Na Folha: Agricultura quer usar informação de lavouras para entrar na era digital
A agricultura está diante de uma nova revolução. Dessa vez, ela virá da informação e colocará o setor no campo tecnológico. Depois da Revolução Verde, que inovou com práticas de manejo agrícola, e da biotecnologia, agora é a hora da agricultura digital.
Essa é a visão de Mike Stern, presidente da Climate Corp, empresa que começa a trazer ao mercado brasileiro uma ferramenta para coleta e melhor aproveitamento de todas as informações existentes nas lavouras.
O objetivo da Climate é combinar ciência agronômica, germoplasma (material genético das sementes), utilização de dados e engenharia de software.
A empresa foi comprada pela Monsanto, líder em biotecnologia, em 2013.
Com a Climate, dedicada à gestão de dados, o grupo Monsanto pretende fornecer um pacote completo de soluções para o agricultor, movimento que outras multinacionais também buscam.
"A nossa visão é ajudar o produtor a melhorar a produtividade por meio dessas ferramentas digitais", diz Stern.
O principal produto da empresa funciona da seguinte forma: um dispositivo, que se conecta às máquinas em atividade no campo, recolhe todas as informações do plantio e da colheita e as transmite para um iPad. Depois, os dados são armazenados na nuvem (servidores externos que possibilitam o acesso remotamente).
O produtor terá, então, todas as informações para cada talhão (áreas de plantio), como o tipo da semente, a velocidade e a profundidade do plantio, o número de pulverizações de defensivos agrícolas e ainda dados de desenvolvimento do clima, em uma só plataforma.
A conjugação dessas informações poderá auxiliar o produtor a escolher o melhor momento para o plantio e o tipo de insumo a utilizar. "O agricultor terá a visualização da safra inteira. Achamos que podemos utilizar essas informações para fazer correlações que não são visíveis a olho nu e ajudar o produtor a tomar decisões mais fundamentadas", diz Stern.
Ainda nos primeiros passos no Brasil, o produto já tem um desenvolvimento mais avançado nos Estados Unidos.
No país, a empresa está fazendo testes com 35 produtores, em Mato Grosso, Paraná e Bahia. O lançamento deverá ocorrer em dois anos.
Se a ferramenta é capaz de trazer maior produtividade, no caso do Brasil o produtor terá alguns desafios. O principal deles, segundo Stern, é a dificuldade de acesso à internet em várias regiões produtoras. "Não é impossível, mas será mais difícil."
PRODUTIVIDADE
Stern diz que é cedo para avaliar um ganho médio de produtividade, mas essa ferramenta pode encurtar a distância entre os menores e maiores rendimentos.
No Brasil, a produção média de soja é de 50 sacas por hectare, mas desafios de produtividade apontam rendimento de até 120 sacas. Diferença semelhante ocorre nos Estados Unidos. Mas a Climate poderá encontrar objeção de alguns produtores.
Os dados das lavouras a serem utilizados por essa ferramenta passarão para a empresa, que terá acesso às informações da fazenda. O produtor também deverá compartilhar esses dados com outros da mesma região.
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