Agravamento da crise política derruba o dólar e trava mercados no agronegócio brasileiro

Publicado em 04/03/2016 12:49

A Operação Lava-Jato chegou, nesta sexta-feira (4), a sua 24ª fase, batizada de Aletheia, ou "busca da verdade", com seu alvo principal no ex-presidente Lula. A Polícia Federal o conduziu coercitivamente logo cedo ao aeroporto de Congonhas, onde ele segue prestando depoimento e esclarecendo esquemas milionários e benefícios ligados ao Petrolão. 

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E os efeitos do agravamento dessa crise política, portanto, já podem ser sentidos no agronegócio brasileiro, mas ainda trazem inúmeras incertezas. Como relata o consultor de mercado Carlos Cogo, os negócios com os grãos - principalmente soja e milho - foram paralisados e os produtores brasileiros, que vinham evitando participar do mercado nas últimas semanas, ficaram ainda mais apreensivos. 

O dólar abriu a sessão desta sexta-feira despencando e perdendo quase 4%, batendo nos R$ 3,65, porém, foi se recuperando e, por volta de  12h20 (horário de Brasília), registrava uma baixa de 2,01% e era cotado a R$ 3,726. Na contramão, os preços da soja chegaram a registrar ganhos de até 12 pontos na Bolsa de Chicago, diante da desvalorização da moeda norte-americana, fazendo com que os preços das posições mais negociadas voltassem a atuar entre US$ 8,70 e US$ 8,80 por bushel. Por volta de 12h15 (Brasília), as cotações subiam cerca de 10 pontos e o contrato maio/16, referência para a safra brasileira, era negociada a US$ 8,73. 

Os ganhos são os mais expressivos das última sessões e podem ser  observados ainda entre os futuros do milho, também negociado na Bolsa de Chicago, bem como nos futuros do café, na Bolsa de Nova York. Os futuros do arábica, subiam mais de 150 pontos. O Ibovespa, que começou o dia subindo mais de 6%, registrava um ganho de 3,87% para 49.019 pontos. As ações da Petrobras chegaram a subir mais de 20%. 

"O mercado já vinha precificando essa hipótese da investigação da Lava Jato se estender até o ex-presidente Lula e o atual governo, tanto que o dólar já vinha, nos último dias, mostrando isso, o que se refletia em um entendimento dos investidores que o cenário político futuro, que uma queda da presidente Dilma, levaria a uma melhoria do cenário econômico", explica Carlos Cogo.

O efeito para os preços no Brasil, porém, também já pode ser sentido e o primeiro deles é uma redução nas indicações tanto de vendas no mercado interno, e principalmente nas vendas futuras, como a safrinha de milho e a 2016/17 de soja, além dos negócios no mercado spot (disponível).

"Em Mato Grosso, por exemplo, nas primeiras indicações de hoje de manhã, os traders estão, praticamente, fora do mercado, mas os compradores presentes, já têm preços - em relação à última segunda-feira (29), com preços de R$ 2,00 a R$ 2,50 por saca mais baratos", explica o consultor. "Enquanto não houver um estancamento no câmbio, o repasse para os commodities vai continuar ocorrendo, não tenho nenhuma dúvida", completa. 

No porto de Rio Grande, a soja disponível no início da tarde desta sexta-feira perdia 1,32% e era negociada a R$ 74,50 por saca, enquanto o produto com entrega futura - entre maio e junho - perdia 1,31%, com referência em R$ 75,50. Na região de Sorriso/MT, por exemplo, a saca de milho que vinha trabalhando na casa dos R$ 30,00 entre janeiro e fevereiro tinha referência, na manhã de hoje, entre R$ 16,00 e R$ 17,00, com pagamento setembro, sem qualquer mudança nos fundamentos de seu mercado, ainda segundo Cogo. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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