Identificação, cultivo e preparo de PANC é tema de palestra em Ribeirão Preto
Em busca de uma alimentação saudável, a Prefeitura de Ribeirão Preto e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por intermédio da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) ─ Regional Ribeirão Preto, promoveram, no dia 8 de outubro, em Ribeirão Preto, o curso “Identificação, Cultivo e Preparo de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC)” para mais de 30 participantes entre nutricionistas, produtores rurais, chefes de cozinha, professores e entusiastas de um resgate de plantas que eram utilizadas por nossos antepassados e caíram em desuso em função de novos hábitos alimentares.
O engenheiro agrônomo da Divisão de Extensão Rural da CDRS, Osmar Mosca Diz, foi o palestrante. Entusiasta das PANC e responsável por difundir o cultivo e o uso dessas plantas em todo o Estado, Osmar falou sobre as propriedades de várias delas e presenteou o interessado público levando amostras de várias delas, como a ora-pro-nobis, nirá, capuchinha, peixinho, nomes pelos quais são conhecidas algumas das várias plantas comestíveis que estão na natureza, mas que também podem ser cultivadas.
Muitas dessas plantas, que têm enorme valor nutricional, podem ser encontradas na natureza, de modo espontâneo, mas nada impede que possam ser cultivadas em pequenos espaços como hortas domésticas, jardins (algumas produzem delicadas flores coloridas, como a capuchinha) e até em jardineiras e garrafas PET. As crianças de Ribeirão Preto já estão aprendendo isso e são um exemplo no Núcleo “Adão do Carmo Leonel”, unidade do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos mantido pela Prefeitura de Ribeirão Preto, voltado às crianças e adolescentes, de seis a 15 anos.
A coordenadora do Núcleo, Doralice Aparecida Dolse, aproveitou cada centímetro de chão e já colhe verduras plantadas em conjunto com as crianças, que aprendem o valor dessas plantas e mudam seus hábitos alimentares acrescentando novas variedades. “Nós incluímos verduras e legumes e também as PANC na alimentação das crianças; o excedente elas levam para as famílias. Com isso, a intenção é criar novos hábitos alimentares a partir da experiência das crianças, estendendo aos familiares”, afirma Doralice, que conta com a ajuda do educador social Francisco Antonio Pezzutto, um dos atentos participantes do curso ministrado pelo extensionista Osmar Mosca Diz.
A produtora de orgânicos Geni Arruda de Lucca também era outra ouvinte atenta. Com fiel clientela de consumidores de suas verduras e legumes, Geni quer aprender mais para diversificar a sua oferta. “Já há bastante procura pelas PANC, então tenho certeza que vai agregar valor à minha produção se eu tiver uma oferta maior e mais diversificada”, fala a produtora, parceira antiga dos cursos oferecidos pela CDRS Regional Ribeirão Preto.
As PANC também estão chegando às novas turmas de nutricionistas. A professora Patrícia Villela participou do curso para poder levar mais conhecimento aos seus alunos da Universidade Paulista (Unip) e também uma proposta de alimentação mais saudável aos pacientes com histórico de câncer atendidos em seu consultório. “As PANC têm baixo custo, são altamente nutritivas e é preciso que seu uso esteja mais familiarizado entre a população. Sempre digo aos meus alunos e clientes: É preciso descascar mais e desembalar menos”, afirma Patrícia que prescreve, e ensina a prescrever preparações culinárias ricas em PANC.
Para demonstrar que as PANC não são apenas nutritivas, mas também muito saborosas, o almoço feito pelas nutricionistas Susy Bianco, Bianca Almeida e Daniela Pallos, auxiliadas pelo técnico de apoio da CDRS Ribeirão Preto, Ernesto Maracaia, foi à base de PANC. Arroz com frango enriquecido com ora-pro-nóbis, planta rica em proteína e ferro, salada de várias folhas enfeitadas com flores da capuchinha, folhas de peixinho empanado, suco de vinagreira e, de sobremesa, banana caramelada com hortelã-pimenta. De dar água na boca, bom para a saúde e bom para os pequenos produtores rurais que podem agregar valor à sua produção com a oferta de PANC em seu mix de verduras.
O sucesso na produção de mudas de PANC já é fato comprovado no Viveiro Santa Izildinha, de Cravinhos. O proprietário, Antonio Augusto Greggio de Coli, teve um maior contato com as PANC quando ganhou alguns vasos remanescentes do estande da CDRS ao final da Agrishow, feira realizada todos os anos em Ribeirão Preto. De lá para cá, ele começou a multiplicar as mudas, adquiriu outras espécies na horta de PANC instalada no terreno da CDRS Regional Ribeirão Preto para essa finalidade (divulgação e multiplicação do uso entre produtores rurais e interessados) e hoje garante que aumentou em torno de 8% a sua renda com a venda das mudas de PANC. “Hoje, o movimento é inverso; antes os clientes vinham em busca de mudas de hortaliças e levavam mudas de PANC, hoje vêm em busca das PANC e levam também as hortaliças convencionais”, conta animado Toninho. O viveirista diz ser cada vez mais procurado por moradores de condomínios que querem levar beleza e também alimentos saudáveis para enfeitar as moradias, pequenos produtores que querem diversificar a produção e também pessoas que simplesmente sabem o benefício que essas plantas tão antigas podem trazer para uma alimentação saudável.
É esta demanda cada vez maior que o diretor da CDRS Regional Ribeirão Preto, Carlos Henrique de Paula e Silva, e o chefe da Casa da Agricultura de Ribeirão Preto, Giovanni Ramos Oliveira, estão procurando atender e é apostando nesse novo nicho de mercado que estão fazendo a proposta desse e de outros cursos que estão sendo planejados para acontecer. “Queremos que Ribeirão Preto seja um polo disseminador das PANC e também da meliponicultura, temos ambos os projetos instalados na sede da CDRS Ribeirão Preto e podem ser visitados pelos interessados; também utilizamos o local para formar novos multiplicadores, sejam eles técnicos ou produtores rurais”, afirma o diretor.
Para isso, não só Ribeirão Preto, mas todas as CDRS Regionais vinculadas podem contar com o auxílio e experiência do extensionista Osmar Mosca Diz, especialista em PANC e meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) e responsável, na sede da CDRS em Campinas, pelo Projeto Fazendinha Feliz, local onde podem ser encontradas diversas variedades de PANC e que também serve de palco de treinamento de novos multiplicadores.
Mais informações podem ser obtidas na CDRS Ribeirão Preto (16) 3610-8228 e-mail ca.ribeiraopreto@cati.sp.gov.br ou na sede da CDRS, em Campinas (19) 3743-3705 e-mail osmar.diz@cati.sp.gov.br