Hortifruti Brasil: no setor de hortifruti, elas têm a força!
O Censo Agropecuário de 2017, do IBGE, revela que o número de estabelecimentos agrícolas administrados por mulheres cresceu 38% nos últimos 12 anos (2006 a 2017). Ainda que, aos poucos, as diferenças estejam diminuindo, o ambiente agrícola continua liderado pelo público masculino.
A matéria de capa da revista Hortifruti Brasil, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, dentro da agricultura, o setor hortifrutícola é o primeiro tanto em número de líderes rurais quanto em ocupação da mão de obra feminina. E, mais especificamente no setor de frutas, a atuação da mulher é bastante significativa. Um exemplo disso é a produção de uva no Vale do São Francisco (Petrolina-PE e Juazeiro-BA), na qual a maioria da mão de obra é feminina. De acordo com o Censo Agropecuário, em 2006, as mulheres representavam 42% da mão de obra total na viticultura, crescendo para 50% em 2017.
Entrevistadas pela Hortifruti Brasil relataram que a maior parte dos tratos culturais e do manejo (como raleio, poda, colheita, lavagem, seleção e embalagem) envolvendo a uva de mesa é manual. Esse contexto e o fato de a fruta ser bastante destinada à exportação (um mercado exigente) acabam demandando um trabalhador mais cuidadoso e detalhista, função muito bem desempenhada por mulheres – o que, inclusive, resulta em diminuição das perdas.
É fato que as mulheres estão cada vez mais valorizadas, mas ainda enfrentam dificuldades. A remuneração das mulheres ainda é inferior à dos homens (apesar da redução da disparidade nos últimos quatro anos) e elas ainda lidam com as faltas de confiança, tanto de funcionários quanto dos próprios familiares (quando o ambiente de negócio é familiar), e de experiência.
Ressalta-se, ainda, que, além de a mulher buscar seu espaço no ambiente profissional, também tem jornada dentro do ambiente familiar. Para que a mulher esteja cada vez mais apta nesta dupla jornada, Viviane Schappo, a entrevistada desta edição, ressalta que isso “requer não apenas políticas corporativas, mas também políticas públicas para oferecer flexibilidade às mulheres para poderem conciliar maternidade com crescimento profissional”.