Mercado de terras para pastagem valoriza 83% nos últimos 10 anos

Publicado em 27/06/2016 07:43

O ativo “terras para pastagem” foi um dos investimentos mais rentáveis da última década. Apenas o ouro negociado na BM&F Bovespa – a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo – apresentou remuneração equivalente em dez anos: uma valorização real de 83%.

Na opinião de José Vicente Ferraz, diretor técnico do Informa Economics Group – Consultoria e Informações em Agronegócios (IEG-FNP), a valorização das terras para pastagem ocorre por ser um bem não reprodutível e com demanda crescente. “Além disto, estas terras também se valorizam, em particular, porque em muitos casos podem ser transformadas em áreas de lavouras mais produtivas e com maior faturamento por unidade de área”, explica.

Ele, no entanto, ressalta que este mercado é de baixa liquidez e com comportamento bastante regionalizado. “As terras, de modo geral, têm baixa liquidez porque o investimento é complexo; a compra de uma gleba envolve procedimentos de investigação (das condições físicas do imóvel, potencialidades, condições legais, etc.) que normalmente demandam tempo, ademais terras nunca são iguais, portanto, o processo de negociação depende da região e leva tempo”, explica.

De acordo com o diretor do IEG-FNP, os negócios do setor deverão oscilar muito nos próximos anos. “O mercado corporativo de terras, de grandes áreas, esteve parado no último ano e há expectativa de que as taxas de valorização na próxima década sejam menores que os índices observados no passado recente”, prevê Ferraz. Ele acrescenta que a indefinição do cenário político e a paralisação dos projetos de infraestrutura reduzem o potencial de retomada do mercado de terras em curto prazo.

EXPECTATIVA

Com o desenvolvimento imobiliário, a atividade pecuária, tradicionalmente de baixa rentabilidade, torna-se bastante atrativa. Além disto, o mercado de terras tem se mostrado bastante rentável na última década e tende a manter bons níveis de valorização no longo prazo. Porém, para Ferraz, ainda é cedo para quaisquer conclusões.

“Não é possível fazer uma previsão numérica, mas estamos convencidos que a taxa (média) nos próximos 10 anos será menor que nos 10 anos passados, pois teremos que recuperar uma crise que deve incluir na média taxas muito menores”, informa.

Na opinião do diretor técnico do IEG-FNP, apenas a recuperação de pastos degradados já proporciona ganhos significativos de capital. “Também temos os sistemas de integração produtiva, como o ILPF, que são estratégias bastante interessantes e que podem elevar significativamente a rentabilidade da atividade com nível de riscos gerenciáveis.”

RISCO

Para ele, o principal gargalo do segmento de terras é o crédito. “O maior problema desse mercado, no momento, é o risco de crédito. Empresas com endividamento elevado, em alguns casos em dólar, podem colocar seus ativos em liquidação para honrar seus compromissos financeiros”, destaca.

Neste sentido, ele explica que os bancos podem executar suas garantias em caso de inadimplência, gerando pressão no mercado.  Segundo ele, a execução de garantias já ocorreu este ano no Mato Grosso e pode aumentar se o cenário econômico não melhorar.

Fonte: SNA

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