GO: Seca pelo segundo ano consecutivo traz prejuízo ao agronegócio

Publicado em 06/02/2015 08:38

“Precisamos que o estado decrete situação de emergência devido à falta de chuva, o que daria amparo a possíveis negociações junto aos órgãos oficiais e instituições financeiras”, repetiu incansavelmente José Mário Schreiner durante suas andanças por Goiás. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) também questionou o modelo atual do seguro rural e destacou a fragilidade da agropecuária diante das mudanças climáticas.

O presidente da Faeg vem se reunindo com produtores dos quatro cantos de Goiás e mediando discussão com o intuito de minimizar os prejuízos causados pela falta de chuva no estado. A Gerência Técnica da entidade também tem trabalhado para levantar dados que justifiquem a situação de emergência. No caso da soja as perdas já se aproximam de 20% da produção total de Goiás, o que representa cerca de 2 milhões de toneladas. Se confirmadas estas perdas, o prejuízo financeiro em todo o estado pode chegar a R$2 bilhões, somente no setor primário. “Muita gente diz que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas aqui caiu. No ano passado sofremos com a seca e esse ano novamente. Estou assustado”, comentou.

José Mário explica que culturas como milho, grãos, silagem, pastagem, leite e carne foram afetadas em todo o Estado mostrando assim, a fragilidade do setor agropecuário. “De um lado somos forte, mas de outro estamos desprotegidos. Basta 30, 40 dias sem chuva para que a nossa riqueza fique comprometida. Eu tenho notado isso claramente durante minhas visitas aos quatro cantos de Goiás. São questões que afetam o bolso e a esperança dos produtores”, comentou. “Proteger o produtor rural é proteger os empregos, a geração de renda e o processo industrial. Essa crise é o momento de pensar em mudar o modelo de seguro rural. Qual a pecuária e agricultura nós queremos? Nós avançamos, mas precisamos avançar muito mais”, disse.

Ele também explica que de forma indireta, as perdas chegarão primeiramente à indústria e, em seguida, ao consumidor final. “Mesmo com o retorno das chuvas nos últimos dias, as perdas já são irreversíveis, pois o período seco coincidiu com um momento fundamental para as lavouras, que é a fase de florescimento e enchimento de grãos, momento em que as plantas têm as maiores exigências por água. Com a estiagem, todo o setor produtivo sofre, o que torna o problema ainda mais grave. Sem chuva não há produção, mas também não há transporte, industrialização….não há geração de emprego e nem de renda e, por fim, as pessoas não pagam impostos. É uma cadeia”, alertou.

Pequena parcela assegurada

Em 2014, a contratação de seguro rural foi realizada em cerca 825 mil hectares, o que representa apenas 14% da nossa área total. “O seguro rural é uma de nossas únicas soluções, mas há mais de 10 anos nós falamos isso e o seguro ainda não nos atende de forma adequada. Isso não pode ficar assim. Além disso, em muitos casos as financiadoras usam o seguro como moeda de troca para a liberação de crédito. O modelo ideal deveria ser como o dos Estados Unidos, onde o produtor tem 90% da produção segurada”, afirmou José Mário Schreiner.

José Mário cita também sobre as duas últimas reuniões que teve com a ministra Kátia Abreu, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no qual tratou sobre o pagamento da subvenção do seguro rural da safra passada. “O Ministério tinha acordado a liberação de R$ 700 milhões para pagamento de subvenção do seguro rural Apesar disso, apenas R$ 400 milhões foram pagos até o momento. Agora estamos em diálogo constante com os Ministérios da Fazenda e do Planejamento para garantir a suplementação orçamentária que compense a verba que não foi paga às seguradoras”, completou.

Fonte: Faeg

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Especialistas do Congresso ABAG/B3 avaliam o posicionamento do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono
Inteligência artificial e inovação otimizam pulverizações no canavial e otimizam custos
Mapa apresenta aos BRICS programa de conversão de pastagens degradadas do Brasil
Socorro aos produtores gaúchos atingidos pela catástrofe depende da análise do Senado para sair do papel
Instituições educacionais trazem foco à gestão e sucessão familiar para ampliar atuação no agro