Maggi pede entendimento sobre fretes, vê "pico inflacionário" para consumidor
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A tabela de fretes no Brasil precisa de um "entendimento" entre as partes e ser analisada o mais rápido possível pelo Congresso, sob o risco de "aumento dos problemas" no setor agropecuário nacional, disse nesta quarta-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que critica as regra adotadas pela reguladora ANTT.
O tabelamento de fretes foi uma das medidas adotadas pelo governo para atender às reivindicações de caminhoneiros, que em maio realizaram protestos em todo o país e afetaram diversos setores da economia.
"Temos de buscar o entendimento dentro daquilo que foi definido. Poderá existir uma tabela de fretes? Sim, poderá. O preço de piso? Sim, poderá. O que o setor não aguenta e ele não aceitará é ter na tabela embutidos preços ou lucros das operações e não atender a sazonalidade da agricultura", disse Maggi.
"Há épocas que tem muita mercadoria e você paga um frete bem mais caro. Outras épocas você tem menos mercadorias... É isso que é a lei da oferta e da procura", destacou o ministro a jornalistas após evento na sede do Banco do Brasil, em Brasília, sobre o Plano Safra 2018/19.
Segmentos do agronegócio vêm criticando a tabela de fretes, argumentando que isso inviabiliza o escoamento de grãos --o país acabou de colher uma safra recorde de soja e já deu início à colheita da segunda safra de milho, a chamada "safrinha".
Atualmente, uma comissão mista no Congresso analisa a medida provisória que instaurou a tabela de fretes. A expectativa é de que o parecer do relator, deputado Osmar Terra (MDB-RS), seja votada ainda nesta semana.
"O Congresso deve votar entre hoje e amanhã essa tabela... Se o Congresso não votar antes do recesso (parlamentar), isso já vai para o mês de agosto e aí os problemas vão sendo aumentados", avaliou Maggi.
Para o ministro, há relatos de fretes até 60 por cento mais caros, retardando a comercialização de grãos.
"A consequência ficará por muito tempo até a gente resolver tudo isso", disse, acrescentando que deve haver "pico inflacionário" para os consumidores.
"Não estamos falando só de grãos, estamos falando de todo tipo de transporte que vai encarecer e isso vai ser repassado aos preços", disse.
(Por Marcela Ayres)