GREVE DOS CAMINHONEIROS: Levantamento da FOLHA mostra falta de combustível em 4 Estados
No G1: Caminhoneiros seguem com bloqueios em rodovias
Caminhoneiros realizam nesta terça-feira (24) mais um dia de protestos com bloqueios em rodovias em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em Goiás, a manifestação - motivada pelo alto preço dos combustíveis e valores dos fretes - foi encerrada na noite de segunda-feira (23).
Durante a madrugada, por volta da meia-noite, a categoria iniciou um protesto em São Paulo. Os caminhões ocuparam as faixas do sentido da capital paulista da Rodovia Presidente Dutra, na altura do km 210,5.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o bloqueio da pista durou 20 minutos. O congestionamento não chegou a 2 km e não houve incidentes. Manifestantes e representantes do Sindicato das Pequenas e Micro Empresas de Transporte e Logística de São Paulo e Regiões (Sinditrans-SP), porém, disseram que o congestionamento atingiu 8 km, até o pedágio de Arujá. O grupo informou ainda que policiais fotografaram placas dos veículos, cuja multa por participar de evento em rodovia sem autorização pode chegar a R$ 1.900,00.
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Greve dos Caminhoneiros pode parar a Bahia
Os protestos dos caminhoneiros contra os elevados preços dos pedágios nas estradas do país e o aumento do óleo diesel já alcança sete estados. Nesta segunda-feira, o movimento chegou à Bahia.
Motoristas da região Oeste do estado organizaram uma paralisação a partir das 8h, em três pontos estratégicos perto do município Luís Eduardo Magalhães: na altura do Complexo Bahia Farm Show, km 535 da BR-020; na mesma rodovia, no Posto 020; e na BR-242, próximo à Bunge Brasil, no km 01.
“Vamos aderir com certeza. Já tivemos duas reuniões, uma anteontem (sábado) e uma quinta-feira. Vai ser uma greve praticamente nacional, mas localizada. Amanhã (terça-feira) vamos estar nos pontos estratégicos e orientar os caminhoneiros em relação a carro pequeno, ônibus. Apesar de eles também deveriam participar, porque esse movimento é para todo mundo”, disse Benedito Costa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Cargas e Passageiros de Barreiras (Sintracarpas).
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Na Folha
Falta de liderança única dificulta negociação; governo pede à Justiça autorização para liberar vias e aplicar multas
Uma combinação de redução no preço dos fretes e aumento de custos levou caminhoneiros a bloquear trechos de rodovias em sete Estados nesta segunda-feira (23).
Apesar de não ter uma liderança unificada e pauta conjunta, o movimento, que começou na semana passada, ganhou força e amplitude nacional nesta segunda.
Rodovias no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Santa Catarina, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul, em Goiás e em Minas Gerais foram bloqueadas, causando prejuízo a produtores rurais e indústrias dessas regiões.
O momento, de plena colheita da safra de soja, seria um estímulo à realização dos protestos, pela visibilidade.
O movimento também prejudica o abastecimento de cidades.
CUSTOS EM ALTA
As principais queixas dos caminhoneiros são o aumento no preço do diesel e dos pedágios, o que eleva os custos de transporte em um cenário desfavorável para reajustes nos preços dos fretes.
Além da crise econômica, os preços das commodities agrícolas, primordialmente transportadas por caminhões, estão em queda, dificultando as negociações para um aumento no valor pago pelo transporte das cargas.
Em um ano, o preço do frete de Sorriso (MT) a Santos (SP), uma das principais rotas da soja, caiu 27%, para R$ 230 por tonelada na semana passada, segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
A mudança no quadro macroeconômico e de custos se tornou mais preocupante com o cenário de elevado endividamento no setor.
Estimulados pelo PSI --programa do BNDES de incentivo à compra de caminhões novos--, muitos motoristas estão endividados e incluíram, nas reivindicações, a prorrogação por 12 meses das parcelas dos financiamentos.
Os manifestantes também tentam pressionar a presidente Dilma a sancionar as alterações na "Lei dos Caminhoneiros", já aprovada no Congresso, que amplia a jornada de trabalho para até 12 horas --oito horas mais quatro horas extras, e não duas horas extras, como em vigor.
"Se eu sou autônomo, deveria trabalhar quantas horas quisesse", disse Otávio Mango, caminhoneiro que se juntou ao movimento em Palmeira das Missões (RS).
PREJUÍZOS
Grandes produtores de aves e suínos, como a BRF e a Aurora, interromperam a produção de 17 unidades no Paraná e em Santa Catarina por causa do protesto.
A paralisação representa cerca de 15% do abate da BRF e a totalidade das fábricas da Aurora, que nesta segunda já deixou de exportar.
Segundo representantes das empresas, elas não conseguem enviar cargas aos portos, receber animais para abate e demais matérias-primas, como ração e embalagens. A situação é mais grave no Sul, mas já preocupa indústrias do Centro-Oeste, inclusive frigoríficos de carne bovina.
Em Minas, a Fiat, que fica em Betim (MG), teve de dispensar funcionários por falta de peças.
As indústrias recorreram ao governo federal, que encontra dificuldade nas negociações por não ter uma liderança clara no movimento.
O ministro Miguel Rosseto (Secretaria-Geral) foi incumbido por Dilma de identificar um interlocutor na categoria. O Planalto chegou a cogitar que o movimento poderia ter cunho político, mas descartou a possibilidade.
A Advocacia-Geral da União irá recorrer à Justiça para pedir a liberação das rodovias federais bloqueadas. Já foram ajuizadas ações nos sete Estados onde houve interdições. O governo pede autorização para tomar medidas que garantam a circulação e multa de R$ 100 mil por hora de bloqueio. Os caminhoneiros, por seu lado, pretendem continuar os protestos nesta terça.
Protesto se amplia e afeta indústrias
Bombas de combustíveis vazias, falta de alimentos em supermercados e açougues e a suspensão de aulas em escolas municipais e até da limpeza urbana.
Esses são alguns dos problemas já enfrentados por moradores de cidades do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, Estados em que aparalisação dos caminhoneiros nas rodovias já dura mais tempo.
A situação se agravou nesta segunda-feira (23). No Paraná, a falta de combustível impediu a circulação dos ônibus escolares e fez com que a Prefeitura de Santo Antônio do Sudoeste, cidade com menos de 20 mil habitantes, suspendesse as aulas por tempo indeterminado.
De acordo com a prefeitura, 1.700 crianças são afetadas. As creches continuam abertas, mas sem o serviço de transporte para as mães.
Entretanto, as aulas poderão ser suspensas em breve: o estoque da comida está no fim e não houve o abastecimento, segundo a prefeitura.
O governo também cortou a limpeza urbana por falta de combustível nos veículos.
Além disso, moradores de Pato Branco, Francisco Beltrão, Guarapuava, Foz do Iguaçu, Dois Vizinhos não têm onde abastecer os carros.
Em Foz do Iguaçu, a Infraero adotou um plano de contingência e aeronaves particulares menores não estão sendo abastecidas.
De acordo com a assessoria da estatal, o estoque de combustível no local era suficiente até a meia-noite desta terça-feira (24).
Falta combustível também na região de Seberi (RS) e Lucas do Rio Verde (MT).
COMIDA
Nos municípios paranaenses com problemas de combustível, alimentos de hortifrúti estão em falta, segundo Edi João D'Alberto, diretor da Associação Paranaense de Supermercados.
"Estes produtos vêm de Curitiba e por serem perecíveis, os estoques duram apenas 48 horas", afirmou.
Nesta segunda (23), nenhum caminhão de hortifrúti abasteceu os supermercados naquela região, segundo ele.
Em Santa Catarina, também faltam frutas e legumes em Planalto Serrano, Concórdia, Chapecó e São Miguel D'Oeste, segundo a Acats (Associação Catarinense de Supermercados).
Vilmar de Souza, presidente da Acismo (Associação Comercial e Industrial de São Miguel D'Oeste), afirmou que indústrias de alimentos perecíveis da região, como leite e queijo, suspenderam o carregamento dos caminhões até o término das paralisações.
O protesto de caminhoneiros contra a alta dos preços dos combustíveis, pedágios e de tributos sobre o transporte nesta segunda-feira (23) já atinge sete Estados. Os motoristas bloqueiam parcialmente trechos de rodovias.
O movimento, que começou na quarta-feira (18) no Paraná e em Santa Catarina, chegou a parar 38 trechos de estradas em outros dois Estados (MT e RS) no domingo (22), e agora afeta também Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Os caminhões estão parados nos acostamentos das vias. A exceção são os veículos com cargas vivas, de ração e de leite.
Segundo as entidades representativas dos caminhoneiros, a categoria pede, entre outras medidas, diminuição dos valores dos combustíveis e dos pedágios, tabela única nacional de preços do frete (baseada no km rodado) e prorrogação das parcelas de financiamento de caminhões.
Eles ainda reclamam da jornada de trabalho implantada em setembro do ano passado, que fixou em oito horas diárias e um adicional de quatro horas extras.
Fonte: Associação dos Caminhoneiros de Rodeio Bonito (RS), Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Francisco Beltrão (PR), Comissão de paralisação de São Miguel D'Oeste (SC) e Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Nesta segunda, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, os bloqueios parciais começaram a ser registrados na BR-163, em Mato Grosso do Sul (Dourados) e Goiás (Jataí).
No RS, há pelo menos seis pontos de bloqueio em cinco rodovias, em trechos localizados em Seberi, Boa Vista do Buricá, Pelotas e Mato Castelhano e Palmeira das Missões, no interior.
Em Santa Catarina, os manifestantes bloqueiam nove pontos de cinco rodovias. Uma das mais prejudicadas é a BR-282 com cinco pontos de interdição, em Xanxerê, São Miguel do Oeste, Nova Erechin, Maravilha e Campos Novos.
Já em Minas Gerais, caminhoneiros bloqueiam ao menos três trechos da BR-381 próximo das cidades de Igarapé, Oliveira e Perdões.
'APOIO AOS PROFESSORES'
Cinco rodovias paranaenses têm registros de paralisações parciais: BR-163, BR-277, BR-369, BR-376 e BR-467.
Em Cascavel, um caminhoneiro pichou em seu veículo uma mensagem de apoio ao movimento dos professores, categoria que está em greve desde o último dia 9 e que foi uma das protagonistas na invasão à Assembleia do Paraná na semana passada.
Na cidade paranaense, o movimento dos caminhoneiros fechou parcialmente o trevo Cataratas, um entroncamento de três rodovias federais (BRs-277, 467 e 369).
O sétimo Estado com bloqueio é Mato Grosso, onde há protesto em Lucas do Rio Verde.
A intenção é que o movimento seja expandido para o resto do país ao longo da semana, de acordo com Tobias Brombilla, diretor da Associação dos Caminhoneiros de Rodeio Bonito (RS).
FOTOS GALERIA
'CRISE HISTÓRICA'
"O setor de transporte de carga está passando por uma crise histórica, sem que os caminhoneiros consigam ter retorno", afirmou Tobias Brombilla, diretor da Associação dos Caminhoneiros de Rodeio Bonito (RS).
Segundo ele, os caminhoneiros do Rio Grande do Sul iniciaram a paralisação neste domingo durante a manhã e os caminhões deverão ser liberados para seguir viagem à noite.
De acordo com as polícias, mesmo com o protesto, os demais veículos não enfrentam problemas nas estradas, já que o bloqueio é parcial.
No Paraná, de acordo com Vilmar Bonora, caminhões que transportam combustível também estão parados, o que já está causando prejuízos no município.
Odi Antônio Zani, um dos líderes do movimento em Palmeira das Missões (RS), afirmou que os caminhoneiros estão registrando, em média, queda de 30% no faturamento mensal por causa da lei.
"Eu tinha três caminhões rodando as estradas e faturava R$ 120 mil mensais no total. Tive de vender um caminhão e meu faturamento caiu para R$ 68 mil", afirmou.
Em Veja.com: AGU aciona Justiça Federal em 7 Estados contra paralisação de caminhoneiros
Categoria bloqueou estradas em protesto contra o aumento do diesel
Caminhoneiros em protesto interditam a Rodovia Fernão Dias (BR 381), na altura da cidade de São Joaquim de Bicas (MG), sentindo São Paulo (WILLIAN MARQUES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO/VEJA)
Depois de uma reunião no Palácio do Planalto, a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou nesta segunda-feira com ações na Justiça Federal em sete estados para pedir a suspensão imediata dos bloqueios de rodovias promovidos por caminhoneiros. Essa foi a forma escolhida pela categoria para protestar contra o aumento do diesel e exigir o reajuste do valor do frete.
A AGU, além de pedir a adoção de medidas necessárias para garantir o direito de ir e vir das pessoas, liberando as pistas para livre circulação, solicitou a fixação de multa de R$ 100 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar o tráfego. As ações foram ajuizadas simultaneamente nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Desde o início da manhã desta segunda-feira, o Palácio do Planalto se mobilizou para tomar medidas contra a paralisação. Além do bloqueio do tráfego, o governo está preocupado com o impacto econômico do fechamento de estradas no escoamento da produção, e também do perigo com acidentes. A primeira reunião no Planalto para tratar do assunto foi realizadas pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto; da Justiça, José Eduardo Cardozo; dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues; e da AGU, Luís Inácio Adams. Após esta primeira rodada de conversas, Adams se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, também no Planalto, e o governo deu entrada em ações na Justiça Federal em sete Estados.
As ações de desobstrução das pistas serão realizadas com o apoio do Ministério da Justiça, por meio da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional. Uma força-tarefa foi montada pelo governo para atuar no apoio a plantões judiciais para discutir com os juízes responsáveis pela análise das ações a importância da liberação das rodovias. Da mesma forma, as procuradorias regionais da União permanecerão de prontidão para ingressar com ações em outros Estados que sofram com novos bloqueios.
Paralelamente, o governo abriu mesas de negociação com os caminhoneiros para tentar convencê-los a não fechar pistas e prejudicar o trânsito nas estradas. Em 11 de fevereiro, o ministro Miguel Rossetto já havia se reunido com a categoria, no Palácio do Planalto, para ouvir as reivindicações e tentar evitar que o movimento se concretizasse.
Nas ações, a AGU ressalta que, mesmo reconhecendo o direito à liberdade de expressão e de livre associação dos manifestantes, "não é justo nem razoável que a utilização abusiva desses direitos resulte em prejuízos de grande monta a praticamente toda a população brasileira". A AGU argumenta ainda que os bloqueios aumentam os riscos de acidentes e ameaçam a segurança de todos que precisam utilizar as rodovias, além de provocar graves prejuízos econômicos ao impedir que cargas, muitas delas perecíveis ou perigosas, cheguem ao destino.
(com Estadão Conteúdo)
ANÁLISE DE VINICIUS TORRES FREIRE, NA FOLHA DE S. PAULO:
Caminhões de crises
Caminhoneiros param poucas estradas; em 1999, pararam o país, que andava tenso como agora
CAMINHONEIROS bloqueiam estradas pelo país desde sábado, quando eram poucos. Ontem, atrapalhavam o tráfego em pelo menos sete Estados. A situação era pior no Sul, no Paraná e em Santa Catarina. Algumas fábricas de alimentos pararam a produção. A BRF até soltou nota, em que dizia haver paralisações em 11 Estados. Em outros tempos, os caminhoneiros já quase pararam o país, que ora anda congestionado por muitos maus humores.
Algum efeito grave do movimento caminhoneiro? Não. Mas convém prestar atenção. Há brotos de várias crises; a presidente espalha cascas de banana e pisa nelas com gosto ou distraída.
Há manifestações pelo "impeachment" de Dilma Rousseff marcadas para o domingo, 15 de março. No começo do ano, isso era coisa de birutas marginais. Agora, há mais birutas, mas não só, que além do mais contam com apoios do centro da política, senadores, tucanos, por exemplo. De resto, o mau humor em relação à presidente explodiu em diversas direções, sendo cada vez mais suprapartidário.
Em breve, haverá mais notícias explosivas. A Procuradoria-Geral da República vai divulgar o listão de políticos que passaram no vestibular do Petrolão. Ainda no que parece ser o distante final de março, a gente vai saber se os governos vão decretar racionamentos de eletricidade e água. Nesse ínterim, haverá mais gente a receber contas carésimas de luz, a ver o salário acabando mais cedo, mais desempregados.
Pode não dar em nada. Mas o ambiente está tenso. Considere-se a revolta dos servidores públicos do Paraná contra Beto Richa (PSDB), que, reeleito, começou a baixar um pacotaço de arrocho a fim de enfrentar a ruína do Estado, herança maldita que o tucano deixou para si mesmo. Há pequenas manifestações dispersas das dezenas de milhares de desempregados e trabalhadores sem pagamento das obras arruinadas pela crise da Petrobras. No dia 10, uns 200 deles, do Comperj, pararam a ponte Rio-Niterói.
Ontem, os protestos dos caminhoneiros não eram coisa grande. No ano tumultuado de 1999, de desvalorização caótica do real, arrocho e marchas contra FHC, as várias associações e sindicatos de caminhoneiros quase pararam o país entre julho e agosto. Era uma desordem, pois os caminhoneiros não têm liderança nacional, são muito divididos (note-se: muitos dos mais organizados apoiaram o tucano Aécio Neves na eleição do ano passado).
Em agosto de 1999 horrível de FHC, houve protestos de ruralistas, pois os fazendeiros queriam renegociações de dívidas, comuns pré-boom de commodities. No final daquele mês, houve a marcha dos 100 mil pelo "fora, FHC", liderada pelo PT e que contava com o apoio de parte do PMDB. Em setembro, 56% dos brasileiros achavam que o governo de FHC eram ruim/péssimo (no caso de Dilma, são 44%).
Os caminhoneiros de agora querem frete maior, diesel e pedágios mais baratos, mudanças nas leis da jornada de trabalho, entre outras reivindicações picadas e diversas, pois não há direção central no movimento. Muitos dos autônomos parecem desesperados. Empresas menores e autônomos também falam em devolver os montes de caminhões comprados com dinheiro do BNDES. Mesmo com juros baixos, não conseguem pagar as prestações.
Mato Grosso
Na Reuters: Mato Grosso enfrenta 7º dia de bloqueios em rodovias; interdições se estendem
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os bloqueios por transportadores e caminhoneiros em diversas estradas do Brasil foram ampliados nesta terça-feira na principal rodovia no Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos.
Segundo a concessionária Rota do Oeste, os bloqueios na BR-163, que entraram no sétimo dia nesta terça, interrompem o trânsito de caminhões em Rondonópolis, Cuiabá, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e, desde às 7h01 desta manhã, também no município de Sinop.
As manifestações, que protestam contra os baixos preços de frete e os custos com combustíveis, estão prejudicando o transporte de cargas e o escoamento de produtos do agronegócio.
"Com exceção de Sinop, os demais cinco trechos permaneceram fechados para o tráfego de veículos de carga ao longo da noite, sendo permitida a passagem somente de veículos de passeio, ônibus, vans e carretas e caminhões com cargas vivas", afirmou a Rota do Oeste em nota nesta terça-feira.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso, há atualmente 10 pontos de bloqueio em rodovias do Estado, incluindo trechos nos municípios Diamantino (BR-364) e Primavera do Leste(BR-70).
Algumas cidades do Estado já sofriam com pontos de desabastecimento de combustíveis na segunda-feira, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).
A dificuldade para o abastecimento das cidades preocupa agricultores do norte do Estado, que temem ficar sem diesel para as máquinas que realizam a colheita de soja. As manifestações ocorrem em um período em que os trabalhos de colheita estão intensos, preocupando compradores e produtores.
(Por Marta Nogueira; Edição de Cesar Bianconi)
Caminhoneiros passam a noite nas BRs e protesto chega ao 7º dia em MT
Dez trechos das BRs 364 e 163, em Mato Grosso, estão bloqueados por caminhoneiros nesta terça-feira (24). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em alguns desses pontos, os manifestantes não deram trégua durante a noite e mantiveram as interdições nos municípios de Cuiabá, Rondonópolis, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Diamantino, impedindo que os caminhões com cargas cheguem ao destino final e atrapalhe, principalmente, o escoamento da produção agrícola.
Em Sinop, o bloqueio em um trecho da BR-163 começou no início da manhã. Conforme a PRF, a BR-070 também foi fechada pelos manifestantes nesta terça-feira. Eles impedem o tráfego de caminhões em dois trechos, no km 274 e 285 dessa rodovia, em Primavera do Leste.
Em Cuiabá, o bloqueio começou nesta segunda-feira (23). O trecho interditado fica no km 397 da BR-364, na saída da capital para Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, onde fica o terminal ferroviário da América Latina Logística (ALL), responsável pelo transporte da maior parte dos grãos que saem do estado com destino ao porto de Santos. Outro bloqueio também ocorre na BR-364, no perímetro urbano de Rondonópolis, no km 196.
Porém, é na BR-163 que concentra a maior quantidade de interdições. Em Diamantino, a 209 km da capital, tem dois trechos bloqueados, nos quilômetros 614 e 588. Os manifestantes estão permitindo somente a passagem de veículos com carga viva, carros de passeio e veículos de transporte de passageiros. Os veículos de carga ficam parados nesses trechos e formam filas quilométricas de congestionamento.
Leia a notícia na íntegra no site do G1 MT.
Rio Grande do Sul
Protesto bloqueia 33 trechos de 26 rodovias gaúchas
Foram retomados na manhã desta terça-feira (24) os protestos de caminhoneiros em rodovias estaduais e federais do Rio Grande do Sul. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM), sete trechos já tinham bloqueios por volta das 6h30. Ao todo, 26 estradas devem ter interrupções ao longo do dia no estado, em 33 pontos diferentes.
Desde o início da manhã já estavam bloqueadas a BR-392, em Pelotas, BR-116, em Camaquã, BR-386, em Sarandi, BR-285, em Ijuí, e a BR-158, em Cruz Alta. Também apresentavam interrupções a ERS-344, em Giruá, e a ERS 569, no entroncamento com a BR-468, em Palmeira das Missões. Depois, outros trechos tiveram o trânsito interrompido.
Leia a notícia na íntegra no site do G1 RS.
Santa Catarina
Com bloqueio nas vias, frigoríficos devem parar produção em SC
A maioria dos frigoríficos de Santa Catarina deve parar a produção nesta terça-feira (24), segundo o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) e da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), Ricardo de Gouvêa.
Segundo o diretor-executivo, os frigoríficos não têm mais onde estocar produtos. O transporte está sendo prejudicado pelos bloqueios realizados por caminhoneiros em 24 pontos das rodovias do estado.
Grande parte dos pontos bloqueados até a manhã desta terça fica na região Oeste, área de concentração da indústria da carne no estado.
Leia a notícia na íntegra no site do G1 SC.
Faesc faz apelo para o fim da greve dos caminhoneiros
Movimento causa graves prejuízos aos produtores rurais de SC
O movimento grevista dos caminhoneiros e transportadores está aniquilando com a agricultura familiar no grande oeste catarinense, de acordo com avaliação do presidente da Federação da Agricultura do Estado de SC (Faesc) José Zeferino Pedrozo. A Federação compreende as razões econômicas que motivaram o movimento, mas alerta que as famílias rurais estão sendo profundamente prejudicadas e muitas terão prejuízos irrecuperáveis.
O problema é que os grevistas estão impedindo a circulação de produtos do campo (leite, aves, suínos, grãos, frutas e hortigranjeiros) para processamento nas agroindústrias e, também, a remessa de insumos (rações, pintinhos, leitões) das agroindústrias para os produtores rurais.
Somente no oeste circulam DIARIAMENTE 6 milhões de litros de leite, 3 milhões de frangos e 20 mil suínos que formam a base da economia regional, mas esse fluxo foi interrompido pela greve. Nesta terça-feira paralisam pelo menos cinco frigoríficos e, na quarta-feira, praticamente todo o parque agroindustrial vai parar por falta de insumos.
Pedrozo observa que entidades representativas do setor primário apóiam formalmente os grevistas, mas, por suprema incoerência ou insensibilidade, os produtores rurais são diretamente os mais prejudicados. Adverte que há risco de êxodo rural iminente.
Um risco muito grande é que a falta de ração no campo provoque canibalismo entre os planteis e crie problemas sanitários que afetem a privilegiada condição sanitária de Santa Catarina (área livre de aftosa sem vacinação). Essa seria a maior desgraça econômica para o setor produtivo.
Por isso, Pedrozo fez um apelo para que os caminhoneiros encerrem a greve.