‘Brasil pode dobrar produção de alimentos sem derrubar uma única árvore’, diz diretor presidente da Cargill
No começo, pode até soar como matemática básica. Segundo as Nações Unidas, a população mundial deve passar de 9 bilhões de habitantes nos próximos 30 anos. Atualmente, estamos em 7 bilhões. Embora expressivo, o número não parece intangível. Entretanto, a equação fica mais complexa se, entre os fatores, lembrarmos que 850 milhões de pessoas – ou 12% do planeta – ainda passam fome. É um horizonte de desafios, mas também de possibilidades.
“Tenho certeza de que não dá para pensar em resolver o problema de alimentar essa população toda sem pensar no Brasil”, crava o diretor-presidente nacional da Cargill, Luiz Pretti, à frente de uma das maiores indústrias de alimentos do país.
Pretti esteve em Curitiba durante o CEO Fórum, evento organizado pela Câmara Americana de Comércio e que reuniu lideranças de diversos segmentos da economia para discutir o Brasil de 2020. Em entrevista exclusiva ao Agronegócio Gazeta do Povo ele falou dos entraves que o país precisa superar para suprir uma demanda que cresce em ritmo exponencial.
O Brasil já é líder de produção e exportação de diversos alimentos. Onde mais podemos crescer?
Luiz Pretti: Na área de grãos ainda existe um caminho grande para crescer. Nesta safra, se não acontecer nada fora do comum, estamos prevendo uma colheita acima de 200 milhões de toneladas. Mas temos uma área livre de pasto a ser explorada. O Brasil pode facilmente duplicar a produção de alimentos sem destruir uma única árvore, apenas com tecnologia de confinamento de gado e aproveitar essas áreas para plantio de grãos.
Quais os principais desafios para chegarmos lá?
LP: Nós esperamos – enquanto empresa que está há muito tempo por aqui – uma conscientização do governo em relação a investimentos na área de infraestrutura. Um exemplo bastante específico é o projeto da BR-163, que corta o Centro-Oeste brasileiro, e até agora não está concluído. Paralelamente a isso, nós, enquanto empresa, estamos pensando em colocar R$ 350 milhões no Porto de Paranaguá quando a licença for renovada. Temos bom relacionamento no Paraná, mas isso toma mais tempo do que a gente esperaria. Voltando à BR-163, não é um projeto para uma empresa como a nossa tocar, não está no nosso DNA. Em comparação, portos, armazéns, fábricas, isso sabemos fazer e fazemos bem. É nisso que acreditamos e investimos. Porque se o Brasil não tiver para onde escoar nossos produtos, não vamos sair do lugar.
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