Ibope em SP: Marina cresce e chega aos 39% das intenções de voto

Publicado em 02/09/2014 23:36 e atualizado em 03/09/2014 07:46
por José Roberto de Toledo, do Estadão (+ O Globo) + EDITORIAL DO EL PAÍS SOBRE A ECONOMIA DA VENEZUELA

Marina Silva (PSB) cresceu 4 pontos em uma semana e chegou a 39% das intenções de voto no Estado de São Paulo, aumentando sua vantagem sobre Dilma Rousseff (PT), que permanece com 23% entre os paulistas. É o que mostra nova pesquisa Ibope feita entre sábado e segunda-feira, para o Estado e a Rede Globo, sobre as disputas pelos governo estadual e presidencial em São Paulo.

O crescimento de Marina no eleitorado paulista se deu pelo menos em parte às custas de Aécio Neves (PSDB). O tucano foi de 19% para 17%. Outros dois pontos vieram dos eleitores que pretendem anular ou votar em branco (foram de 9% para 7%). Há também 10% de eleitores indecisos, e 4% se dividem entre os nanicos.

O resultado da corrida presidencial em São Paulo é especialmente importante porque trata-se do maior colégio eleitoral do país, com 22% do total de eleitores. Para se eleger presidente, um candidato não precisa necessariamente ganhar no Estado, mas não pode ir mal. Esta é a primeira eleição presidencial desde a redemocratização sem que haja um paulista entre os favoritos.

A maior vantagem de Marina sobre seus adversários em São Paulo está no eleitorado evangélico. A candidata do PSB tem 49% dos votos dos eleitores dessa fé, contra 20% de Dilma e 9% de Aécio. Já entre os católicos a disputa é bem mais parelha: 36% para Marina contra 25% de Dilma e 19% de Aécio.

O voto mais comum em São Paulo, neste momento, é o “Geraldina”: 43% dos eleitores de Geraldo Alckmin (PSDB) declaram preferir também Marina, contra apenas 26% que votam no governador tucano e no candidato de seu partido, Aécio, para presidente. Dilma está tecnicamente empatada com o rival no eleitorado de Alckmin, com 23% das preferências. Marina tem 51% dos eleitores de Paulo Skaf (PMDB) e 16% dos de Alexandre Padilha (PT).

Pesquisas encomendadas pelo próprio PT levam pânico ao partido, e Dilma foge de entrevista

É claro que os números das pesquisas eleitorais não dão motivos para o tucano Aécio Neves sorrir de satisfação. Mas, vá lá, ele pleiteia o poder federal, não o tem. No caso dos petistas, é diferente. O partido está em pânico e, creiam, não o vejo cometer erros tão brutais desde 1994, quando não percebeu a importância que tinha o fim da inflação para o povão e decidiu se opor ao Plano Real. Nesta terça à noite, o “Jornal da Globo” viu acontecer algo inédito desde 2002, quando teve início a prática: um presidenciável se negou a conceder uma entrevista previamente agendada. E a faltosa foi ninguém menos do que Dilma Rousseff, do PT, presidente da República e candidata à reeleição. O que ela alegou? Nada! Simplesmente mandou dizer que não haveria entrevista.

Além de ser um tanto desrespeitoso com o trabalho da imprensa, isso demonstra o desespero que toma conta da campanha de Dilma desde que Marina Silva, do PSB, deu iniciou à sua meteórica ascensão, depois da morte de Eduardo Campos. Se a disputa com Aécio já vinha se afigurando crescentemente difícil para Dilma, o confronto com Marina, caso se desse hoje, a tiraria do trono. A petista viu a candidata do PSB tomar do tucano o segundo lugar, encostar nela no primeiro turno, vencê-la no segundo e, agora, dados os levantamentos feitos pelo próprio Planalto, a ex-senadora já lidera a corrida também na etapa inicial.

Nesta segunda, depois do debate promovido pela Jovem Pan, Folha, UOl e SBT, o comando da campanha se reuniu com a presidente, e todos se dedicaram ao patético exercício do autoengano. O consenso foi que Dilma se saiu bem no confronto. Errado. Foi a pior dos três grandes. Aécio jogou melhor, mas quem venceu foi mesmo Marina porque polarizou com Dilma e passou a impressão de dar a palavra final. A petista estava tensa, com os ombros arqueados, semblante fechado, demonstrando contida irritação. Marina batia duro, afetando aquele estado de nirvana. Como atriz, ela também supera a sua oponente.

Nesta terça, dia em que Dilma deveria conceder a entrevista aos jornalistas William Waack e Christiane Pelajo, o Ibope divulgou o resultado da pesquisa para a eleição presidencial em dois colégios privilegiados. Até a semana passada, Dilma liderava no Rio, com 38% a 30% contra Marina; Aécio tinha 11%. A estarem certos os números, o tucano manteve o mesmo percentual, mas a petista é agora derrotada por 38% a 32%. Ou por outra: Dilma perdeu oito pontos, e Marina ganhou 6 — uma mexida de 14 pontos em sete dias. Em São Paulo, a distância seria bem maior: a ex-senadora saltou de 35% para 39%, e a presidente manteve os 23%. O senador mineiro oscilou de 19% para 17%.

Aguardam-se para esta quarta os números nacionais do Ibope. Certamente, vem uma ducha de água fria na cabeça de Dilma, num momento em que o petismo tenta respirar, em esforço concentrado para desconstruir Marina. Mais uma vez, o PT resolveu tirar a causa gay do armário para demonizar adversários. O esforço pode ser contraproducente.

Dilma e o PT passaram pelo vexame de ver as perguntas no ar, sem resposta. Abaixo, eu as reproduzo:

1. Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?

2. A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?

3. A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil, no seu governo, tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?

4. A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?

5. Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo, mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez de a senhora, em campanha, fazer a mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?

6. A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre, um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?

É claro que a entrevista não se resumiria a isso porque estava prevista a intervenção dos jornalistas para aclarar eventuais ambiguidades ou apontar contradições.

Na segunda, a entrevistada foi Marina Silva. Nesta quarta, será a vez de Aécio Neves. O PT não sabe mais o que fazer.

Por Reinaldo Azevedo

Amargura e preconceito, por José Casado

por José Casado, de O Globo

‘Companheiros e companheiras” — ele disse ao séquito do partido que partilhava o lombo de um caminhão. Lula fez a pausa estudada e completou: “Eu acho que está na hora de vocês darem um jeito.”

O político que se considera o mais popular do Brasil dava vazão à sua amargura com o eleitorado: “Eu não posso entender como é que o povo reclama tanto da educação, que o povo reclama tanto do transporte, que o povo reclama tanto da saúde, que o povo reclama tanto da segurança e o (Geraldo) Alckmin tem 50% nas pesquisas de opinião pública. Alguma coisa está errada!”

Aconteceu na noite fria de quarta-feira (28), em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, durante um comício do candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha (45 pontos abaixo de Alckmin). Com Lula no palanque, o partido esperava reunir dez mil pessoas no centro, no horário da saída do trabalho. A audiência ficou restrita a meia praça, incluídos “plaqueiros” com R$ 30 de diária.

Lula não escondia a frustração. Pesquisas, inclusive as do próprio PT, confirmavam a ameaça real de uma expressiva derrota dos seus candidatos tanto na disputa presidencial quanto na maioria dos 19 estados onde concorrem (com destaque para São Paulo), além de eventual redução da bancada no Congresso (103 cadeiras, atualmente) e nas assembleias (149).

 

Leia a íntegra em Amargura e preconceito

 

O PMDB ri sozinho, por Ilimar Franco

por Ilimar Franco, de O Globo

O principal aliado do PT, o PMDB, acredita que ganhou com a polarização entre Marina Silva e a presidente Dilma. Sua cúpula avalia que vai cair a votação na legenda petista e isso levará à redução de sua bancada. O PMDB já sonha em voltar a ser o maior na Câmara e continuar dominando o Senado. Entre seus líderes, há muito ressentimento contra o “hegemonismo petista”.

 

VENEZUELA - ECONOMIA DESTRUÍDA (editorial do jornal EL PAÍS)

A demolição da economia venezuelana entrou em uma fase que parece difícil de ser interrompida por um Governo mais voltado para a adoção de medidas chamativas, tão urgentes quanto ineficazes, do que encarar com seriedade as profundíssimas reformas necessárias para evitar que o padrão de vida dos venezuelanos baixe a níveis desconhecidos há décadas.

Alheio não só aos conselhos dos órgãos internacionais, como também à opinião da maioria dos venezuelanos, Nicolás Maduro incide em uma linha intervencionista e asfixiante ao se negar a aceitar a realidade de que o caminho econômico adotado há 15 anos por Hugo Chávez levou a economia à beira do abismo. As medidas de emergência introduzidas pelo Executivo, como as cartilhas de racionamento – com o registro eletrônico da impressão digital, que substitui o tradicional cartão–, não conseguiram solucionar a escassez de produtos alimentícios e de primeira necessidade em algumas das cidades mais importantes do país.

O intervencionismo nos preços deu origem a um florescente mercado negro que agrava o desabastecimento, fomenta o contrabando e alimenta a corrupção entre as forças policiais encarregadas precisamente de evitá-la, em um panorama geral de degradação progressiva mais compatível com regimes ditatoriais isolados do mundo exterior do que com um pujante país rico em recursos naturais.

Precisamente sobre esses recursos o Governo de Caracas está a ponto de protagonizar o enésimo paradoxo. A Venezuela, que além de integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) detém as maiores reservas de petróleo do mundo, vai ser obrigada a importar o chamado petróleo leve por causa do incontrolável colapso da produção da nacionalizada Petróleos da Venezuela (PDVSA). A do petróleo é a última peça que caiu na lista de receitas antes milionárias com turismo, pesca e café, entre outros setores que agora também experimentam notáveis dificuldades.

Maduro não pode permanecer alheio à derrocada econômica e à consequente tragédia social em nome de uma política que fez o país sul-americano retroceder várias décadas. O prejuízo é de tal magnitude que a recuperação não será fácil. E é impossível que ela comece sem contar com o consenso de toda a sociedade, incluindo a oposição. (EL PAÍS)

Fonte: O Estado de S. Paulo + O Globo

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