fazer. "Será apropriado continuar a aumentar as taxas pelo menos nas próximas reuniões até que estejamos confiantes de que a inflação atingiu o pico", disse Kashkari, prevendo uma pausa do Fed em cerca de 5,4%. 

Dessa forma, frente a uma combinação de fatores nesta quarta-feira, "o índice de commodities da Bloomberg perde um suporte bem importante, com os fundos de índice batendo em retirada", complementou a Agrinvest. 

NO BRASIL

No Brasil, depois de uma disparada inicial do dólar, viu o dia findar com o a moeda americana estável - subindo apenas 0,01% e valendo R$ 5,45 - depois de alguns acenos do governo Lula. Ainda assim, os caminhos que estão sendo definidos pela equipe econômica - em especial sobre o teto de gastos e o equilíbrio fiscal - mantêm os investidores ainda muito temerosos. 

"Segundo investidores, deu suporte à estabilização do real nesta quarta-feira a declaração do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que não há nenhuma proposta sendo pensada nesse momento para revisão de reformas, incluindo a previdenciária. Além de Costa, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que se reuniu mais cedo nesta quarta com Lula, também repetiu a negativa em relação à Previdência", informou a agência de notícias Reuters.


 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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