Mapa diz que houve embarque de fertilizante russo ao Brasil hoje, apesar de anúncio de suspensão
O Brasil registrou embarque de carga de fertilizante nesta sexta-feira (04) pela empresa russa Acron, segundo nota enviada ao Notícias Agrícolas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apesar da recomendação de suspensão temporária das exportações do produto pelos produtores da Rússia pelo Ministério do Comércio e Indústria do país.
Diante desse registro, o Mapa reitera que o Brasil ainda não sente os reflexos da recomendação de suspensão temporária de exportação de fertilizantes russos, apesar do posicionamento estrangeiro. O ministério não informou o tamanho da carga enviada ao Brasil, os compradores e nem a previsão de quando o lote deve chegar.
“Sobre a notícia de suspensão das exportações russas de fertilizante, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esclarece que se trata de uma recomendação do governo russo que, à princípio, não está afetando ainda o comércio de fertilizantes para o Brasil. O Mapa recebeu a informação de embarque de fertilizantes, ocorrido hoje (04/03), da empresa russa Acron para o Brasil”, disse a pasta em nota.
A Acron é a principal produtora de fertilizantes complexos verticalmente integrados da Rússia, segundo o site institucional da empresa. De NPK (Nitrogênio-N, Fósforo-P e Potássio-K), a companhia russa é uma das dez principais líderes globais em termos de capacidade de produção do produto.
A Acron, inclusive, negocia no Brasil com a Petrobras a compra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3, polo de fertilizantes da companhia brasileira na cidade de Três Lagoas (MS).
Durante esta sexta-feira, a Rússia informou, através do seu Ministério do Comércio e Indústria, que estava recomendando aos seus produtores locais a suspensão temporária das exportações de fertilizantes, mas que o produto estava garantido para os produtores rurais locais. O Notícias Agrícolas confirmou a decisão através do site da pasta russa.
“Levando em conta a situação atual com o trabalho dos operadores logísticos estrangeiros e os riscos associados a eles, o Ministério da Indústria e Comércio da Rússia foi obrigado a recomendar aos fabricantes russos que suspendam temporariamente o envio de fertilizantes russos para exportação até que os transportadores retomem o ritmo de trabalho e forneçam garantias para a implementação completa das entregas de exportação de fertilizantes russos”, disse a nota russa.
A pasta não detalha que a recomendação está ligada com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia que já dura mais de uma semana, apenas aponta os impactos logísticos para as entregas ao mundo, além de redução na produção desses produtos.
Atualmente, o Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% deste volume e é o maior importador mundial. O Brasil importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. A Rússia é responsável por fornecer cerca de 25% dos fertilizantes para o Brasil. Belarus também tem destaque.
A Rússia é a maior exportadora mundial de fertilizantes, com praticamente US$ 7,0 bilhões exportados em 2020. É também a maior fornecedora do Brasil, com US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões que importamos (2020).
Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, segundo dados da Conab.