Abiove reage às críticas de membros do SoS Cerrado
A ABIOVE - Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - recebeu com indignação o conteúdo das cartas enviadas às suas associadas pelo SoS Cerrado - Statement of Support - em que 159 empresas do varejo, indústrias de alimentação e de processamento do continente europeu exigem adoção imediata de políticas de compra com zero de desmatamento na soja originada no Cerrado brasileiro. Entre os signatários, estão organizações amplamente conhecidas no Brasil, tais como Danone, Nestlé, Unilever, Kellogg, Mars, McDonald´s, Carrefour e Casino (Grupo Pão de Açúcar).
Surpreende negativamente a ABIOVE que muitas dessas empresas exijam dos compradores de soja a imposição, sobre os produtores de soja, de uma política de originação com padrões superiores ao exigido pela lei brasileira. Certamente, estas empresas não defenderiam tal pleito se as exigências acima da lei fossem sobre elas impostas.
Na prática, o SoS Cerrado quer impor uma moratória, exigindo que a soja plantada em área desmatada no Cerrado a partir de dezembro de 2020 não seja adquirida pelas associadas à ABIOVE, e que se estabeleça um sistema de controle de origem e fluxo para comprovar a efetividade dessa política.
A ABIOVE vem mantendo o diálogo com o SoS e com o Grupo de Trabalho do Cerrado (GTC) para buscar uma solução equilibrada para redução gradual e eliminação da originação de soja em áreas desmatadas do Cerrado. No entanto, não está nos compromissos da ABIOVE fixar uma data de corte abrupta, que resulte na exclusão de produtores de soja sem que tenham oportunidade para direcionar o crescimento da produção em áreas já consolidadas e voluntariamente optarem pela conservação.
O Mecanismo de Conservação do Cerrado, proposto pela ABIOVE e desenvolvido pelo GTC, que visa remunerar os produtores de soja pelo não desmatamento, teve adesão de apenas três das 159 signatárias do SoS Cerrado.
A expansão da soja produzida no Cerrado é monitorada e controlada pela ABIOVE e suas associadas. Relatório publicado em 2020 mostra que a pegada de desmatamento da expansão da soja no Cerrado está caindo e é atualmente muito baixa. De uma expansão de 5 milhões de hectares na área plantada de soja da safra 2013/14 até 2018/19, apenas 7% foi em área desmatada.
Individualmente, as associadas à ABIOVE possuem sistemas de controle de origem da soja, fazenda a fazenda, e monitoram o volume originado em municípios onde há desmatamento. As empresas também certificam a soja adquirida e possuem políticas restritas de compra para garantir que a produção não esteja em desacordo com a legislação brasileira ambiental e trabalhista.