Como produzir alimento para 10 bilhões de pessoas?
A população mundial se aproximará dos 10 bilhões de habitantes em 2050, contra 7,3 bilhões em 2015, segundo uma análise bianual do Instituto Francês de Estudos Demográficos (INED), divulgada em setembro. No fim do século, deveremos chegar a 11 bilhões. Tais estimativas aumentam a responsabilidade e os desafios daqueles que estudam e trabalham diariamente com vistas a suprir a demanda da humanidade por alimentos, como os agrônomos e outros cientistas que atuam na área, técnicos e, principalmente, os produtores rurais, que empregam os fertilizantes – os nutrientes das plantas – em suas lavouras.
Parte essencial de todo ser vivo, os nutrientes são componentes insubstituíveis, fundamentais para o cultivo das plantas. Com o crescimento demográfico global, o uso sustentável dos adubos é essencial para recompor os minerais do solo e garantir o alimento saudável na mesa dos cidadãos.
De acordo com Dr. Heitor Cantarella, diretor do Centro de Solos do Instituto Agronômico de Campinas e coordenador da iniciativa Nutrientes Para a Vida, os solos agrícolas têm capacidade limitada de fornecer nutrientes e perdem sua fertilidade, ou mesmo se esgotam, com as sucessivas colheitas. “Em solos empobrecidos, não é possível produzir adequadamente os vegetais”, pontua.
Para exemplificar a necessidade do uso de fertilizantes, o especialista destaca uma das mais importantes invenções do século XX, que resultou em dois prêmios Nobel, e que mudou não apenas a agricultura, mas também a própria forma de vida da civilização: a descoberta da síntese da amônia a partir do nitrogênio encontrado no ar. “Alguns estudiosos estimam que, graças aos fertilizantes produzidos a partir desse processo, 40% das pessoas que hoje vivem podem ser alimentadas em todo o mundo”.
Tecnologia
Os fertilizantes são parte da evolução tecnológica e modernização da agricultura, aumentando a oferta de alimentos e melhorando os retornos financeiros: o aprimoramento das técnicas de adubação e o conhecimento da nutrição vegetal permitem ganhos amplos de produtividade. “Por exemplo, o desenvolvimento da genética e o aprimoramento das plantas resultam em culturas mais produtivas e com características desejáveis para o consumidor. Esse potencial dos novos cultivares exige a fertilização adequada para se expressar. Ou seja, o benefício dos fertilizantes se manifesta duplamente”, reforça Dr. Cantarella.
Conscientização
É imprescindível estimular os grandes e pequenos produtores a empregarem corretamente os fertilizantes nas suas lavouras. Os pequenos produtores podem, inclusive, beneficiar-se mais dessa prática já que, com pouca área disponível, precisam garantir a produtividade para manter a sustentabilidade econômica de seu empreendimento.
E foi para esclarecer esse público, em especial os leigos, a respeito da importância dos fertilizantes que foi lançada recentemente no Brasil a iniciativa Nutrientes Para a Vida.
“Podemos dizer que os adubos fornecem nutrientes para as plantas, e que estas, por sua vez, os repassam aos animais que delas se alimentam, inclusive a nós, os humanos”, argumenta Dr. Cantarella.