Trump conversa com Bolsonaro e oferece ajuda para combate a incêndios na Amazônia
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que conversou com o presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira e ofereceu ajuda, se necessário, para combater os incêndios na Amazônia.
"Falei há pouco com o presidente @JairBolsonaro. Nossas s perspectivas comerciais futura são muito empolgantes e nossa relação é forte, talvez mais forte do que nunca. Disse a ele que se os EUA puderem ajudar com os incêndios na Amazônia, nos colocamos à disposição para ajudar", escreveu Trump em um post no Twitter.
Bolsonaro diz que Trump ofereceu ajuda para buscar política ambiental que respeite soberania dos países
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse no Twitter que teve uma "excelente conversa" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ofereceu ajuda para o combate aos incêndios na Amazônia, se o Brasil quiser, assim como para a busca de uma política ambiental que "respeite a soberania dos países".
"Tive hoje uma excelente conversa com o Presidente @realDonaldTrump. As relações entre o Brasil e os EUA estão melhores do que nunca. Temos o desejo mútuo de lançar uma grande negociação comercial em breve, com a finalidade de promover a prosperidade dos nossos povos", tuitou Bolsonaro.
"O presidente Trump também se colocou à disposição para nos ajudar na proteção da Amazônia e no combate às queimadas, se assim desejarmos, bem como para trabalharmos juntos por uma política ambiental que respeite a soberania dos países", acrescentou Bolsonaro no Twitter.
Em meio à crise das queimadas, ministros e assessores presidenciais alimentam rixa com europeus
BRASÍLIA (Reuters) - Em meio à crise causada pelo aumento das queimadas na Amazônia, ministros e auxiliares do presidente Jair Bolsonaro ajudaram a esquentar os ânimos ao reforçar críticas a países europeus e reclamações sobre ameaças à soberania nacional.
Em entrevista à rádio Gaúcha nesta sexta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o Brasil está diante de um "ataque especulativo europeu".
"O que estamos vendo é um ataque internacional ao Brasil", bradou Onyx, irritado, ao ser questionado sobre a crise causada pelas queimadas. "Há uma grande articulação de partidos de esquerda que passam pelas ONGs, vão a Europa e que tenta desgastar o governo brasileiro."
Apesar de não ser da área, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi ao Twitter para dizer que a crise amazônica é falsa e causada pelo lobby de agricultores europeus. "Isso, combinado com ONGs de esquerda e 'artistas', revoltados com o fim da mamata", escreveu.
Assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o ex-comandante do Exército, General Eduardo Villas-Boas, disse que o presidente francês, Emmanuel Macron, realizava "ataques diretos à soberania brasileira, que incluiu, objetivamente, ameaças de emprego do poder militar".
Em um tuíte o presidente francês disse que "nossa casa está queimando", referindo-se a Amazônia, e convocou os países do G7 a discutirem medidas sobre as queimadas.
O secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, foi outro que usou as redes sociais para atacar os europeus. Em um texto, afirmou que a Amazônia pertence ao Brasil e que ninguém preserva mais que o Brasil.
Na sequência acusou os europeus de terem problemas "políticos, sociais, de segurança e ambientais". "Cada qual deve cuidar do seu quintal. Nós estamos cuidando no nosso", afirmou.
Na véspera, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e indicado a ser embaixador nos Estados Unidos, postou um vídeo de terceiros em que o presidente francês era chamado de idiota.
MPF cobra ministérios e Inpe que provem que dados de medição de desmatamento não são confiáveis
BRASÍLIA (Reuters) - O coordenador do Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas da Câmara de Meio Ambiente do Ministério Público Federal cobrou nesta sexta-feira dois ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que provem que os dados de medição do desmatamento e de queimadas no Brasil apresentados pelo órgão não são confiáveis.
Os ofícios do procurador Luís Eduardo Marrocos de Araújo foram endereçados aos ministérios do Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia, na pessoa do segundo da hierarquia das pastas (secretários-executivos), e do novo diretor do Inpe, Darcton Policarpo Damião.
Críticas feitas por Bolsonaro sobre os métodos do instituto, que apontou aumento no desmatamento desde o início do atual governo, levaram à queda do então presidente do órgão, o cientista Ricardo Galvão, no último dia 2 de agosto.
Nos ofícios enviados aos ministérios e ao instituto, o MPF solicita que sejam descritos, caso realmente existam, os fatos que teriam provocado falhas no sistema de monitoramento de desmatamento na Amazônia, indicando o período em que ocorreram, o alcance das distorções provocadas, bem como as medidas que estão sendo ou que serão adotadas para a correção das supostas distorções do sistema.
Caso o governo não tenha elementos para provar que os dados do Inpe não são fidedignos, o MPF questiona se, então, os dados são fidedignos. Caso o governo insista que os dados não são confiáveis, o procurador pede que as pastas e o Inpe justifiquem sua resposta. O MPF deu 10 dias para que o governo responda.
Além desses órgãos, o MPF também questionou a atuação de ministérios do governo a respeito das mudanças climáticas, como o das Minas e Energia e o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Segundo o procurador, é essencial o fornecimento de informações precisas, claras e suficientes sobre a sua gestão e conservação. "Daí a necessidade de que as informações sobre desmatamento sejam continuamente prestadas de forma técnica, científica e livre de ingerências decorrentes de interesses políticos ou econômicos", disse.
"É esse o objetivo do MPF ao solicitar esclarecimentos acerca dos dados que vêm sendo apresentados a público pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais sobre o desmatamento e queimadas na Amazônia”, completou.
O objetivo da apuração é saber o que o governo está fazendo para cumprir a Lei de Política Nacional sobre Mudança do Clima, de 2009; o Acordo de Paris, ratificado pelo Poder Executivo em 2017; e, em especial, o compromisso do Brasil com as Nações Unidas sobre Mudança do Clima, assinado em setembro de 2015, no qual o país fixou suas metas de redução da emissão de gases do efeito estufa para os próximos anos.
PUNIR CULPADOS
Mais cedo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que o Ministério Público Federal trata como prioridade a apuração e a punição de quem tem causado incêndios na Amazônia, classificando a situação como uma tragédia e um crime de incendiar esse patrimônio da humanidade.
"O assunto está sendo tratado com prioridade, com ênfase pelo Ministério Público Federal e seguirá assim até que nós descubramos quem causou esse incêndio, possamos puni-los, mas também promover medidas necessárias para conter o incêndio e preservar a floresta desse mecanismo pernicioso e ilícito de desmatamento, de destruição da Floresta Amazônica", disse Dodge, durante evento que reúne os chefes dos Ministérios Públicos do Mercosul, em Salvador (BA).
A chefe do MPF disse que há cerca de um ano e meio criou uma Força-Tarefa da Amazônia, composta por integrantes da instituição que atuam na região para acompanhar questões referentes à localidade. Disse que, na véspera do encontro, manteve contatos com os procuradores do grupo e seu gabinete também tem trocado informações com a Câmara do Meio Ambiente, outro órgão da instituição responsável por acompanhar ações do setor.
"São atuações do Ministério Público que precisam ser feitas rapidamente e dar respostas", afirmou.
"Esse é um fato muito ruim para o Brasil, para nossa nação e também para o mundo porque a Amazônia é um bem muito importante para o planeta e (gostaria de) afirmar que os membros do Ministério Público brasileiro estão todos devotados a investigar quem causou e quem está causando esses incêndios, provocar as investigações e também as medidas de proteção para que o incêndio seja contido e a floresta, preservada", reforçou.
Na véspera, o MPF no Pará abriu investigações em três municípios e na capital do Estado para apurar a diminuição de fiscalizações ambientais na região, a ausência da Polícia Militar estadual no apoio às equipes de fiscalização e o anúncio, veiculado em um jornal, convocando fazendeiros para promoverem um “Dia do Fogo”, na semana passada.
Procuradores da República em Santarém, Itaituba, Altamira e Belém apuram a relação entre a redução da fiscalização ambiental e o crescimento, registrado em dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 50% no desmatamento e de 70% nas queimadas.
Agronegócio não pode ser culpado por queimadas, barreiras não se justificariam, diz ministra
BRASÍLIA (Reuters) - As notícias sobre as repercussões das queimadas na Amazônia preocupam, mas o agronegócio não pode ser culpado pelo problema, assim como eventuais barreiras comerciais aos produtos agrícolas brasileiros não se justificariam, disse nesta sexta-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
"Vamos para ação, vamos ver quem está queimando, vamos punir quem precisa ser punido, quem está fazendo a coisa errada. Mas não podemos dizer que, porque neste momento nós temos um incêndio acontecendo ou uma queimada acontecendo na Amazônia, que o agronegócio brasileiro é o grande destruidor..." disse Tereza a jornalistas, ao ser questionada após evento no ministério.
Segundo ela, dessa forma, eventuais barreiras comerciais contra os produtos agrícolas do Brasil não se justificariam.
Nesta sexta-feira, a Finlândia pediu que a União Europeia avalie a possibilidade de banir a carne bovina brasileira, devido às notícias de queimadas. De outro lado, o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, disse também nesta sexta-feira que vai se opor ao acordo UE-Mercosul, posição semelhante à da Irlanda, na esteira das notícias relacionadas à Amazônia.
O setor do agronegócio é um dos mais importantes da economia do país, respondendo por grande parte das exportações brasileiras.
A ministra destacou ações do governo que serão tomadas para combater as queimadas.
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que a "tendência" é editar um decreto de garantia da lei e da ordem (GLO) para enviar militares das Forças Armadas para combaterem queimadas na Amazônia e o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, aproveitou cerimônia em Brasília ao lado de Bolsonaro para alertar "incautos" e dizer que a força está pronta para defender a floresta.
"Também tem uma parte ideológica, que eu acho que a gente precisa separar. E nós brasileiros temos a obrigação de defender o Brasil", ressaltou Tereza.
"Acho que a gente tem que baixar a temperatura. A Amazônia é importante, o Brasil sabe disso, o Brasil cuida da Amazônia."
A ministra lembrou que queimadas no Brasil acontecem todos os anos, especialmente em período de seca.
"Uma coisa é queimada, outra coisa é incêndio, tem que se fazer uma diferença entre esses dois acontecimentos. Estamos vivendo uma seca grande que todo ano acontece... Este ano está mais seco e as queimadas estão maiores. Acho que precisavam saber do Brasil o que está acontecendo antes de tomar qualquer tipo de medida", declarou ela, lembrando de incêndios em outras partes do mundo devido ao tempo seco.
(Por Isabel Versiani)