Mato Grosso é o estado que mais busca financiamento do Programa ABC
O presidente em exercício do Sistema Famato Francisco Olavo Pugliesi de Castro foi um dos convidados da live do Conexão Brasília, dia 17 de novembro, que abordou o tema “Depois de quase 10 anos, quais os resultados do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) na recuperação de pastagens degradadas?”. A transmissão foi feita nas redes sociais do Canal Rural.
O Plano ABC é uma política nacional focada em estimular a agricultura sustentável com baixa emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. A iniciativa foi lançada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 15), que aconteceu em dezembro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.
Em um balanço feito pela diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura (Mapa), Mariane Crespolini, foram recuperados 32 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2018, das quais 10 milhões estão em ótimas condições. Os dados referentes ao ano de 2019 ainda não foram computados, porém a diretora avalia que a meta de 15 milhões de hectares estipulada há uma década foi cumprida.
Mato Grosso foi destaque por ser o estado que mais buscou financiamento do Programa ABC no ano Safra atual, com R$ 163 milhões acessados de julho a setembro deste ano. Ao todo, a liberação de crédito atingiu R$ 1,068 bilhão no período, o que representa 36,8% a mais do que o intervalo de julho a setembro de 2019.
Para Francisco de Castro o Programa ABC é uma importante ferramenta na tomada de crédito aliada ao investimento feito pelo produtor rural. Segundo ele, o produtor está ciente de que as práticas sustentáveis são exigências necessárias para o mercado agropecuário. “Essa agropecuária de baixo carbono é uma obrigação mundial. O produtor já percebeu a necessidade de utilizar práticas sustentáveis, tecnologias e de se apresentar melhor ambientalmente para o mundo que está cada vez mais exigente”, pontuou.
Para o presidente em exercício, o pecuarista está ainda mais profissional e “antenado” às novas tecnologias. “O produtor que não se profissionalizar não vai permanecer no mercado. A tendência daqui para frente é ter que usar todas as ferramentas e tecnologias especialmente desenvolvidas para o setor”, acrescentou.
De acordo com a diretora executiva da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Daniella Bueno, em Mato Grosso os pecuaristas estão produzindo mais usando área menor. Em 2009, por exemplo, Mato Grosso tinha um rebanho de 26 milhões de cabeças de gado em 25 milhões de hectares. Dez anos depois, esse rebanho subiu para 30 milhões de cabeças em uma área de 24 milhões de hectares.
Francisco destacou questões importantes em relação às burocracias na contratação de crédito e citou um dos principais gargalos já enfrentados pelos pecuaristas: a falta de profissionais capacitados para a elaboração dos projetos técnicos exigidos pelos agentes financeiros. Essa limitação induzia os produtores rurais a buscarem outras fontes de recursos.
Para resolver esse gargalo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) montou uma força tarefa: “A Famato esteve envolvida nas ações da Superintendência do Mapa em Mato Grosso, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Banco do Brasil e a Embrapa. Juntos, realizamos várias capacitações em Cuiabá e nos municípios polos do estado com o intuito de mudar esse cenário”, contou Castro. Na avaliação dele, as burocracias ainda não foram totalmente resolvidas, entretanto já tiveram vários avanços, como a capacitação dos projetistas.
Francisco disse que os 93 sindicatos rurais ligados ao Sistema Famato estão aptos a orientar os produtores sobre a adesão ao Plano ABC. “Assim como os sindicatos, temos um Núcleo Técnico na Famato, formado por técnicos capacitados para atender e esclarecer as dúvidas dos produtores rurais”, apontou Francisco.