CNA e Faesc pedem solução urgente Agricultura e agroindústria paralisadas no oeste
A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) associou-se a manifestação da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (FAESC) no alerta segundo o qual, independente do reconhecimento do direito de protesto e de manifestação, a duração e o alcance do movimento dos caminhoneiros provocam graves perturbações nas cadeias produtivas do agronegócio. Reclama que a demora para a solução do conflito causa danos irreparáveis a milhares de famílias e empresas urbanas e rurais.
O presidente da FAESC José Zeferino Pedrozo declarou que apoia e defende as bandeiras dos transportadores e que a Federação compreende as razões econômicas que motivaram o movimento. O dirigente, entretanto, alerta que as famílias rurais estão sendo profundamente prejudicadas e muitas terão prejuízos irrecuperáveis em razão da maneira como está sendo operada a paralisação. A obstrução da circulação de mercadorias e produtos do campo para a cidade e vice-versa, bem como das indústrias aos centros de consumo está asfixiando a economia catarinense. Estão impedidos de chegarem ao destino insumos agrícolas, produtos agropecuários prontos para processamento, além de perecíveis e carga viva.
O problema é que os grevistas estão impedindo a circulação de produtos do campo (leite, aves, suínos, grãos, frutas e hortigranjeiros) para processamento nas agroindústrias e, também, a remessa de insumos (rações, pintinhos, leitões) das agroindústrias para os produtores rurais.
“É incompreensível que não possam circular os caminhões com ração para os animais”, disse o presidente, alertando que poderá haver grande mortandade de animais, especialmente aves e suínos. A preocupação é procedente: somente no oeste catarinense há um rebanho permanente de 98 milhões de frangos e 5,5 milhões de suínos alojados no campo. A falta de ração colocará esses formidáveis planteis em sofrimento nutricional e à morte. Um risco muito grande é que a falta de ração no campo provoque canibalismo entre os planteis e crie problemas sanitários que afetem a privilegiada condição sanitária de Santa Catarina (área livre de aftosa sem vacinação). “Essa seria a maior desgraça econômica para o setor produtivo”.
Agindo dessa forma, o movimento grevista dos caminhoneiros e transportadores está aniquilando com a agricultura familiar no grande oeste catarinense. Somente no oeste circulam DIARIAMENTE 6 milhões de litros de leite, 3 milhões de frangos e 20 mil suínos que formam a base da economia regional, mas esse fluxo foi interrompido pela greve. Nesta quinta-feira, praticamente todo o parque agroindustrial vai parar por falta de insumos.
Pedrozo observa que entidades representativas do setor primário apoiam formalmente os grevistas, mas, incoerentemente, os produtores rurais são diretamente os mais prejudicados. Adverte que há risco de êxodo rural iminente.