Sindirações divulga prévia do setor de Alimentação Animal com crescimento estimado em 1,5% no ano

Publicado em 29/08/2022 14:05
Cenário aponta menor ritmo de crescimento devido aos insumos mais caros e varejo resiliente, que prejudicam a produção pecuária

O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) divulga a prévia do setor de alimentação animal, com crescimento próximo a 1,5% até o final do ano. Os resultados apurados até agora revelam um ritmo mais conservador do que a previsão divulgada ainda no final de 2021, que apontava a produção de 88 milhões de toneladas de rações e suplementos minerais e expectativa de aumento na ordem de 3,5% nesse ano corrente.

*Estimativa; **Previsão

Fonte: Sindirações

 

ANÁLISE SETORIAL, Por Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações

Nos últimos dois anos, diante da pandemia da Covid-19, o cenário de incertezas não só atingiu a saúde da população, mas também a economia global nos mais diversos setores. Hoje em dia, mesmo com a vacinação e diminuição do número de casos da doença, muitos segmentos continuam enfrentar dificuldades na retomada das atividades e remissão do prejuízo resultante.

A produção de rações, concentrados e sal mineral durante o primeiro semestre seguiu aquém daquela quantidade esperada, circunstância atribuída principalmente ao arrefecimento da demanda da cadeia produtiva de proteína animal (ovos e leite principalmente), bastante prejudicada por esse novo patamar de preço do milho, do farelo de soja e outros macro ingredientes da alimentação das poedeiras e vacas leiteiras, além da impossibilidade de repassar integralmente esse custo adicional, já que o preço pago ao produtor melhorou um pouco apenas mais recentemente.

Adicionalmente, a importação dos aditivos (vitaminas, enzimas, aminoácidos, etc.), sofreu com a excessiva desvalorização cambial e a interrupção do trânsito de mercadorias, por conta da escassez de contêineres e custo proibitivo do frete para movimentação das cargas. Antes da pandemia, em janeiro de 2020, um container de vitaminas da China para o Brasil custava em média US$ 2 mil, enquanto no segundo semestre de 2021 aumentava até 7 vezes e em abril deste ano, alcançava US$ 12,5 mil.

O cenário continua agravado por causa do compromisso chinês, firmado na COP para transição da sua matriz fóssil para renovável e, a política sanitária de “Covid Zero” que subtraíram, respectivamente, energia e mão de obra nas linhas de produção daquelas fábricas. Afora o recente registro do interesse deles pelo milho e farelo de soja brasileiros que pode hipoteticamente fomentar alguma especulação, muito embora a tendência, desde julho, é de alívio em consequência da generosa segunda safra que, somada à primeira, deve redundar na colheita de aproximadamente 115 milhões de toneladas de milho.

Mais recentemente, a invasão Russa na Ucrânia com interrupção nos arredores do Mar Negro, acionou o sinal de alerta da insegurança alimentar, uma vez que a Rússia e a Ucrânia representam 30% da produção do trigo e do milho transacionados pelo mundo, gerando assim um grande desafio para a logística e o sistema de compensações financeiras.

Importante, contudo, ressaltar a vocação dos agropecuaristas brasileiros na solução dos desafios, na defesa das relações comerciais através da singular competitividade nacional e no flagrante entusiasmo, que mesmo diante do atual cenário adverso, continua empregar tanta tecnologia capaz de assegurar invejáveis índices zootécnicos e simultaneamente mitigar as indesejáveis emissões dos gases do efeito estufa e assim, contribuir com a segurança alimentar e o desaquecimento global.

 

Fonte: CEPEA, Adaptado Sindirações

 

AVICULTURA DE CORTE

A demanda de rações para frangos de corte de janeiro a junho alcançou 17,9 milhões de toneladas e retrocedeu pouco mais de 3% em resposta ao menor ritmo de alojamento de pintainhos. A previsão é produzir 35,8 milhões de toneladas ao longo de 2022 e ainda avançar 1%.

 

PRODUÇÃO PINTOS DE CORTE

(milhões cabeças)

Fonte: Avisite, elaborado Sindirações

 

AVICULTURA DE POSTURA

A produção de rações para poedeiras durante o primeiro semestre somou quase 3,4 milhões de toneladas, um recuo de mais de 6%, quando comparado ao mesmo período do ano passado. A tendência de maior alojamento das poedeiras em produção durante o segundo semestre pode até redundar na produção de 6,9 milhões de toneladas e amenizar o retrocesso para o nível de 4% ao longo de 2022.

 

POEDEIRAS EM PRODUÇÃO

(milhões cabeças)

 

Fonte: ABPA, Elaborado Sindirações

 

SUINOCULTURA

O abate de suínos durante o primeiro semestre superou aquele contabilizado no ano passado. Em resposta, a demanda de rações avançou 6,5% e atingiu 9,6 milhões de toneladas. Apesar do descompasso entre o custo de produção e o preço pago/kg vivo ao produtor, é possível alcançar durante todo o ano de 2022, cerca de 20,5 milhões de toneladas de rações para suínos e ainda avançar 4% em relação ao que foi produzido em 2021.

 

ABATES DE SUÍNOS

(milhões de cabeças)

 

Fonte: IBGE, Adaptado Sindirações

 

BOVINOCULTURA DE LEITE

O custo de produção para os produtores de leite e a fraca demanda por lácteos no varejo determinaram razoável retrocesso na atividade durante o primeiro semestre, circunstância que redundou na produção de pouco mais de 2,6 milhões de toneladas de rações. A hipotética melhora nas pastagens, no preço dos grãos, no incentivo ao poder de compra do consumidor, e principalmente no preço do leite pago ao produtor, pode redundar na demanda de 6,2 milhões de toneladas de rações, montante ainda 3% menor quando comparado àquele produzido em todo ano passado.

 

VARIAÇÃO ÍNDICES LEITE

(agosto/21 base 100)

 

BOVINOCULTURA DE CORTE

A produção de carne bovina durante o primeiro semestre continuou estimulada pela expedição aos clientes estrangeiros, enquanto prevalecem baixas perspectivas de avanço na demanda doméstica por conta da fragilidade econômica dos consumidores.

De janeiro a junho foram produzidas 2,35 milhões de toneladas de rações para bovinos de corte e, somado ao previsto para o segundo semestre, pode resultar no montante de 5,9 milhões de toneladas, ou seja, um avanço de 3% durante o ano de 2022.

 

VARIAÇÃO ÍNDICES PREÇOS

(junho/21 base 100)

 

Fonte: CEPEA, Adaptado Sindirações

 

AQUACULTURA

Acompanhando o ritmo da atividade da aquacultura industrial instalada, a produção de rações para peixes e camarões somou 740 mil toneladas durante o primeiro semestre, enquanto a expectativa em todo o ano de 2022, é de avançar 2,5% e contabilizar algo em torno de 1,5 milhão de toneladas de rações.

 

CONSUMO REGIONAL RAÇÃO AQUACULTURA

(baseado na produção peixes e camarões)

 Fonte: Sindirações

Fonte: Sindirações

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Proposta simplifica processo para regularizar propriedades rurais em faixas de fronteira
Água pode virar nova frente em negociações comerciais do México com os EUA
Comércio entre EUA e China pode diminuir em até 80%, diz OMC
CORREÇÃO-Wall Street salta após Trump anunciar pausa de 90 dias para tarifas
Trump reduz temporariamente tarifas para maioria dos países, mas as eleva para China
Trump eleva novamente tarifas sobre China e parece fazer uma pausa para outros países
undefined