Pesquisa inédita mostra independência no perfil das mulheres do agronegócio nacional

Publicado em 26/10/2016 13:59

O perfil do produtor rural está mudando nos últimos anos com o aumento da participação da mulher no campo. É o que mostrou a pesquisa inédita divulgada durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que teve sua primeira edição nesta semana em São Paulo, nos dias 25 e 26 de outubro no Centro de Convenções do Transamerica Expo Center. O estudo aponta que além do aumento da participação feminina, também há uma tendência de mudança na forma de gestão das propriedades com esse incremento.

A pesquisa realizada com 301 mulheres mostra que 88% são independentes financeiramente e mais de 50% das entrevistadas possuem ensino superior – sendo 25% com pós-graduação. Diante deste cenário, a pesquisadora responsável pelo estudo Adélia Franceschini, diretora de Market Intelligence na Fran6, aponta que há um aumento na procura por novas tecnologias e uma troca muito maior de informações entre as mulheres. “A mulher tem o perfil de perguntar mais e não têm medo de pedir ajuda quando necessário”, explica.

Além disto, 71% das entrevistadas disseram já ter sofrido com o machismo no campo e muitas não se consideram líderes em suas propriedades, mesmo atuando em funções importantes. “Muitas mulheres não têm coragem de assumir a gestão. Há um pouco de timidez neste sentido”, aponta Franceschini.

Outro dado interessante do estudo aponta que 87,3% dos cargos de liderança são ocupados por homens e apenas 12,7% são mulheres. Durante o congresso, a Diretora de Assuntos Corporativos da Dow AgroSciences Brasil Marilene Iamauti, explica que a falta de divisão de tarefas dentro domésticas também acaba prejudicando o ambiente corporativo. “É muito mais fácil para um homem fazer um networking fora do horário de trabalho, nem todos precisam buscar os filhos na escola no final do dia”, explica.

A pesquisa também aponta que grande parte destas mulheres acaba entrando no agronegócio por processos familiares, heranças, além de executivas, que acabam se envolvendo por meio de grandes corporações. Além disto, muitas famílias não costumam apoiar a entrada destas mulheres no setor.

Foi o caso da produtora rural e proprietária da Fazenda Orvalho das Flores em Barra dos Graças (MT), Carmen Perez, que assumiu a propriedade do avô aos 22 anos, mesmo contra a vontade da família. Ela conta que as mulheres possuem mais estímulo para criar seus empreendimentos, trabalhando muito mais em prol de projetos de capacitação com os empregados.

Ela também acredita que a diferença dos perfis entre homens e mulheres acaba sendo algo positivo para o processo no campo. “Não é uma disputa por forças, são questões complementares”, comentou durante o Congresso.

Uma das percepções apresentadas na pesquisa mostram que a proatividade das mulheres em relação as questões do campo está relacionado ao fato de que homens tem a estabilidade nas funções que fazem, sem a necessidade de se mostrarem capazes para atuar em seus cargos. Por isso, Adélia Franceschini aponta que os perfis masculinos costumam ser mais reticentes a novas ideias e são mais conservadores em suas gestões.

Além disto, a pesquisa também procurou entender quais são as maiores preocupações destas mulheres no campo e apontou que sucessão da propriedade e governança, questões familiares, comercialização e compra de insumos e máquinas são os assuntos mais importantes. Justamente por estas questões é que há uma busca maior na capacitação dos filhos, com 61% das mulheres mostrando interesse que os negócios continuem na família.

Apesar de a pesquisa contemplar poucas mulheres até o momento, uma coisa foi unanimidade entre as congressistas: a união é a força da mulher no campo. Por isso, Franceschini conclui em sua pesquisa que a tendência para os próximos anos é de um agronegócio muito mais focado na inovação e muito mais comunicativo. 

Por: Sandy Quintans
Fonte: Notícias Agrícolas

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