Sucesso do agronegócio causa ressentimentos, diz presidente da CNA
Água e agronegócio
POR João Martins da Silva Junior, PRES. DA cna
O sucesso frequentemente causa ressentimento. A agricultura e a pecuária brasileiras são um case único de êxito, exemplo para todo o mudo. De país importador de produtos agropecuários nos anos 1970, o Brasil tornou-se em pouco tempo um dos maiores produtores mundiais de alimentos. Somos referência nesse setor produtivo. Quando se pensa, no mundo, em produção de alimentos, os olhos se voltam para nós.
Para que se possa melhor avaliar a nossa importância, convém ressaltar que o País é, no ranking mundial, o maior produtor e exportador de café e de suco de laranja, o segundo produtor e primeiro exportador de carne bovina e de frango, o segundo produtor e segundo exportador de soja em grão, o terceiro produtor e segundo exportador de milho, o quarto produtor e segundo exportador de farelo e óleo de soja, o quarto produtor e exportador de carne suína e o quinto produtor e o terceiro exportador de algodão. Os números são invejáveis. Deveriam ser, simplesmente, motivo de orgulho nacional.
Mas o ressentimento é um de seus efeitos colaterais. Muitas vezes por motivos ideológicos, oriundos de pessoas e movimentos sociais que têm aversão ao direito de propriedade, à livre-iniciativa e ao empreendedorismo, volta-se contra os fundamentos mesmos do sucesso da agropecuária. Na verdade, tais posições terminam se voltando contra a produção e o consumo barato de alimentos, para o País e para o mundo.
Agora o motivo, o vilão, parece ser o consumo de água, como se a crise hidrológica fosse, de alguma forma, de responsabilidade da agropecuária. Cabe, porém, preliminarmente ressaltar que não há produção de alimentos sem consumo de água. Da mesma maneira, não há ser humano que exista sem consumo de água e de alimentos. Às vezes uma verdade tão banal como esta deve ser enfatizada, pois a cegueira ideológica impede ver dados básicos.
A maior parte da água usada na agricultura e na pecuária no Brasil provém da chuva, não cabendo aqui nenhuma inferência sobre um suposto desperdício indevido para essa atividade socioeconômica. Se houvesse tal desperdício, seria proveniente da prática da irrigação, necessária, aliás, para tornar produtivas imensas regiões do País que não contam com precipitação pluvial anual adequada. É o caso, por exemplo, do Nordeste, que necessita, por suas condições próprias, de agricultura irrigada.
Se não fosse isso, teríamos de abandonar enormes regiões do País à miséria, ao desemprego e à baixa renda. Ademais, mesmo na irrigação por sulcos, a partir do desvio de córregos e rios para a lavoura, o excedente volta a fazer parte do ciclo hidrológico, alimentando o lençol freático. É uma forma de produção de alimentos, completamente diferente da água desperdiçada, isso sim, nos consumos urbano e industrial.
Mas até mesmo nesse caso os números não confirmariam tal suposta hipótese. A área da produção agrícola brasileira é constituída de 63.765 milhões de hectares, produzindo 921.118 milhões de toneladas de produtos agrícolas. Ora, desses milhões de hectares, só 4,5 milhões correspondem à área irrigada. Menos de 10% da área total!
A agropecuária brasileira é um setor de ponta. Setor moderno que, em muito, se antecipou a muitos de seus críticos. Dentre as tecnologias recomendadas para a adequação de propriedades a captação da água das chuvas, recarga de lençóis freáticos e revitalização de riachos e mananciais, destaca-se a construção de barragens ou miniaçudes para a captação de enxurradas, que promovem a infiltração da água no solo e a intercepção de fluxos de erosão laminar. Dessa maneira, aumentam a umidade do solo e a elevação do lençol freático.
Ora, essas tecnologias para a construção de minibarragens têm sido implementadas em diversas regiões do País, desde 1993, graças ao trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os benefícios sociais, econômicos e ambientais são enormes. Segundo essa instituição, 150 mil barraginhas tiveram diretamente o seu envolvimento, com mais de 600 técnicos das Emateres sendo formados em 12 anos. Fruto de todo esse trabalho e do empreendedorismo da iniciativa privada, outras 300 mil barragens foram construídas no País.
Note-se o expressivo número de barragens e miniaçudes construídos pelos empreendedores rurais de nosso país que se dedicaram, por eles mesmos, à implementação dessa tecnologia que tanto favorece o ciclo hidrológico. Antes de o problema do desperdício ser apresentado, medidas foram tomadas. A agricultura e a pecuária anteciparam-se aos problemas que, hoje, estão sendo vividos.
Outras tecnologias de conservação do solo e da água vêm sendo igualmente utilizadas, como, por exemplo, o plantio direto, os sistemas integrados e o terraceamento. Do mesmo modo, o setor vem adotando a integração lavoura-pecuária-floresta, juntamente com o plantio direto e a construção de terraços, com o objetivo de garantir a "produção" de água nas fazendas, por intermédio da intensificação da infiltração de água no solo, elevando os níveis dos aquíferos e do lençol freático.
Muito se fala hoje de reúso nos meios urbanos, sem que se atente devidamente para que tal técnica já é utilizada no meio rural, com aproveitamento de águas de qualidade inferior. Os sistemas de utilização da água estão sendo igualmente aprimorados, com gotejamento em determinadas lavouras e a irrigação noturna.
Ora, o conjunto dessas práticas propicia uma intensificação sustentável da agropecuária de enorme impacto em todo o ciclo hidrológico. A agricultura e a pecuária brasileiras não esperaram a crise da água para agir. Graças ao empreendedorismo de seus membros e ao acolhimento de pesquisas científicas e tecnológicas feitas por universidades e centros de pesquisa, com especial destaque da Embrapa, o setor agropecuário pôs-se adiante de seu tempo. Sua modernidade e sua pujança são reconhecidas internacionalmente. Eis a nossa contribuição para o Brasil.
JOÃO MARTINS DA SILVA JUNIOR É PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL (CNA)
A crise de água e as mudanças climáticas,
por JOSÉ GOLDEMBERG - O ESTADO DE S.PAULO
Todos sabemos que o clima varia constantemente e é difícil de prever: ora chove muito, ora chove pouco, ora faz calor, ora faz frio. Nunca há dois dias exatamente iguais, mas os cientistas aprenderam que essa variabilidade ocorre em torno de valores médios.Por exemplo, a média anual da precipitação de chuva de 1961 a 1990 em São Paulo foi de 1.441 milímetros e bastaria para cobrir toda a área da capital com uma camada de água de 1 metro e 44 centímetros. A precipitação mínima foi no mês de agosto, 39,6 milímetros, e a precipitação máxima, no mês de janeiro, 237,4 milímetros. O mesmo se dá com a temperatura: nos meses mais quentes as temperaturas raramente são superiores a 23 graus centígrados e nos meses mais frios a temperatura máxima poucas vezes ultrapassa os 15 graus.
Sucede que existem eventos climáticos, quer de temperatura, quer de chuva, que são extremos e raramente acontecem. Por exemplo, em 17 de outubro de 2014 a temperatura atingiu 37,8 graus centígrados, a maior desde 1961. Em 24 de julho de 2013 a temperatura não ultrapassou 8,7 graus, na tarde mais fria desde 1962.
As variações extremas no regime de chuvas podem ameaçar o suprimento de água potável a grandes centros urbanos como São Paulo, mas há outras consequências, como a variação de precipitação nas grandes bacias hidrográficas, que pode comprometer a produção de energia das usinas hidrelétricas. Essa situação se agrava ainda mais na medida em que usinas são construídas sem reservatórios ("a fio d'água"), sendo totalmente dependentes do fluxo de água. Além disso, mesmo que chova muito, a precipitação pode ser nos lugares errados, como é o que está acontecendo com o reservatório da Cantareira, em São Paulo.
As causas desses eventos extremos são complexas, mas o principal suspeito é o aquecimento global. Com a atmosfera mais quente, ela se torna mais turbulenta, sendo necessário descarregar essas turbulências em algum lugar: são secas, furacões e inundações sem precedentes, que afetam grandes populações e causam prejuízos materiais de centenas de bilhões de dólares. É um fato bem documentado que esses eventos climáticos se estão tornando cada vez mais frequentes.
É por essa razão que já em 1992 foi adotada no Rio de Janeiro a Convenção do Clima, cujo propósito é estabilizar a concentração de gases responsáveis por este aquecimento, o principal dos quais se origina na queima de combustíveis fósseis. Essa concentração já aumentou muito desde o início da Revolução Industrial, no século 19, e continua aumentando.
Em 1977, por meio do Protocolo de Kyoto tentou-se impor aos países limites para suas emissões. Essa política não funcionou muito bem porque só os países da União Europeia aceitaram as limitações. Os demais, incluindo os Estados Unidos, a China e os países em desenvolvimento, mantiveram-se fora dele, já que essas limitações foram vistas como uma ameaça ao seu crescimento econômico.
Hoje a situação é outra: as consequências do aquecimento global, do qual os eventos climáticos extremos são a manifestação mais dramática, convenceram a maioria dos países a adotar medidas sérias a respeito. E os países signatários da Convenção do Clima vão se reunir em Paris no fim deste ano de 2015 para adotar um substituto do Protocolo de Kyoto (ou instrumento legal equivalente).
Em preparação para essa conferência houve uma reunião em Lima, no Peru, em dezembro de 2014, na qual foram aprovadas as linhas gerais do que será o novo acordo. O procedimento impositivo do Protocolo de Kyoto, que fixava (de "cima para baixo") cotas de reduções de emissões, foi abandonado. O que foi adotado é que todos os países terão de apresentar até abril compromissos quantitativos de reduções de gases de efeito estufa de maneira clara e transparente, acompanhados de informações detalhadas das ações que cada país vai desenvolver para que essas reduções sejam atingidas.
O governo brasileiro, como os demais governos, está preparando os compromissos que vai submeter à conferência de Paris. Isso já foi feito anteriormente, em 2009, quando compromissos voluntários foram apresentados pelo Brasil na Conferência das Partes da convenção em Copenhague, da qual participou o próprio presidente Lula. O compromisso foi reduzir de 36,1% a 38,9% as emissões que deveriam ocorrer em 2020. Essas metas foram baseadas num crescimento rápido superestimado da economia, que não se concretizou.
Este tipo de "contabilidade criativa", que também foi adotado por alguns outros países, não é o que se espera agora para a conferência de Paris. O que se espera são propostas concretas sobre o que fazer. A mais óbvia é a redução do desmatamento da Amazônia, que em boa parte já foi feita.
Além disso, o problema é evitar que cresçam em demasia as emissões do setor de energia e da indústria. O governo federal, acuado pela crise de eletricidade, adotou como solução a geração de energia elétrica em usinas térmicas, que são emissoras de gases de efeito estufa, para cobrir o "déficit", em lugar de estimular as energias renováveis. Esse problema precisa ser resolvido.
Da mesma forma, na indústria a solução é aumentar a produtividade, modernizando os processos produtivos, o que, aliás, é indispensável por outros motivos além do aquecimento global.
Espera-se que a proposta brasileira para a conferência de Paris seja mais realista do que a que foi apresentada em 2009 e que o País reconquiste o papel de liderança que desempenhou na Conferência do Clima do Rio em 1992.
*José Goldemberg é professor emérito da USP e foi secretário de Ciências e Tecnologia da Presidência da República
por MARCOS SAWAYA JANK, de cingapura (especial para a folha de s. paulo):
O que o mundo espera do agronegócio?
Nosso único papel é vender commodities ou há outras oportunidades que não estão sendo exploradas?
Ninguém mais duvida de que o Brasil é hoje uma das maiores potências agrícolas do planeta. Graças a agricultores competentes e investimentos em tecnologia tropical, tornamo-nos líderes globais em importantes commodities. Grãos, açúcar, café e algodão são exportados com base em cotações de Bolsas e chegam a mais de 200 países.
Mas a pergunta que fica é: estamos conseguindo entender e atender as expectativas de nossos consumidores finais? Nosso único papel é vender commodities ou há outras oportunidades que não estão sendo exploradas?
Vejo hoje quatro grandes vetores que puxam a demanda do agronegócio no mundo. Nos países pobres, a preocupação central é a "segurança alimentar" da população no sentido mais clássico ("food security") --oferta crescente de alimentos a preços acessíveis.
Quase 1 bilhão de pessoas ainda passa fome no mundo. Na Ásia e na África, mais da metade da população vive em condições precárias de subsistência em pequenas propriedades no campo, sem conhecimento, tecnologia e acesso a mercados.
Para esse imenso grupo, a palavra mágica é "produtividade", obtida pelo aumento do rendimento e escala da produção doméstica, ou pela maior abertura para importações competitivas, reduzindo as barreiras que hoje impedem o comércio. Esse é o segmento em que o Brasil se posiciona muito bem desde que existe, primeiro em produtos tropicais, depois nas grandes commodities da alimentação mundial.
Na sequência, vem outro vetor ainda pouco explorado pelo agronegócio brasileiro: a questão da "segurança do alimento" ("food safety"). Cresce o número de países cuja preocupação central não é mais a quantidade produzida no campo, mas sim a qualidade dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores. Aqui o que interessa não é volume, mas sim sanidade comprovada, armazenagem adequada, distribuição rápida, certificação, rastreabilidade etc. Em suma, o consumidor quer ter certeza quanto à qualidade do alimento que vai comer e, para isso, a palavra mágica é "segurança da cadeia de suprimento".
A China deve ser o país em que essa preocupação é hoje mais intensa. O Brasil possui cadeias produtivas consolidadas e bem coordenadas que chegam com eficiência à mesa do consumidor doméstico. Porém, na exportação, com raras exceções, ainda não conseguimos ir além da venda de commodities básicas sem grande diferenciação.
Países de renda média de América Latina, Leste Europeu e alguns asiáticos se encontram no terceiro grupo. Aqui a palavra forte é "valor adicionado", traduzido em segmentação e variedade de produtos, criação de marcas globais, conveniência, sabores, embalagens e logística eficiente.
Oferecer ao consumidor produtos confiáveis, acessíveis, saborosos, de alta qualidade, na hora certa. Este é o estágio em que estamos no mercado interno. Mas no exterior ainda há muito por ser feito, principalmente entre o processamento e o consumidor final. Reside aí a maior oportunidade de internacionalização da cadeia de valor que o agronegócio brasileiro tem hoje.
No quarto grupo, estão consumidores de renda maior, que, na maioria dos casos, vivem em países desenvolvidos em que a dimensão preço x qualidade x variedade já foi conquistada. Para esses consumidores mais ricos, o que interessa são "novas demandas" do tipo de alimentos produzidos localmente, próximos à região de consumo, com mínimo impacto ambiental e menor uso de tecnologia --orgânicos, sem antibióticos, sem transgênicos, sem instalações fechadas. Exigências que costumam elevar o preço do produto.
Esses quatro vetores definem demandas com diferentes comportamentos e velocidades, às vezes em direções opostas. Por exemplo, enquanto o primeiro grupo busca o aumento da produtividade por meio da maior tecnificação da produção, o quarto grupo está disposto a pagar mais por alimentos produzidos com menor intensidade tecnológica.
Cabe às empresas entender esse quadro e buscar satisfazer seus diferentes grupos de clientes e consumidores. Cabe aos países entender as diferentes dimensões da demanda global por alimentos e gerar as políticas e as regulações adequadas.
Claramente cumprimos um papel relevante no suprimento global de commodities. Mas será que estamos nos organizando adequadamente para aproveitar as fantásticas oportunidades que o mundo nos oferece?
Como cego em tiroteio
editorial de O ESTADO DE S.PAULO (edição deste sabado)
Promover uma reforma ministerial menos de três meses depois do início do mandato equivale a uma confissão de incompetência comprovada pelo malogro da tarefa política elementar de montar uma equipe de governo. Esta é provavelmente a razão principal pela qual a presidente Dilma Rousseff se recusa a admitir que a demissão de Cid Gomes do Ministério da Educação tenha sido o primeiro passo na promoção, mais do que de uma reforma ministerial, de um realinhamento político indispensável à conquista de condições mínimas de governabilidade. Mas o fato é que a presidente da República, embora não possa ignorar que precisa agir rápida e eficientemente para se livrar da crise da qual se tornou refém, parece não ter a menor ideia do caminho a seguir. Está perdida como cego em tiroteio.
Dilma Rousseff é teimosa, mas é impossível que já não tenha desconfiado de que cometeu um erro gravíssimo ao imaginar que a reeleição lhe assegurava força política suficiente para reunir em torno de si, no círculo mais íntimo da equipe de governo, uma turma selecionada com base no critério de identificação, mais de que com as suas crenças, com o seu modo autossuficiente, autoritário e arrogante de fazer política. E foi assim que, abraçada a Aloizio Mercadante, Miguel Rossetto e Pepe Vargas, Dilma cometeu a supina imprudência de confrontar o PMDB na eleição para o comando da Câmara dos Deputados.
A partir desse desastre, a relação de Dilma com o Congresso deteriorou-se por completo. Imediatamente Lula entrou em cena para recomendar à sua pupila o óbvio: a substituição do time de trapalhões da articulação política que a cerca e, num plano mais amplo, a abertura de espaço no Ministério para a composição com o PMDB.
A essa altura dos acontecimentos Dilma se encontrava, no plano político, diante do mesmo desafio que já enfrentara no âmbito da gestão econômico-financeira: fazer concessões. Antes mesmo de tomar posse do segundo mandato, a presidente já se convencera de que a gravidade da crise econômica no País impunha a adoção de medidas duras para atacar o descontrole das contas públicas. E, desmentindo tudo o que afirmara na campanha eleitoral, escalou uma equipe econômica "neoliberal" para enfrentar o desafio.
Agora, diante de um enfraquecimento geral do Executivo que ameaça comprometer seu programa de governo, Dilma encara a necessidade de fazer concessões também na área política. Mas resiste a estas muito mais do que resistiu àquelas na área econômica. Talvez pelo fato de a política ser mais suscetível do que a economia à influência de fluxos biliares. Também porque, se o temperamento da presidente não ajuda em tempos normais, que dirá quando ela se sente acuada pelo clamor das ruas e pela vertiginosa queda de popularidade.
Como também na política a toda ação corresponde uma reação em sentido contrário, as lideranças políticas com que Dilma contava estão se dispersando. O próprio PT tem-se comportado, no Congresso e nas ruas, mais como oposição do que como partido do governo, principalmente quando se opõe às medidas de ajuste fiscal. O descontentamento - de natureza variada - já leva alguns petistas ilustres, como os senadores Paulo Paim e Marta Suplicy, a cogitar deixar o partido. Paim disse que tomará essa decisão se o governo insistir no que chama de "arrocho" do ajuste fiscal. Marta decidiu há mais tempo e está a caminho do PSB.
Chama a atenção também o distanciamento progressivo do governo do vice-presidente da República, Michel Temer, que se cansou de ver-se marginalizado das decisões políticas mais importantes do Planalto, sendo também presidente nacional do PMDB, e recentemente tem intensificado contato com líderes da oposição, como os tucanos Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aécio Neves e o democrata ACM Neto, prefeito de Salvador.
É sintomático também da completa desorientação a que Dilma parece entregue o fato de que até seu criador, o ex-presidente Lula, tem dado mostras de impaciência e irritação com o fato de que ela apenas "finge que escuta" seus conselhos. A presidente teima. Mas não escapará de brevemente anunciar mais uma troca "pontual" de ministros.