Chuvas continuam chegando a Mato Grosso e prefeitura da Sorriso decreta estado de emergência
A Prefeitura Municipal de Sorriso, no Mato Grosso, decretou estado de emergência na cidade nesta quinta-feira (11). As chuvas constantes e volumosas têm causado inúmeros estragos e prejuízos à produção local, além de comprometer a logística e o escoamento da safra, o que deixos os produtores locais bastante ansiosos pela medida.
A Aprosoja MT ao lado do Sindicato Rural de Sorriso trabalharam juntos, na coleta de dados, informações e imagens que pudessem comprovar os problemas.
Assim, consta no decreto:
"(...) Considerando que conforme dados da Aprosoja – Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, a colheita da soja safra 2020/2021 apresenta um atraso de 25% em relação ao ano anterior, em decorrência da irregularidade das condições climáticas que começaram já no início do plantio, sendo que, segundo informações do delegado da Aprosoja, o atraso no município de Sorriso - MT ainda é maior, chegando a 32%. Considerando que de acordo com dados pluviométricos, observa-se no pico da colheita um alto volume de precipitação em Sorriso - MT, e que nos últimos 45 dias, acumulou média demais de 800 milímetros, situação que ocasiona prejuízos aos produtos e consequentemente a economia local (...) Art. 1 0. Fica declarada SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA nas áreas do município contidas no Formulário de Informações do Desastre — FIDE e demais documentos anexos a este Decreto, em virtude do desastre classificado e codificado como CHUVAS INTENSAS COBRADE 1.3.2.1.4 conforme IN/MI 36/2020".
Abaixo, veja o documento na íntegra:
A Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Mato Grosso (Sama) também organizou um relatório técnico de danos causados pela chuva para a agricultura familiar na temporada 2020/21. Entre os setores mais afetados estão horticultura, piscicultura, produção de frango capiria e leite. O boletim também fala dos estragos nas estradas e na impossibilidade do escoamento de todos estes produtos.
"Existe uma estimativa de prejuízos para os agricultores que participam das feiras no valor de R$ 45.000,00 por feira, ou seja, no período de 6 semanas R$ 270.000,00 com as feiras. Existem os relatos que diversos supermercados da cidade deixaram de comercializar hortaliças folhosas e produtos vegetais devido à escassez dos produtos. O excesso de chuvas quebrou o ciclo das culturas, ou seja, além de perder o que estava plantado, os agricultores familiares não conseguiram plantar, o que provocará escassez nos mercados por pelo menos 60 dias", informa o relatório da Sama.
COLHEITA DA SOJA
Entre os grãos, não só a colheita da soja preocupa e está bastante atrasada, como o plantio da segunda safra de milho também. As imagens que o Notícias Agrícolas vem divulgando desde a última semana mostram uma grande quantidade de grãos avariados, lavouras perdidas, algumas até abandonadas, a soja brotando no campo e as perdas sendo contabilizadas.
"A colheita de soja segue no estado de Mato Grosso, com 67,20% das áreas concluídas na última sextafeira (05/03/2021). Apesar do notável atraso de 24,27 p.p. em relação à safra anterior, a colheita ultrapassou a faixa mínima dos últimos cinco anos e encontra-se 13,07 p.p. distante da média. Além disso, com o grande volume de chuva observado nas regiões do estado, os produtores estão buscando tirar mais rapidamente os grãos do campo, porém há relatos de maior percentual de grãos avariados ocorrendo, além de altas umidades nas cargas recebidas nas tradings", explica o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) em seu reporte semanal.
Ainda segundo a instituição, o "menor progresso observado dentre as regiões segue com a centro-sul, que aponta 50,42% colhido".
PLANTIO DO MILHO SAFRINHA
Ainda de acordo com informações do Imea, a semeadura da safrinha, obviamente, tem se estendido para março, mesmo que, "de maneira geral, considera-se até o fim de fevereiro como período ideal para o plantio do milho segunda safra em Mato Grosso". São apenas 73,03% de plantio concluído, contra 97,98% do mesmo período do ano passado.
"Desse modo, foi visto que as chuvas continuaram firmes em boa parte do estado e, segundo informantes, os produtores estão divididos entre não semear as áreas totais planejadas, visto que a janela se encontra aproximadamente 30% em atraso ou a possibilidade de “arriscar” o plantio em razão dos altos patamares de preços praticados pelo cereal", explica o boletim do Imea.