Mercado de café: QUANDO TODOS ESTÃO DO MESMO LADO...

Publicado em 06/12/2015 16:33
Por Rodrigo Corrêa da Costa -- que escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting (+ NA)

O presidente do Banco Central Europeu há algum tempo tem afirmado que a entidade iria usar medidas necessárias para estimular inflação na região. Falou tanto que os investidores montaram apostas pesadas no enfraquecimento do Euro, na valorização de ações europeias e dos títulos de dívidas soberanas.

Na quinta-feira Mario Draghi entregou menos do que dava a entender que faria e a corrida para reverter posições derrubou o mercado acionário europeu, com o DAX caindo mais de 3% no dia, e fez o Euro oscilar para cima mais de 3% também, se comportando quase como uma moeda de um país emergente.

A criação de postos de trabalhos nos Estados Unidos em novembro e a revisão de outubro reforça a crença do mercado de que o FED aumentará os juros no fim da sua reunião no próximo dia 16. Por outro lado a atividade econômica ainda não dá sinais tão robustos, demonstrada no dado do ISM de não-manufaturados que teve uma queda de 3.1 pontos.

A reversão de ganhos do dólar americano foi boa notícia para os índices das commodities que após fazerem novas mínimas recuperaram – ao menos momentaneamente. A performance só não foi melhor em função da OPEP ter aumentado o teto de produção de petróleo por seus membros em um momento e que os estoques estão inchados, empurrando desta forma o WTI para baixo de US$ 40.00 o barril – pobre Petrobrás.

O café conseguiu ser menos influenciado pelas oscilações fortes, mas sem dúvida se beneficiou da firmeza do Real brasileiro que valorizou em reação ao aceite do pedido de impeachment de Dilma e do movimento do dólar contra as demais moedas.

Nova Iorque subiu 2.48% na semana com os fundos cobrindo uma parcela de suas vendas futuras e encontrando vendas relativamente leves das origens. Os produtores de suaves que estão em plena colheita devem ter aproveitado o movimento, enquanto no Brasil o ritmo de vendas vai diminuindo com a proximidade do fim do ano.

Londres também teve um fechamento semanal bom, pegando carona no movimento do arábica e dos diferenciais de reposição firmes que refletem a falta de interesse de venda dos vietnamitas nos atuais patamares. A VICOFA, associação de café e cacau do Vietnã, estima que a produção de 15/16 deverá ser 10% menor do que no ciclo anterior, totalizando 18 milhões de sacas. A colheita avança com quase 40% completo até agora.

As exportações brasileiras em novembro segundo o ministério do comércio foram de 3,116,107 sacas, dando sinais que os números da CECAFÉ não devem arrefecer no mês ainda – principal argumento dos baixistas, que convenhamos tem razão, por ora, já que o destino é abastecido e mantém cafés lá fora diminuindo a janela de um suposto aperto para o primeiro semestre de 2016.

Tecnicamente a semana foi de reversão da baixa para o contrato “C”, que tendo os fundos ainda com uma posição bruta vendida razoável pode acelerar os ganhos no curto prazo para próximo de US$ 130 centavos por libra – eventualmente até um pouco mais.

O mercado já descontou todas as notícias negativas, com os vendidos agora depositando suas esperanças em uma pressão vendedora das origens e/ou uma renovada aposta de valorização do dólar. O exemplo clássico de um “crowded-trade” (trade onde todos se posicionam olhando para a mesma direção) foi o que vimos com o Euro nesta semana. Embora o café não esteja na mesma magnitude ao menos os altistas são escassos e quem está baixista obviamente não está comprado e sim vendido...

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,

Rodrigo Costa*

Cup of Excellence: definição dos melhores cafés naturais do Brasil começa nesta segunda, dia 7

Etapa nacional terminou dia 4 e selecionou 39 amostras, que serão avaliadas por profissionais internacionais para a definição dos vencedores do Cup of Excellence – Naturals 2015

O júri nacional do Cup of Excellence – Naturals 2015 encerrou seus trabalhos na sexta-feira, 4 de dezembro, e aprovou 39 amostras para a fase final, quando profissionais internacionais virão ao Brasil para elegerem os melhores cafés naturais (colhidos e secos com casca) da safra 2015. O concurso é uma realização da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE), contando com o apoio do Sebrae.

Conforme apuração da Safe Trace Café, empresa responsável pela auditoria do certame, seis regiões tiveram suas amostras classificadas para a fase internacional: 25 amostras da Indicação de Procedência da Mantiqueira de Minas (64,10%); sete do Sul de Minas Gerais (17,95%); quatro da Indicação de Procedência da Alta Mogiana de São Paulo (10,26%); uma da Denominação de Origem do Cerrado Mineiro (2,56%); uma das Matas de Minas (2,56%); e uma da Média Mogiana Paulista (2,56%). O resultado completo pode ser acessado no site da BSCA (https://bsca.com.br/cup-of-excellence-late-harvest.php?id=28).

Na fase internacional, que ocorrerá em Franca (SP), de 7 a 11 de dezembro, degustadores e classificadores dos principais países importadores do mundo reavaliarão as amostras, com base em propriedades como corpo, sabor, doçura e grau de acidez, classificando-as com notas de 0 (zero) a 100, conforme tabela oficial do concurso, e definirão os campeões, que serão ofertados em disputado leilão mundial, via internet, no qual são alcançados preços muito maiores que os pagos no mercado convencional.

Cup of Excellence voltado à seleção dos cafés naturais é realizado exclusivamente no Brasil, o maior produtor global, e tem o intuito de apresentar ao mundo a diversidade e a sustentabilidade dos grãos colhidos e secos com casca. “Os resultados alcançados nas edições anteriores mostram que esta iniciativa foi correta e fundamental para o principal tipo de café colhido no País, o natural, e vem apresentando ao planeta que o produto brasileiro tem qualidade excepcional e em quantidade para atendermos à qualquer demanda existente, haja vista os recordes que vêm sendo quebrados nos leilões”, comenta Vanusia Nogueira, coordenadora nacional do concurso, mencionando o valor de R$ 9.384 (US$ 3.148) por saca pagas ao campeão da edição 2014.

SERVIÇO

Cerimônia de premiação do Cup of Excellence – Naturals 2015

Data: 11/12/2015, a partir das 18h30

Local: Franca Polo Clube – Av. São Vicente, 6.330, Vila Hípica, Franca (SP)

Mais informações para a imprensa

BSCA – Assessoria de comunicação

Paulo André Colucci Kawasaki

(61) 8114-6632 / ascom@bsca.com.br

VEJA TAMBÉM:

#CaféWebTV: PALESTRA: Sustentabilidade na produção de cafés naturais - Vanusia Nogueira - BSCA

 

 

 

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Mercado de açúcar: OLHANDO ALÉM DA PRÓXIMA SAFRA

O mercado futuro de açúcar em NY teve uma semana de alta vigorosa. O fechamento do vencimento março/2016 na sexta-feira cravou 15.48 centavos de dólar por libra-peso (depois de ter negociado até 15.85 centavos de dólar por libra-peso), representando um acréscimo de 50 pontos em relação à semana anterior, ou seja, mais de 11 dólares por tonelada. Os vencimentos para a safra 2016/2017 do Centro-Sul na bolsa, de maio/2016 até março de/2017, apresentaram variações positivas médias de 8-9 dólares por tonelada. A safra seguinte (2017/2018) ficou de lado.

Os fundos não-indexados continuam mantendo uma posição que segura o mercado nos níveis atuais. São 212.000 contatos comprados que equivalem a 10.8 milhões de toneladas de açúcar. No entanto, acredito que a adição de mais compras além desse volume pode colocar um limite na movimentação dos fundos. Traduzindo: o mercado pode eventualmente ficar pesado. O volume enorme de puts (opções de venda) em aberto para vencimento em janeiro (entre os preços de exercício de 14.00 e 15.50 centavos de dólar por libra-peso) devem somar 16.000 contratos.

O que serve de alento para o mercado físico que anda de lado e não apresenta nenhuma novidade é que o spread (março/maio) continua firme fechando a 46 pontos. Normalmente o spread é o termômetro que antecipa no mercado futuro aquilo que provavelmente vai ocorrer no mercado físico. Por enquanto, tudo leva a crer que os fundamentos vão prevalecer.

A previsão de preços de NY baseada no modelo desenvolvido pela Archer Consulting, que considera os preços médios de cada mês nos últimos quinze anos e a correlação deles na formação de preço dos meses seguintes, aponta que o preço médio de dezembro deve ficar 8% melhor do que o de novembro. E janeiro deve ficar 4% melhor do que o preço de dezembro. Fevereiro teria o pico de preços seguido de março com ligeira queda. Estamos falando de preço médio, não de preço máximo.

A desvalorização do real em relação ao dólar e o descolamento do mercado de açúcar em NY do câmbio incentivaram às usinas a travar seus preços em reais que também atingem recorde. Depois que o contrato de açúcar em NY se descolou das oscilações do dólar, houve um acréscimo surpreendente de fixações de preço dos contratos de exportação de açúcar por parte das usinas como nunca antes. A quarta estimativa do volume fixado para a safra 2016/2017 apurada pelo modelo desenvolvido pela Archer Consulting apresenta um total de 13,174 milhões de toneladas de açúcar ao preço médio de 13,57 centavos de dólar por libra-peso, ou seu equivalente em R$ 1.172 por tonelada FOB. Esse volume deve representar uma fixação de 55.75% da safra, considerando a estimativa da Archer de um volume de exportação brasileira de açúcar da ordem de 25,12 milhões de toneladas. O dólar médio obtido pelas usinas é de 3,7639 reais. O modelo estima um erro para mais ou para menos de 3.74% do preço encontrado. Comparativamente às últimas quatro safras, o percentual acumulado de fixação de 55.75% para a 2016/2017 é o mais alto já visto. O ano passado, por exemplo, o acumulado nesse mesmo período era de apenas 23.23%.

Veja o gráfico do fechamento diário do mercado futuro de açúcar em NY (primeira cotação) convertido em R$/tonelada, pelo câmbio do Banco Central e ajustado pelo IGPM. O maior preço ajustado no período analisado (de janeiro de 2010 até hoje) foi de R$ 1.964.58 (em 29/01/2010) por tonelada, valor que seria obtido hoje, considerando o real a 3.8500 se NY negociasse a 22.25 centavos de dólar por libra-peso. O preço ajustado mais baixo foi de R$ 789.59 por tonelada (equivalente hoje a NY 8.94 centavos de dólar por libra-peso) ocorrido em 16/09/2014.

Em valores nominais as usinas estão recebendo o maior preço em reais por tonelada desde fevereiro de 2011. Preço acima de R$ 1.300 equivalente FOB com prêmio de polarização é extremamente remunerador. Haja vista que muita gente começa a fazer cálculos para fixar também para a safra 2017/2018. Veja bem, as empresas bem capitalizadas e com gestão de risco profissional que conseguem fazer NDF (contrato a termo de dólar com liquidação financeira) para 2017 e fixar futuros para o mesmo período, podem conseguir uma fixação do açúcar equivalente a R$ 1.500 por tonelada.

Caso a situação política se mantenha do mesmo jeito e o dólar médio para 2017 seja de R$ 4.0000, a cotação média de açúcar em NY precisa estar em 16.35 centavos de dólar por libra-peso para que se obtenha os mesmos R$ 1.500 por tonelada, ou seja, precisa subir 200 pontos. Se houver uma melhor do cenário político e o dólar em 2017 fique na média em R$ 3.5000, NY vai precisar negociar a 18.70 centavos de dólar por libra-peso para empatar com o que é possível fixar nas condições de hoje, isto é, uma elevação de 440 pontos.

Se ainda assim a empresa não se sentir segura com os R$ 1.500, pode fazer algumas operações usando derivativos para aproveitar uma eventual elevação do preço em dólares.

Marque na sua agenda para 2016. O Curso Noturno de Opções vai ocorrer dias 22, 23, 24 e 25 de fevereiro em São Paulo. Em março, dias 29, 30 e 31 ocorre o XXV Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos em Commodities Agrícolas.

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Bom final de semana a todos.

Arnaldo Luiz Corrêa

Fonte: Archer Consulting + NA

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