Maggi diz ser contra fusão de Agricultura e Meio Ambiente, prevê prejuízos ao Brasil

Publicado em 31/10/2018 15:37

Por Jake Spring

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, é contrário a proposta de fusão da pasta com o Ministério do Meio Ambiente, conforme mudança anunciada na véspera pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), informou nesta quarta-feira a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil de Bolsonaro, confirmou na terça-feira que a "Agricultura e o Meio Ambiente andarão de mãos dadas". Unificar as duas pastas foi uma promessa de campanha do capitão reformado, que depois se disse aberto a sugestões de setores do agronegócio que defendiam a manutenção da separação das duas pastas.

Para Maggi, a fusão traria prejuízos ao agronegócio nacional, "muito cobrado pelos países da Europa pela preservação do meio ambiente". O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, sendo líder na exportação de commodities como soja, açúcar, café e suco de laranja.

Com dados da Embrapa Territorial, o Ministério da Agricultura disse que 66 por cento do território brasileiro se mantém preservado graças à ação dos produtores, um discurso que "pode ser prejudicado com a fusão das duas pastas".

Ainda conforme o Ministério, Maggi avalia que as pastas são convergentes em alguns pontos, mas no geral possuem temas próprios que necessitam de atenção.

"Existem muitos fóruns importantes nos quais o Brasil deve marcar sua posição, mas não será possível para um ministro participar de todos sozinho", afirmou ele, destacando que o trabalho do Meio Ambiente não se dá apenas sobre assuntos do agronegócio, abrangendo também áreas como infraestrutura, mineração e energia.

"Como um ministro da Agricultura vai opinar sobre um campo de petróleo ou exploração de minérios?", questionou.

As declarações de Maggi ocorrem no mesmo dia quem o Ministério do Meio Ambiente também criticou a proposta de Bolsonaro, dizendo que fragilizar a autoridade da pasta seria "temerário".

(Por Jake Spring)

Fonte: Reuters

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