Argentina anuncia imposto sobre exportações e corte de gastos, mas não acalma mercados

Publicado em 03/09/2018 08:59

Por Maximilian Heath e Nicolás Misculin

BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina aplicará um novo imposto sobre as exportações e cortará os gastos para reduzir seu déficit fiscal, enquanto negocia um financiamento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) depois da crise cambial que minou a confiança na terceira economia da América Latina.

Com estas medidas, o governo busca eliminar o déficit primário fiscal de 2019 e mitigar a inflação alta e a recessão que abalam o país, mas o mercado cambial respondeu negativamente aos anúncios com nova queda do peso.

"No ano de 2019... vamos convergir ao equilíbrio fiscal antes do pagamento de juros, isso implica em economizar 6 bilhões de dólares mais, que não necessitamos financiar nos mercados", disse nesta segunda segunda-feira o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, em entrevista à imprensa.

Segundo Dujovne, o novo imposto, que não está claro se deverá ou não ser aprovado pelo Congresso, taxará até o fim de 2020 os embarques de produtos primários em 4 pesos por dólar e do resto das exportações em 3 pesos por dólar.

A expectativa é de que a medida, que recai principalmente sobre os embarques agrícolas e do setor de mineração, gere receitas equivalentes a 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019.

Com o dólar atualmente em 38 pesos, o imposto é quase de 10 por cento do valor exportado, que no caso dos grãos de soja e seus derivados --dos quais a Argentina é um dos maiores exportadores mundiais-- soma-se aos 18 por cento já cobrados.

"Embora os exportadores com certeza se queixem, eles se beneficiarão igualmente da recente e profunda depreciação do peso", disse à Reuters o economista Federico Thomsen.

A Argentina busca superávit primário de 1 por cento em 2020, segundo Dujovne, que à noite viajará aos Estados Unidos para fechar novo acordo de financiamento com o FMI.

Em junho, após as primeiras turbulências financeiras nos mercados locais, a Argentina fechou com o FMI uma linha de empréstimo de 50 bilhões de dólares, cujo desembolso agora o governo pretende acelerar para lidar com a crise.

Pela manhã, o presidente Mauricio Macri assegurou que vai reduzir a menos da metade o número de ministérios de seu gabinete para reduzir o gasto público.

As pastas de Energia, Trabalho, Modernização, Agroindústria, Saúde, Turismo, Ambiente, Ciência e Cultura serão transformadas em secretarias de Estado, segundo comunicado oficial.

As medidas, no entanto, não trouxeram tranqüilidade ao mercado de câmbio. O peso aprofundou sua queda para 38,7 unidades por dólar, acumulando desvalorização de quase 50 por cento ao longo de 2018.

(Reportagem adicional de Gabriel Burin, Hernán Nessi e Jorge Otaola)

Governo argentino anuncia mudanças em política tributária para exportação de grãos

BUENOS AIRES (Reuters) - O governo argentino anunciou nesta segunda-feira que fará mudanças na sua política tributária sobre a exportação de grãos, oleaginosas e derivados, segundo o Diário Oficial do país.

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, planeja anunciar nesta segunda-feira outros planos para aumentar as receitas fiscais e cortar gastos antes de uma nova rodada de negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

(Por Maximiliano Heath)

Na Folha: Argentina impõe taxas às exportações e reduz gabinete pela metade

BUENOS AIRES - O governo argentino anunciou, na manhã desta segunda-feira (3), um pacote de medidas para reestabilizar a economia, que vem sofrendo nos últimos cinco meses “uma tormenta”, nas palavras do presidente Mauricio Macri, na qual o dólar perdeu 50% de seu valor e os juros foram aumentados para 60%.

Entre elas estão um novo imposto às exportações – de 4 pesos para cada dólar nos produtos primários e de 3 pesos para cada dólar no restante–, a redução pela metade do gabinete ministerial e um corte de 4% nos gastos da administração pública. O objetivo é adiantar o cronograma de redução do déficit fiscal para zero, previsto para 2020, já para o próximo ano.

Quem surgiu primeiro foi Macri, num vídeo pré-gravado de 20 minutos. O presidente apareceu com voz arfante e cara de tristeza, dizendo que este era “o pior momento de sua vida desde o sequestro” (o presidente foi sequestrado nos anos 1990 e ficou recluso por 12 dias enquanto se negociava seu resgate).

Leia a notícia na íntegra no site da Folha de S. Paulo

Fonte: Reuters

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