Brasil deve importar menos adubo em 2020 apesar de alta de consumo, diz FCStone
O Brasil, maior importador global de fertilizantes, deverá reduzir suas compras neste ano após importações recordes em 2019, apesar da expectativa de que o país continue ampliando o consumo de adubos em 2020 para impulsionar a produtividade de suas safras, avaliou nesta quinta-feira a consultoria INTL FCStone.
A queda na importação deve ocorrer porque o país consumirá estoques comprados a preços favoráveis em 2019, ao mesmo tempo em que terá um ligeiro aumento na produção interna de fertilizantes em 2020 e deverá registrar alguma desaceleração no aumento da demanda de adubo, apontou a FCStone em relatório.
As importações deverão cair para cerca de 27 milhões de toneladas, versus 28,15 milhões de toneladas em 2019, quando aumentaram pouco mais de 600 mil toneladas ante 2018.
"A queda dos preços internacionais dos adubos ao longo do segundo semestre do ano precedente corroborou para a formação de estoques domésticos confortáveis, com os agentes aproveitando as menores cotações para assegurarem carregamentos antes da temporada de adubações", disse a consultoria em relatório assinado pela analista Gabriela Fontanari.
Além da questão dos estoques, a FCStone lembrou da retomada de operações de plantas nacionais de fosfatados. Em 2019, a paralisação da produção nos complexos da Mosaic, diante da necessidade de manutenções de segurança nas barragens, contribuiu para a expressiva importação do produto MAP no ano, em cenário que "deve ser mitigado em 2020".
Por outro lado, a consultoria comentou que unidades da Petrobras em Sergipe e Bahia, cujas operações foram paralisadas, continuarão impactando a oferta interna. A estatal está deixando o mercado de fertilizantes.
Dessa forma, a produção total no Brasil está estimada em cerca de 7,6 milhões de toneladas, versus cerca de 7,4 milhões de toneladas em 2019.
Já o consumo interno está previsto em recorde de 36,9 milhões de toneladas, ante estimados 36,2 milhões de toneladas em 2019, disse a FCStone, que apontou também uma diminuição do ritmo da demanda.
"A desaceleração em relação aos anos anteriores decorre, principalmente, devido às incertezas que ainda permeiam o mercado da soja no tocante à demanda internacional, e o papel da China enquanto comprador da oleaginosa norte-americana --o que tende a pressionar as cotações do grão em Chicago, e podem impactar a remuneração do produtor, consequentemente influenciando suas decisões de investimento em adubação", disse a consultoria.