Aplicações com drone rendem até 12 hectares por hora e representam um novo mercado no meio Agro
A abrangência do uso de drones pode ser bem maior do que se imagina e, na agricultura, esses equipamentos vêm se destacando e sinalizando um grande potencial de uso. Das 80 mil aeronaves não tripuladas cadastradas em 2021 pela ANAC, a Agência Nacional de Aviação Civil, 1,87% eram destinadas para a agricultura em solo brasileiro. Ferramentas importantes na pulverização e no monitoramento das lavouras, os drones garantem rapidez e precisão nas operações agrícolas. Para se ter uma ideia, um equipamento como esse é capaz de cobrir 12 hectares em uma hora de operação, produção semelhante à de um pulverizador tratorizado de arrasto com tanque de 600 litros. Além de uma grande economia de água para a cobertura da área, há também melhoria na eficácia da pulverização de até 30% mais que a dos tratorizados de arrasto.
Andrea de Figueiredo, diretora de Marketing e Desenvolvimento Técnico da Agrocete, multinacional brasileira que desenvolve adjuvantes agrícolas, reforça que a rapidez vem aliada à precisão, o que é fundamental para o produtor. “Esse tipo de equipamento consegue entregar os insumos de forma bem dirigida e precisa nas plantas. É o que chamamos de efeito downwash, que direciona o produto para baixo, parecido com o de um helicóptero. O volume de calda de um drone é baixíssimo (10-15L/ha), desta forma, a quantidade de solvente (água) é muito menor que em uma aplicação terrestre que temos em média 80-100L/ha.” A representante da Agrocete ressalta também que nos drones não há agitadores como nos pulverizadores terrestres, sendo imprescindível que a calda esteja homogênea e com boa fluidez ao longo do processo de pulverização para otimizar o rendimento operacional do equipamento.
Os drones atuam muito bem como pulverizadores em culturas diversas, como soja, café, milho, eucalipto e até em frutas, como a laranja. Testes feitos numa plantação de batata, pela empresa Agrifoto, com sede em Curitiba/PR, especializada na aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes por meio de drones, apontam um desempenho superior dos produtos. Humberto Gabardo, engenheiro agrônomo e um dos responsáveis pela Agrifoto, elenca muitos benefícios, dentre eles o fato de utilizar um volume ultrabaixo de produto. “Conseguimos diminuir as gotas e a deriva e isso, sem dúvidas, é um ganho enorme durante a aplicação”, explica.
Os benefícios são tantos que já se registra uma tendência de aumento na procura por esses produtos, refletindo o potencial brasileiro para a ampliação do uso de drones na agricultura, o que já é uma realidade em outros países. “Aqui na Agrocete, a previsão é encerrar 2022 com um crescimento de 65% nas vendas dos produtos que compõem a linha de adjuvantes GRAP DAT (DAT = Drone Application Technology), específica para a aplicação com drones. Ela foi lançada em 2020, já com excelente aceitação. Percebemos que o produtor busca cada vez mais alternativas que garantam maior produtividade e eficiência, estando cada vez mais aberto a novas tecnologias”, afirma a diretora.
Desde o lançamento da linha GRAP DAT, a Agrocete vem registrando bons resultados junto às instituições de pesquisas, como a 3M estação experimental, de Ponta Grossa/PR, em que foi analisado o controle de plantas daninhas, que causam forte impacto na redução da produtividade do trigo e de outras lavouras. “Nesse caso, obtivemos melhor controle de daninhas, como Azevém, Nabo e Aveia-preta, com a aplicação do GRAP TECH e do GRAP TECH NR, no trigo, quando comparado à aplicação sem o uso de adjuvantes. É muito interessante ver também que o tratamento sem nenhum controle das daninhas teve uma produtividade 65% inferior ao melhor controle. Ou seja, sem um manejo adequado, que permita o bom desenvolvimento das lavouras, a produtividade de grãos seria de menos da metade, exigindo maior área cultivada para a colheita de uma mesma quantidade de alimento”, reforça Andrea.
O desenvolvimento de adjuvantes especialmente voltados para a aplicação por meio de drones, portanto, direcionados para garantir o melhor desempenho do equipamento, além da vida útil do drone é uma nova necessidade do mercado agrícola, que não existia alguns anos atrás. Essa tese é reforçada por Willem Dijkinga, responsável pela empresa Flying Dutch também especializada na pulverização por meio de drones, com sede em Carambeí/PR. Para ele, a otimização do trabalho é o benefício mais evidente do GRAP SWIFT, produto destinado à limpeza e desinfecção desse tipo de equipamento. “O fato de não precisarmos desmontar o equipamento para limpar permite um ganho de tempo grande entre uma aplicação e outra e a certeza de que o equipamento estará seguro, sem a necessidade de uma manutenção mais direcionada”, explica.
Tendência mundial
O uso de drones na agricultura é uma realidade mundial. Na China, os drones não apenas fazem parte da rotina do agro como foram responsáveis por ajudar a garantir a produtividade das lavouras diante de uma população crescente, mais velha e dependente de alimentos. Estima-se que o país tenha cerca de 100 mil drones voltados para a agricultura de forma estratégica. No Brasil, embora o uso ainda seja tímido, o mercado trabalha com otimismo na ampliação desse sistema e, por isso, investimentos voltados para essa área são externamente bem-vindos. “Estamos trabalhando para trazer novidades na área de tecnologia de aplicação voltadas aos drones”, explica Andrea.