Estiagem castiga agronegócio catarinense
A falta de chuva segue castigando fortemente o agronegócio em Santa Catarina. Conforme relatório divulgado nessa semana pela Epagri/Ciram, a previsão para os próximos dias é de sol, calor e pouca chuva no Estado, o que mantém a situação crítica no grande oeste. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo, está preocupado com a situação que afeta vários segmentos e penaliza de forma crítica a produção de leite.
“Não temos mais pastagens. Os produtores não conseguiram guardar alimentos de silagem em função da seca do início do ano e em razão do ataque da cigarrinha. O setor que mais sofre neste momento é o de gado leiteiro no oeste catarinense com queda significativa na produção, que já chegou a aproximadamente 40%”, completa o vice-presidente da entidade, Enori Barbieri.
Segundo ele, os setores de aves e suínos aparecem em segundo lugar entre os segmentos afetados de forma crítica pela estiagem. “Isso porque há falta de água nos criatórios e, no momento, mais da metade vem sendo abastecido por caminhões-pipa. Muitas vezes, não há nem tempo hábil para o tratamento adequado dessa água”.
Outro setor afetado é o milho plantado na resteva para fazer silagem. Barbieri explica que, normalmente, o produtor que colheu soja ou milho, plantou milho novamente com o objetivo de ter uma safrinha especialmente para fazer silagem aos animais, mas essas lavouras estagnaram e não estão produzindo.
A área plantada de milho comercial em Santa Catarina foi de 330 mil hectares. Já, a área de milho-silagem (aquele que é consumido na propriedade) foi 220 mil hectares, um total aproximado de 550 mil hectares de área plantada entre os dois. A previsão estimada de colheita era de aproximadamente 2 milhões e 800 mil toneladas de milho comercial.Com a quebra provocada pela seca e pela cigarrinha, acreditamos que colheremos apenas um volume de um milhão e 500 mil toneladas”.
Barbieri destaca que o prejuízo na avicultura está vinculado à falta de milho provocada pelo impacto na produção e pela dificuldade em comprar o produto disponível no mercado brasileiro para alimentar os frangos. “O preço subiu muito e está faltando produto físico. Os produtores de aves estão diminuindo a produção neste mês de maio por falta do grão e aguardam, a partir de junho, o milho-safrinha brasileiro. Enquanto esperam, algumas empresas já importaram navios de trigo da Argentina para ajudar a produzir ração para frango e suíno, visando reduzir o consumo do milho”.
Barbieri realça que o Estado precisa de 7 milhões de toneladas de milho para sustentar o parque agroindustrial de produção de suínos, aves e leite. “Precisaremos importar 5 milhões e 500 mil toneladas de milho de outros estados e de outros países. Essa deficiência neste ano é recorde. No ano passado importamos 4 milhões de toneladas”, observou.
O vice-presidente da Faesc ressalta, ainda, que o feijão de safrinha, que é uma cultura rápida com duração de 90 a 100 dias, também foi atingido. “Além da seca, algumas regiões do grande oeste ainda tiveram geadas que afetaram a produção do grão. E por último, as pastagens de inverno, o próprio trigo, aveia e azevém, foram culturas impactadas, pois iniciariam o plantio em maio e junho. Infelizmente, isso não será possível em função da falta de umidade do solo”, assinala Barbieri.
O QUE FAZER?
Desde o início do ano, a Secretaria de Estado da Agricultura de Santa Catarina tem vários projetos de auxílio aos produtores rurais em andamento. A medida conta com subsídio do Governo Estadual para cisternas, poços artesianos e outras operações com juro zero para reduzir os impactos da seca. A orientação da Faesc é que os produtores rurais procurem o escritório da Epagri mais próximo para obter informações e usufruir desse benefício.