Bunge não prevê emitir ações em IPO de usinas no país; prevê moagem maior em 18/19
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A gigante do agronegócio Bunge não prevê emitir novas ações para o planejado IPO de seu negócio de açúcar e etanol no Brasil, em um processo coordenado pelos bancos Itaú BBA, JP Morgan e Santander, de acordo com documento apresentado pela empresa nesta quarta-feira.
Conforme o prospecto preliminar para a oferta pública inicial de ações enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa indicou que venderá ações próprias na potencial transação envolvendo a Bunge Açúcar & Bioenergia.
A medida "nos dá a opção de tornar a empresa pública, se assim quisermos, dependendo do ambiente", disse o vice-presidente-executivo e diretor financeiro da Bunge, Thomas Boehlert, em evento em Nova York nesta quarta-feira, um dia após a companhia anunciar a submissão do prospecto.
As ações da empresa nos EUA operavam praticamente estáves, por volta das 14h30 (horário de Brasília).
Conforme dados apresentados pela empresa, a Bunge Açúcar & Bioenergia teve prejuízo de 112 milhões de reais no primeiro trimestre de 2018, ante resultado negativo de 62 milhões um ano antes.
A geração de caixa, medida pelo lucro antes de impostos, taxas, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cedeu 53 por cento no período, para 71 milhões de reais.
Além disso, a dívida da empresa ao fim de março era de quase 3 bilhões de reais.
Não só a Bunge, mas o setor sucroenergético brasileiro como um todo tem enfrentado tempos difíceis, com os preços do açúcar em mínimas em anos dada a ampla oferta global.
A Bunge, que entrou no segmento do país em 2010, tentou vender suas oito usinas brasileiras de açúcar e etanol por quatro anos, mas um processo separado de venda não conseguiu atrair o interesse firme de investidores estratégicos ou financeiros.
A maioria de suas unidades no Brasil está localizada no norte do Estado de São Paulo e no sul de Minas Gerais. A empresa tem capacidade para processar cerca de 22 milhões de toneladas de cana por safra.
Na última safra, a 2017/18, a companhia produziu 961 mil toneladas de açúcar, ante 988 mil no ciclo anterior. A fabricação de etanol, por sua vez, aumentou para 975 milhões de litros, de 925,5 milhões na temporada 2016/17.
Para o ciclo vigente, iniciado em abril, a Bunge Açúcar & Bioenergia espera moer entre 20 milhões e 21 milhões de toneladas de cana, alta de 1 milhão de toneladas sobre 2017/18, destacou a empresa no prospecto.
Mais cedo nesta quarta-feira, executivos da Bunge reafirmaram, durante evento em Nova York, que após o IPO a gigante ainda manterá participação majoritária nas usinas no Brasil.
(Por Carolina Mandl e Marcelo Teixeira)
((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751))REUTERS JRG RS