Podcast especial sobre os mercados de Cacau e Chocolate estreia amanhã, aqui no site Notícias Agrícolas

Publicado em 24/02/2021 10:39 e atualizado em 24/02/2021 14:55
Setores passam por modernização revolucionária, muito similar ao de cafés especiais

O setor de cacau está passando por um revolução de mercado, muito similar ao que aconteceu com o setor de cafés especiais há alguns anos atrás. A cacauicultura brasileira, que sofreu com grandes perdas devido à doença vassoura de bruxa, vem se reinventando para conquistar novos mercados e dessa forma competir com o mercado internacional.

Nesse contexto, os termos "bean to bar" (do grão à barra) e "tree to bar" (da árvore à barra) se tornaram duas grandes vertentes de marketing que demonstram essa evolução. Assim como no café, o estímulo do "faça você mesmo" tem trazido novos interesses para o mercado de cacau e também novos olhares para o setor de chocolates.

O objetivo do podcast "Do Grão à Barra", que estreia amanhã (25/02) aqui no site Notícias Agrícolas, é mostrar as histórias por trás desses avanços e assim, mostrar também como os produtores de cacau e o setor de chocolates está crescendo no Brasil. A cacauicultura brasileira é recheada de histórias de conquistas coletivas, de avanços sociais e de crescimento em busca pela sustentabilidade, já que o cacau é uma planta nativa da Amazônia e pode representar o Brasil em pautas relacionadas ao agronegócio ambientalista.

Mapa com a produção mundial de Cacau - Arte: AIPC

História do cacau no Brasil até a vassoura de bruxa

O cacau tem sua origem nas Américas do Sul e Central, sendo amplamento consumido pelos povos Maia e Asteca, que consideravam o fruto como uma dádiva divina. Esses povos, além de produzir uma bebida chamada xocatl, utilizavam o cacau como moeda de troca.

No Brasil, os primeiros cultivos de cacau ocorreram na Bahia e o fruto se tornou o principal produto de exportação do estado. O sistema produtivo baiano era de mata cabrucada, com o plantio do cacau sendo realizado em regiões florestais. Essa prática foi responsável pela preservação ambiental da região, porém, na década de 90, a doença vassoura de bruxa devastou os cultivos, deixando prejuízos que são sentidos até hoje pelo setor.

Vassoura de bruxa no Cacau - Foto: Incaper 

A redução na produção baiana foi drástica e o Brasil deixou de ter representatividade na produção global de cacau, perdendo o posto de principal exportador. Atualmente, a produção nacional não supre nem mesmo o mercado interno, o que acabou abrindo portas para produtos estrangeiros, como chocolates vindos da Europa.

A reação nacional através do "Bean to Bar" e "Tree to Bar"

Com o mercado interno tentando se recuperar e um mercado externo cada vez mais agressivo, os setores de cacau e chocolates tiveram que encontrar meios de se reinventarem e se profissionalizarem. Dessa forma, a expansão produtiva na Bahia, no Pará e em Rondônia abriram novas oportunidades para que o Brasil volte a dominar o mercado global de cacau.

Produtores de cacau encontram novas oportunidades com revolução da cadeia produtiva - Foto: AIPC

Processo que passa por duas modalidades que estão sendo difundidas pelos profissionais chocolateiros são o "bean to bar" e o "tree to bar". Essas duas modalidade integram a cadeia produtiva como um todo, já que o chocolate é valorizado desde sua origem até o produto final. Sendo assim, o "tree to bar" é a oportunidade que o produtor de cacau encontra para fazer seu próprio chocolate da árvore à barra. Enquanto que mestres chocolateiros e chefes de cozinha vão em busca de suas amêndoas em contato direto com esses mesmos produtores, produzindo chocolates que vão do grão à barra.

Grãos torrados de cacau, produto que engloba a técnica "Bean to Bar" - Foto: AIPC

Revolução social

A colheita de cacau é feita manualmente, já que a mecanização desse manejo é dificultada pelo fato de que o cultivo é feito em áreas florestais ou remotas. A distância desses ambientes com centros urbanos e realidades sociais adversas fazem com que o setor produtivo tenha realidades que ainda hoje precisem ser superadas.

No Brasil, é muito comum que comunidades quilombolas e assentamentos se unam para que sejam reconhecidas e tenham representatividade comercial dentro do setor. Enquanto que internacionalmente, principalmente em países africanos, situações análogas a escravidão sejam denunciadas em cortes internacionais.

Apesar das dificuldades, a cacauicultura brasileira tem encontrado seus meios sociais para que os produtores sejam reconhecidos e tenham autonomia produtiva. Dessa forma, as novas técnicas se tornam cada vez mais necessárias para que a cadeia de cacau cresça em igualdade, fazendo do caucau brasileiro um exemplo de sustentabilidade e crescimento coletivo.

Expansão brasileira de chocolates finos e artesanais para competir com o mercado internacional - Foto: AIPC

Por: Ericson Cunha
Fonte: Notícias Agrícolas

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