Dilma se manifesta em Brasília e expõe descontrole na crise com caminhoneiros

Publicado em 26/02/2015 14:56
por Veja.com e Reuters

A presidente Dilma Rousseff se pronunciou nesta quinta-feira pela primeira vez sobre a greve dos caminhoneiros – e tornou mais evidente o descontrole do governo sobre a crise. Depois de participar da cerimônia de lançamento do programa Bem Mais Simples, no Palácio do Planalto, ela afirmou que o Executivo tem se esforçado para resolver o problema, mas não apresentou qualquer novidade sobre a paralisação, que dura mais de uma semana em algumas partes do Brasil.

"O governo está fazendo todo um esforço na questão da resolução da greve. Nós apresentamos, junto com várias lideranças e empresários que foram consultados e avaliados, um conjunto de propostas. Esse conjunto de propostas foi divulgado pelos órgãos de comunicação e a gente tem visto que elas têm tido uma recepção. Aguardamos. Os ministros responsáveis estão todos em atividade trabalhando essas propostas", disse a presidente, na única resposta que deu sobre o tema.

A fala de Dilma se deu após o lançamento do Bem Mais Simples, programa que tem como objetivo agilizar os procedimentos para a criação de empresas. Por ora, a única mudança será a possibilidade de encerramento do CNPJ de forma imediata, por meio de um site criado pelo governo. Os eventuais débitos da companhia serão transferidos para o CPF dos proprietários. O objetivo do governo é que, em junho, seja possível criar uma empresa em cinco dias. Hoje, de acordo como próprio Executivo, o procedimento leva em média 102 dias.

Agora à tarde lideranças do movimento dos caminhoneiros esperam ser atendidos nas 2 principais reivindicações dos motoristas: redução de R$ 050 no litro do diesel e um frete minimo para todo o País.

Presidente afirmou que o Executivo tem se esforçado para resolver o problema, mas não apresentou qualquer novidade sobre a paralisação  (por Roberto Stuckert Filho/PR)

Cardozo manda PF abrir inquérito para apurar abusos em estradas

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (26) que determinou às superintendências da Polícia Federal (PF) a abertura de inquéritos para apurar se ocorreram abusos nos protestos de caminhoneiros que bloquearam dezenas de rodovias do país nos últimos dias.

Em entrevista coletiva no Ministério da Justiça, Cardozo também disse ter mandado a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multar os motoristas que estão bloqueando as estradas. Segundo ele, as multas serão utilizadas para identificar os motoristas que descumprirem as ordens judiciais de desbloqueio das rodovias.

Os juízes fixaram multas que variam de R$ 1 mil a R$ 50 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar as pistas.

Veja a notícia na íntegra no site do G1, em Brasília

Governo anuncia que vai multar em até R$10 mil por hora caminhoneiro parado

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou nesta quinta-feira que o governo vai cobrar multas de 5 mil a 10 mil reais por hora de caminhoneiros que estejam descumprindo decisões judiciais para desbloqueio de estradas.

"A decisão do valor da multa não é do governo, é da Justiça. Estamos cumprindo ordens judiciais. Tenho o dever de cumprir a lei e a lei será cumprida", afirmou Cardozo a jornalistas.

Segundo o ministro, os bloqueios de caminhoneiros em estradas do país caíram de forma "visível" desde a quarta-feira, quando o governo se reuniu com representantes da categoria e empresários sobre a crise. Na ocasião, o governo apresentou uma proposta para a categoria, que inclui o congelamento do preço do diesel por seis meses e 12 meses de carência para pagamento dos financiamentos para a compra de caminhões.

Cardozo comentou ainda que se reuniu na véspera com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, um encontro que não constou de sua agenda pública. Segundo o ministro, a conversa com Janot tratou de criação de um órgão para facilitar ações de combate à corrupção no país.

(Por Leonardo Goy)

Brasil está em atoleiro, diz Economist em manchete de capa

A revista The Economist traz novamente esta semana uma capa sobre o Brasil. Na edição latino-americana que chega às bancas, uma passista de escola de samba está em um pântano coberta de gosma verde com o título "O atoleiro do Brasil". Em editorial, a revista diz que a primeira estrela da América Latina "está na maior bagunça desde o começo dos anos 1990".

O país já tinha sido capa da revista em 2009, com a imagem do Cristo Redentor decolando. Quatro anos depois, o mesmo Cristo aparecia em queda livre. No ano passado, a Economist defendeu a eleição de Aécio Neves. 

A capa da edição da Economist para o restante do mundo não tem o país como tema principal e dá destaque a outro assunto: o avanço dos telefones celulares.

A Economist diz em editorial que, durante a campanha à reeleição, Dilma Rousseff descreveu a situação do país como positiva, afirmando que o pleno emprego, o aumento dos salários e benefícios sociais estavam ameaçados apenas pelos planos neoliberais de seus opositores. "Após dois meses no cargo, os brasileiros estão percebendo que o que lhes foi vendido era um falso prospecto", diz a revista.

O texto diz que "a economia do Brasil está numa bagunça, com problemas bem maiores do que o governo admite ou que os investidores parecem perceber". Entre os problemas estão a economia estagnada, a inflação, a diminuição dos investimentos, o escândalo de corrupção da Petrobras que teve como efeito colateral a paralisação de empreiteiras, e a desvalorização do real. A revista também cita a queda de popularidade da presidente.

Leia a notícia na íntegra no site Época Negócios

Bloqueio de estradas traz prejuízo de R$ 20,8 mi/dia, diz associação de transporte

SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC) avalia em 20,8 milhões de reais por dia o prejuízo sofrido com o bloqueio de estradas por conta da greve dos caminhoneiros, em uma estimativa otimista, disse nesta quinta-feira.

As empresas mais afetadas foram as que realizam transporte de longa distância, embora todo o sistema tenha sido impactado, acrescentou, citando companhias como Transportadora Cometa, RS Transporte, Eclipse, Cimpor, Lima Transporte, White Martins, Lida Transporte e Copagas.

Segundo a ABTC, as empresas não estão encontrando formas de contornar o problema porque os corredores rodoviários principais são únicos e não dão lugar a opções.

"Uma saída relevante seria utilizar os modais ferroviário e aquaviário, entretanto esses não dispõem de malha de dimensão similar", disse em nota à Reuters.

As estradas federais do Brasil registravam no final da manhã desta quinta-feira 91 bloqueios devido aos protestos de motoristas de caminhões, após o governo apresentar na véspera propostas para tentar encerrar o movimento grevista, que entra em seu nono dia.

(Por Priscila Jordão)

 

NTC&Logística prevê quebra de transportadores de carga por defasagem do frete

SÃO PAULO (Reuters) - A crise pela qual passa o setor de transporte rodoviário de cargas do Brasil, evidenciada pelo protesto dos caminhoneiros que bloqueiam estradas em vários Estados, deverá resultar na falência de muitas transportadoras, previu uma associação do setor nesta quinta-feira.

A NTC&Logística, que tem cerca de 3.500 empresas de transporte de carga e mais de 50 entidades patronais associadas, contudo, avalia que a quebra de empresas irá no futuro equilibrar as contas do segmento, hoje deficitárias, e a oferta de caminhões no país.

A entidade aponta a diferença entre o preço do frete e os custos efetivos da atividade como um dos principais problemas por trás da crise. Pesquisa divulgada pela NTC nesta quinta-feira calcula que a defasagem média entre o frete e o custo está atualmente em 14,11 por cento.

De acordo com a NTC&Logística, a diferença entre o custo e preço do frete tem origem, principalmente, na inflação dos insumos que compõem as despesas, incluindo o recente aumento do preço do diesel, bem como as defasagens de frete que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos. Mas também tem relação com a má administração de custos conduzida por muitos empresários e caminhoneiros.

"O problema é (também) a ignorância de boa parte do setor de transporte com relação aos custos", disse à Reuters Lauro Valdivia, assessor técnico NTC&Logística. "Se boa parte dos empresários não sabe o custo, como vai resolver o frete?", questionou.

A NTC&Logística afirma não estar apoiando as atuais manifestações de caminhoneiros e não esteve presente nas negociações do setor com o governo federal nesta semana.

O frete barato, acrescentou Valdivia, também pode ser explicado pelo crescimento da frota de caminhões do Brasil, impulsionada por financiamento subsidiado oferecido pelo governo federal, e a própria crise econômica pela qual passa o país.

Se o país estivesse crescendo, observou o especialista, a situação seria resolvida mais facilmente, porque os contratantes não teriam tanto problema em pagar mais pelo frete.

"Mas está em um momento em que a economia não favorece recomposição de nada, o contratante também precisa reduzir o custo, porque o mercado também caiu", explicou.

Ele apontou ainda que um dos setores com frete mais defasado é o do agronegócio.

"Há três anos, quem estava reclamando eram os embarcadores (contratantes) em Mato Grosso. O frete subiu 40 por cento (naquela época) e tinha gente brincando que até médico estava comprando caminhão (para transportar grãos)", afirmou o especialista, lembrando que as cotações das commodities agora estão mais baixas, afetadas por grande safras globais, incluindo do Brasil.

 

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

CNA projeta queda de 1,9% no valor bruto da agropecuária do Brasil em 2024
Líderes do Agro: A importância do treinamento do engenheiro agrônomo para a agricultura brasileira
Prosa Agro Itaú BBA | Perspectivas para a indústria da soja e a Lei "Combustível do Futuro"
Fertilizantes produzidos com tecnologias sustentáveis reduzem emissões de gases nocivos e integram nova etapa da agricultura regenerativa
FPA leva produção agropecuária do Brasil para a COP-29
Brasil e China estão perto de acordo em miúdos suínos e pescados, dizem fontes
undefined