Ao tomar posse, presidente da CNA fala dos desafios do sistema para atender ao produtor rural
Ao tomar posse nesta terça (12) em uma solenidade, em Brasília, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, falou dos principais desafios do seu mandato e da necessidade de o sistema estar cada vez mais preparado para atender ao produtor rural.
O presidente da República, Michel Temer, ministros de Estado, parlamentares, lideranças do setor agropecuário, presidentes de Federações de Agricultura e Pecuária e sindicatos rurais, entre outras autoridades, estiveram presentes na solenidade de posse em Brasília. João Martins terá mandato de quatro anos (2018/2021), juntamente com seis vice-presidentes e seis membros do Conselho Fiscal.
Na solenidade de posse foi assinado o termo de cooperação técnica e financeira entre o SENAR, Ministério da Transparência, Controladoria-Geral da União e o Instituto Cultural Maurício de Sousa para desenvolver o projeto “Um por Todos e Todos por Um! Pela Ética e Cidadania”. O publicitário Nizan Guanaes também fez uma palestra sobre o tema “O Agronegócio Brasileiro e a Visão para o Futuro”.
O presidente da CNA começou o seu discurso afirmando que hoje o “passado não pode ser mais o nosso único conselheiro” e que o “futuro é algo sempre novo e diferente” que requer uma “nova disposição mental”.
“É com este estado de espírito que inicio este meu mandato, sabendo que o que nos espera, a mim, aos meus companheiros e colaboradores da CNA, e aos produtores rurais brasileiros, é uma realidade que se transforma de forma acelerada, contínua, e fora de nosso controle direto”.
Ao fazer referências ao ritmo acelerado das mudanças no mundo atual, João Martins lembrou que a “vida sindical”, seja do lado dos empregados, seja do lado dos empreendedores, está em transformação a todo o mundo.
“A natureza dos conflitos que os sindicatos visavam expressar e mediar no passado foi radicalmente alterada pelas novas formas de organização da produção impostas pelas tecnologias de informação”.
Depois que a nova legislação trabalhista rompeu os laços compulsórios e o financiamento automático das organizações, continuou o presidente da CNA, sindicatos, federações e confederações precisam de novos modos de recrutamento e fidelização dos seus membros.
No seu discurso, Martins disse ser necessário responder às perguntas-chave: Por que esta organização existe? A nossa atividade e o nosso trabalho correspondem a uma autêntica demanda da comunidade que desejamos representar? “As respostas a estas indagações determinarão o nosso destino”.
E daqui para frente, apesar das vinculações legais que ainda persistem, é preciso, segundo o presidente da CNA, que as organizações sejam cada vez mais “voltadas para o cliente, num ambiente aberto e competitivo”.
“Assumo este mandato e estes desafios porque, como produtor rural que sou, estou certo da necessidade de nossa representação sindical para os produtores”.
O universo descentralizado de centenas de milhares de produtores espalhados pelo país, trabalhando em condições variáveis e muitas vezes vítimas de fatores adversos, faz com tenham que ser tratados numa escala coletiva.
“Precisamos de um diálogo coletivo com os poderes do Estado. Precisamos de uma interlocução inteligente e informada com a sociedade, com os consumidores, com as mídias. Precisamos ser um centro de referência capaz de captar e reunir as demandas individuais. E precisamos, por fim, ser a voz amplificada e autorizada que unifique nosso discurso e nossa ação”, afirmou Martins no discurso.
Por isso é necessário “repensar toda a nossa organização” com foco num modelo sindical que seja o ambiente comunitário da maioria dos produtores. E eles, “reunidos voluntariamente em razão do seu interesse”, devem atuar como sensores capazes de informar sobre os problemas de toda a natureza.
“Nosso desafio, como sistema, agora, é criar valor para o mundo dos produtores rurais que escolherem, por si mesmos, integrar a nossa comunidade”.
O presidente da CNA afirmou que aprendeu a apreciar e a estimar os companheiros de diretoria e os colaboradores técnicos e administrativos, “uma comunidade de gente capaz e inovadora”. Por isso, “podemos ser muito bem sucedidos nesta tarefa de reinventar a nossa organização. Porque é isto o que vamos fazer”.
Benefícios do agro – No seu discurso, o presidente fez uma memória sobre a evolução da agricultura e pecuária e disse que o “efeito transformador de nossa revolução agrícola é certamente o fato mais importante de nossa história econômica recente e continua abrindo muitas perspectivas para o desenvolvimento futuro do país”.
Mas que é preciso que o estado brasileiro no seu conjunto _Executivo, Legislativo e Judiciário_ compreenda e adote a agenda da produção rural e suas cadeias produtivas sem privilégios nem preconceitos.
“O agro é espaço fundamentalmente da iniciativa privada e precisa do ambiente capitalista de respeito à propriedade, ao lucro e à liberdade de empreender. Nosso lema na CNA é que sem liberdade econômica não há agricultura”.
O presidente da CNA também falou dos problemas de infraestrutura e logística fora da porteira que afetam a competitividade e grupos organizados que atuam além de suas fronteiras nacionais e escolhem a produção rural como alvo predileto.
“A agricultura precisa é de insumos modernos de tecnologia, de mercados livres, e não das palavras tóxicas da retórica ideológica”.
O presidente da CNA lembrou que a pauta do setor é ampla e complexa, “nossas armas são apenas a razão e o convencimento, mas a nossa causa, tenho certeza, é do interesse de toda a nação brasileira”. E que é “preciso que produtores, pessoas ou empresas, sejam colocados sempre no alto pedestal das entidades imprescindíveis”.
E finalizou o discurso dizendo que “precisamos nos libertar do fascínio do estado e da burocracia, para nos tornarmos uma sociedade de empreendedores. Esta deve ser a nossa luta permanente”.
Defesa do setor – Em seu pronunciamento, o presidente Michel Temer destacou a importância do setor agropecuário para o país e afirmou que para fazer o que o Brasil precisa é necessário “passar pelo agro” e que o segmento protege a economia. “Os dados econômicos hoje estão ancorados na agropecuária”.
Ele também criticou a divisão que se faz hoje entre agricultura familiar e empresarial e elogiou o trabalho desenvolvido por João Martins à frente da CNA, além de mencionar a presença de representantes das 27 unidades da Federação na posse.
Por último, disse que o agro pode contar com o governo federal para “a prosperidade do setor”.
Veja a composição da Diretoria e do Conselho Fiscal da CNA para o período 2017/2021:
Diretoria
- Presidente: João Martins da Silva Junior (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia - FAEB);
- 1º Vice-Presidente: Roberto Simões (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais - FAEMG);
- 2º Vice-Presidente: José Mário Schreiner (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás – FAEG);
- 1º Vice-Presidente de Finanças: José Zeferino Pedrozo (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina - FAESC);
- 2º Vice-Presidente de Finanças: Muni Lourenço Silva Júnior (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas - FAEA);
- 1º Vice-Presidente de Secretaria: Mário Antônio Pereira Borba (Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba - FAEPA);
- 2º Vice-Presidente de Secretaria: Júlio da Silva Rocha Júnior (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo - FAES);
Conselho Fiscal
Efetivos:
- Maurício Koji Saito (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul - FAMASUL);
- Raimundo Coelho de Sousa (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Maranhão - FAEMA);
- Hélio Dias de Souza (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia - FAPERON).
Suplentes:
- Silvio Silvestre de Carvalho (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima - FAERR);
- Luiz Iraçú Guimarães Colares (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amapá - FAEAP);
- Ivan Apostolo Sobral (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe - FAESE).