Rússia impõe restrições à importação de carne brasileira; Blairo minimiza e diz que é pressão

Publicado em 04/11/2017 17:08
Entre as empresas afetadas estão JBS e Aurora. Outros 5 frigoríficos passarão por controle mais rígido (No ESTADÃO: Restrição à carne brasileira visa forçar abertura para produtos russos, diz fonte )

A Rússia, 4º maior comprador de carne brasileira, anunciou neste sábado (4.nov.2017) o aumento das restrições para a importação do produto. De acordo com despacho do Serviço Federal de Vigilância Sanitária e Veterinária russo, a compra de carne bovina do frigorífico brasileiro MataBoi está temporariamente suspensa.

Já os frigoríficos JBS, Aurora, Frigoestrela, Frigol e Frigon-Irmãos Gonçalves passam a ser submetidos a controle sanitário mais rígido. A justificativa para a restrição, de acordo com o despacho, é que os produtos brasileiros não se enquadram nos requerimentos sanitários definidos pela Rússia.

OUTRO LADO

O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) declarou, por meio de nota, que ainda não foi notificado da decisão da Rússia e que, portanto, não tem como se posicionar.

O ministro da pasta, Blairo Maggi, minimizou o episódio. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que a medida é corriqueira.

“Esses procedimentos são atitudes quase corriqueiras no mercado. Às vezes, há 1 lote que está fora do padrão, não está em conformidade. Eles fazem uma suspensão temporária para o produto voltar ao mercado”, disse, completando:

“São procedimentos normais. É preciso ver qual é o problema e resolver o problema”.

Rússia restringe importação de carne brasileira (em O GLOBO)

O Serviço Federal de Vigilância Sanitária e Veterinária da Rússia proibiu temporariamente a exportação de carne bovina do frigorífico MataBoi, e impôs controles sanitários mais rígidos a outras cinco empresas. A informação consta do site do órgão do governo russo.

O controle mais rígido foi aplicado aos frigoríficos JBS, Aurora, Frigoestrela, Frigol e Frigon. As restrições estão em vigor desde o dia 30 de outubro. Já a proibição contra os produtos MataBoi vale a partir do dia 15 de novembro. O motivo para a decisão russa foi a identificação de substâncias fora dos padrões do país.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse não ter sido notificado sobre a suspensão das importações de carne produzida por um frigorífico brasileiro. O ministro afirmou que saberá mais detalhes no início da semana, quando for informado oficialmente da decisão das autoridades sanitárias russas, mas que acredita que se trata de um procedimento normal.

— Nós consideramos normal esse tipo de procedimento. Também fizemos isso com alguns frigoríficos aqui. Às vezes, o exportador remete um lote de mercadoria que está com alguma inconformidade. Como não recebemos nada oficial ainda, não sabemos o que é. Vamos esperar a entrada da semana para sabermos quais são as inconformidades — disse.

Maggi assegurou que a suspensão nada tem a ver com a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que divulgou um esquema de fraudes entre frigoríficos e fiscais federais. Segundo o ministro, assim que o governo brasileiro souber qual o problema alegado por Moscou, as providências serão tomadas. 

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, também avalia que o procedimento é normal. Segundo ele, a decisão russa faz parte do sistema de alertas que existe no setor. Frigoríficos com produtos fora dos padrões passam a ser fiscalizados de forma mais rígida. A suspensão temporária costuma ocorrer por causa de reincidência de irregularidades. Agora, as empresas precisarão provar que fizeram os ajustes técnicos exigidos, comunicar ao Ministério da Agricultura que, por sua vez, informará o governo russo para que o bloqueio seja liberado.

— O Brasil manda 3 mil toneladas por mês para a Rússia. Quem trabalha com risco está sujeito a alguma irregularidade. É normal sair do verde para o amarelo, depois volta para o sinal verde. É normal — afirmou Camardelli, que também negou que o episódio tenha relação com a Operação Carne Fraca. — A Rússia já superou isso. Ela pediu algumas explicações e não adotou nenhuma sanção.

No início do mês, o ministro Blairo Maggi esteve em Moscou com o objetivo de ampliar o comércio bilateral agrícola entre Brasil e Rússia, incluindo as exportações de carnes bovina e suína, além de soja. Os russos, por sua vez, esperam vender trigo, pescados (bacalhau in natura) e cortes de picanha de gado para o Brasil.

Restrição à carne brasileira visa forçar abertura para produtos russos, diz fonte (no ESTADÃO)

Veto à compra de carne bovina estaria ligado às negociações envolvendo pescado, trigo e também carne bovina da Rússia (POR GUSTAVO PORTO)

O governo brasileiro trata a restrição parcial de importação de carne bovina pela Rússia, anunciada neste sábado, 4, como parte da "áspera negociação comercial" de produtos agropecuários entre os dois países.

Segundo fonte do Ministério da Agricultura que participa das negociações, suspensões de compra de carnes do Brasil são formas corriqueiras de forçar o País a abrir o mercado local para produtos russos.

-- "Eles são muito difíceis, não gostam de discutir na base técnica. O problema é que são bons compradores", informou a fonte.

O veto parcial à compra de carne bovina nesse caso está ligado às negociações para a liberação do mercado brasileiro para pescado, trigo e também carne bovina para a Rússia.

No caso do pescado, o Brasil já autorizou três plantas industriais russas a exportarem e uma de bovinos. Já para o trigo, a Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve avaliar na próxima quarta-feira, 8, a liberação de uma cota de importação do grão de 750 mil toneladas da Rússia, apesar de a indústria brasileira temer a entrada de pragas oriundas daquele país.

Segundo a fonte do Ministério da Agricultura, para ampliar o mercado de pescados com a Rússia, o Brasil fez novas exigências sanitárias em um questionário oficial, mas os russos não responderam. "Se fosse o contrário, jamais teríamos exportado pescado para lá".

Já na ampliação de compra de carnes russa, focos de aftosa naquele país são limitadores. "Se os casos fossem aqui, o mercado (russo) estaria fechado", relatou. "No trigo, querem que flexibilizemos a entrada de pragas no trigo deles aqui. Mas isso eu só faço no limite da segurança", concluiu.

Fonte: Poder360 + O GLOBO + ESTADÃO

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