Atraso na aquisição de fertilizantes pode sobrecarregar portos brasileiros e encarecer preços, afirma INTL FCStone
O suprimento de fertilizantes para a próxima safra de grãos enfrentará dificuldades. Isso porque, de acordo com a consultoria INTL FCStone, alguns fatores conjunturais do mercado de grãos desde o ano passado (como a queda dos preços internacionais) fizeram com que ocorresse um atraso na comercialização tanto da soja, quanto dos fertilizantes.
Como grande parte dos fertilizantes utilizados no país são importados e cerca de 40% do total consumido é aplicado no cultivo da soja, já se observa uma movimentação abaixo do normal nos portos neste início de ano. A consequência sugere uma sobrecarga nos portos durante o segundo semestre de 2015, uma vez que a janela de aquisição de fertilizantes começa a se fechar.
“Acreditamos que deve ocorrer um hiato entre a ampla oferta internacional e a escassez doméstica de fertilizantes, com movimento altista de preços no interior do Brasil entre os meses de julho e outubro”, afirma a analista da consultoria Natália Orlovicin. Os maiores custos logísticos também influenciarão os preços e há, inclusive, risco de escassez de produto em algumas regiões. “Se considerarmos que o estoque, produção e capacidade de importação não estão distribuídos da mesma forma que a demanda, há uma grande possibilidade de que algumas regiões enfrentem dificuldade em obter produto no período necessário e tenham que incorrer em custos logísticos para movimentar produtos pelo país”, aponta.
Nesse cenário, os portos enfrentarão uma considerável pressão nos próximos meses, resultando em mais dias de demurrage (taxa cobrada por cada dia de espera do navio no porto), filas nos portos e, consequentemente, um encarecimento dos preços dos fertilizantes, afetando principalmente os ‘compradores de última hora’.
De acordo com estimativa da INTL FCStone, a produção doméstica de fertilizantes até o final de setembro deve ficar em 7,1 milhão de toneladas, representando uma recuperação em relação ao ano de 2014. O estoque inicial em 2015 foi de 5 milhões de toneladas e as importações até o final do mês de maio totalizaram 6,7 milhões de toneladas. Dessa forma, há uma oferta existente de cerca de 18,8 milhões de toneladas, com uma demanda a ser coberta pelas importações entre junho e setembro entre 10 e 11,8 milhões de toneladas.