Setor de pescado do Brasil critica governo em meio à suspensão de compras da UE
SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) afirmou nesta quinta-feira que a suspensão de compras de pescado nacional pela União Europeia (UE) não é "inesperada" e criticou a "falta de atenção dos órgãos competentes" quanto à cadeia produtiva.
A UE anunciou na quarta-feira que suspendeu a importação de pescado brasileiro alegando problemas na fiscalização de toda a estrutura da piscicultura, incluindo falta de higiene em embarcações, rastreabilidade ineficiente e falhas na refrigeração do produto, segundo a Peixe BR.
"Exigimos que o governo federal tome as medidas cabíveis com urgência, para evitar que essa decisão afete outros mercados com os quais temos negócios e prejudique a conquista de novos parceiros comerciais", afirmou a Peixe BR, em nota.
O Ministério da Agricultura, que responde pela área sanitária da piscicultura, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Conforme a Peixe BR, a piscicultura brasileira movimenta pouco mais de 4 bilhões de reais por ano, com o emprego de cerca de 1 milhão de pessoas. Não havia imediatamente informações sobre o volume exportado pelo país.
"Comparada às demais atividades de origem animal, os números são modestos. Talvez por isso esteja merecendo pouca atenção do governo brasileiro", criticou a associação, acrescentando que "projetos sobre águas da União" estão parados há mais de 10 anos.
Em agosto, o Ministério da Agricultura chegou a anunciar a criação de uma Comissão Científica Consultiva em Tecnologia de Produtos de Origem Animal para aperfeiçoar a inspeção.
À época, a criação da comissão ocorria pouco tempo depois do embargo dos Estados Unidos à carne bovina brasileira.
(Por José Roberto Gomes)