AEB prevê superávit de US$ 52,2 bilhões na balança comercial (Ag Brasil)

Publicado em 17/07/2019 13:38

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) informou nesta quarta-feira (17) que revisou suas estimativas para a balança comercial brasileira em 2019, feitas dezembro do ano passado. O superávit, que havia sido estimado em US$ 32,7 bilhões, subiu para US$ 52,2 bilhões na nova projeção, resultado 10,9% abaixo dos valores de 2018 (US$ 58,6 bilhões)

As projeções para exportações subiram de US$ 209,1 bilhões para US$ 223,7 bilhões, uma queda de 6,7% em relação aos US$ 239,8 bilhões estimados anteriormente. No que se refere às importações, as projeções recuaram de US$ 186,3 bilhões para US$ 171,5 bilhões, uma queda de 5,4% em comparação ao resultado de 2018.

O presidente da AEB, José Augusto de Castro, destacou que a corrente de comércio projetada em US$ 395,266 bilhões para este ano ficará abaixo dos US$ 421,114 bilhões apurados no ano passado, e distante do recorde de US$ 482,292 bilhões de 2011. “O que gera a atividade econômica não é o superávit e, sim, a corrente de comércio que, em queda, faz a atividade econômica cair.”

Revisão

Segundo a associação, algumas “surpresas” contribuíram para a revisão, para baixo, da balança comercial. Entre elas, a queda da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG); a guerra comercial entre China e Estados Unidos; a crise na Argentina, que acelerou este ano; o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os produtos e serviços produzidos no país) brasileiro, cuja previsão inicial era de 2,5% e caiu para menos de 0,8%; além do crescimento da China, que será menor do que em anos anteriores.

“O conjunto contribuiu para oscilações das commodities (produtos minerais e agrícolas comercializados no exterior). No caso do Brasil, foi mais para baixo do que para cima”, disse Castro. Ele lembrou que a peste suína na China teve impacto na exportação de carnes e de soja brasileira.

Segundo Castro, a pauta de exportações brasileiras continua concentrada em commodities e não em manufaturados, de maior valor agregado. A previsão é exportar manufaturados em torno de US$ 79 bilhões, valor menor que em 2007. “É muito baixo. Infelizmente, está muito ruim”, afirmou.

Reformas

A aprovação das reformas estruturais previdenciária e tributária é importante, mas seu efeito só será sentido mais adiante, disse Castro. “Cria expectativa para o futuro, mas é difícil ter impacto ainda em 2019,”

A decisão que teria impacto imediato, segundo ele, seria o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra). ”É a única medida que pode reduzir a burocracia.”

Criado pelo governo federal em 2014, o Reintegra garante crédito tributário correspondente a até 3% da receita de exportação para as empresas produtoras que exportem bens e que cumulativamente tenham sido industrializados no país. Em função de decretos assinados em 2015 e 2018, esse crédito caiu de 3% para 2% e de 2% para 0,1%, o que é criticado pelo setor exportador.

O Brasil também precisa de melhor infraestrutura, “mas vai demandar tempo para ser construída”.

Saiba mais na TV Brasil: Conheça as propostas de reforma tributária em discussão

 

 

Argentina

O presidente da AEB disse que 98% do total exportado para a China são commodities e que o Brasil não exporta manufaturados para os chineses porque não tem preço competitivo. O mercado brasileiro de manufaturados está concentrado na América do Sul, onde nosso principal importador é a Argentina, que está em crise. “Não temos mercados alternativos.”

De acordo com Castro, os mercados norte-americano e europeu se mantêm basicamente em função de operações intercampo, entre matriz e filiais. A Argentina é obrigada a gerar superávit comercial e, como não amplia as exportações, coloca obstáculos na importação. Um desses obstáculos é a taxa de estatística, que custava US$ 50 por operação e agora pode chegar até US$ 120 mil. “É claramente uma barreira tarifária.”

Com isso, o Brasil poderá ter neste ano déficit comercial com a Argentina, o que não ocorre desde 2003 disse.

As exportações brasileiras para o mercado argentino caíram de US$ 17,6 bilhões em 2017 para US$ 14,9 bilhões no ano passado, e devem sofrer nova retração em 2019, passando para US$ 10,2 bilhões. “Quase 70% de queda em dois ou três anos.”

AEB vê alta no preço de importantes commodities do Brasil no 2º semestre (Reuters)

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os preços de importantes commodities exportadas pelo Brasil deverão subir no segundo semestre, em relação ao primeiro, com algumas exceções como petróleo e açúcar bruto, previu nesta quarta-feira a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

A maior alta foi projetada para o minério de ferro, terceiro produto mais exportado pelo país, que deverá ter um avanço de 13,4% em sua cotação média no segundo semestre, apontou a AEB.

Os preços globais da matéria-prima do aço vêm sendo afetados neste ano, entre outros motivos, por um corte de produção da Vale, que passa por uma revisão em diversas instalações após o rompimento mortal de uma de suas barragens.

A AEB estima um preço médio de 68 dólares por tonelada de minério de ferro na segunda metade do ano, o que deverá elevar a receita com exportações do produto em 9,4% ante 2018, para 22,1 bilhões de dólares.

Com esse resultado, o minério de ferro que já foi o principal produto de exportação do Brasil, deverá se aproximar mais da soja, com exportações estimadas em 25,2 bilhões de dólares, e do petróleo, com 24,1 bilhões de dólares.

A carne suína, com a segunda maior alta de preço projetada, terá um avanço de 12,3% em suas cotações, para 2,4 mil dólares por tonelada. O preço da commodity vem sendo impulsionado por um surto de peste usina africana na China, que tem importado mais carnes para compensar a redução do rebanho.

A soja, que deverá ser pelo quinto ano seguido o principal produto de exportação do Brasil, terá um avanço de 1,2% no segundo semestre, ante o primeiro, para 355 dólares por tonelada.

A AEB destacou que, até junho, foram embarcadas 44,5 milhões de toneladas de soja em grão, representando 62% das 72 milhões de toneladas previstas para embarque em 2019, ante um recorde de mais de 80 milhões de toneladas no ano passado --a peste suína está colaborando para reduzir os embarques da oleaginosa à China.

Em contrapartida, o petróleo, segundo produto mais exportado pelo país, terá uma queda de 6,4% na cotação média no período, para 380 dólares por tonelada, segundo previsão da AEB.

A associação ponderou que a projeção da taxa cambial para o final de 2019 poderá ser influenciada pelo nível dos juros nos Estados Unidos, por eventuais decisões do presidente dos EUA, Donald Trump, por decisões do governo Bolsonaro e pela aprovação de reformas estruturais, com as cotações podendo oscilar entre 3,65 reais e 3,90 reais.

"Em 2019, apesar de fortes oscilações nos três principais produtos de exportação, soja, petróleo e minério de ferro manterão representatividade próxima a 32%, consolidando o peso das commodities nas exportações e no superávit comercial", disse a AEB.

O cenário, segundo a associação, reforça "a imperiosa necessidade de reformas estruturais para reduzir o custo-Brasil e gerar competitividade nas exportações de manufaturados".

Ao todo, as exportações brasileiras em 2018 foram estimadas em cerca de 223 bilhões de dólares, queda de 6,7% ante 2018. Em dezembro, a estimativa para 2019 era de 219 bilhões de dólares.

(Por Marta Nogueira)

Fonte: Reuters

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