Mercado de café: RENOVAÇÃO DO PARQUE CAFEEIRO VIETNAMITA?
O índice de desemprego americano surpreendeu caindo para 6.3%, menor nível desde a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008. O FED já havia avisado o mercado, há dois meses, que a taxa abaixo de 6.5% não era mais a única referência para revisar juros, acertadamente prevendo que o indicador poderia ceder mais rápido. O calcanhar de Aquiles é que embora a criação de postos de trabalho no mês de abril tenha sido melhor do que o esperado, a força de trabalho, ou a taxa de participação da população economicamente ativa, está no menor patamar desde março de 1978, ou 63.2%.
A Ucrânia aperta o cerco contra os militantes pró-Rússia, contrariando o pedido de Putin de recuar suas tropas, e provavelmente desenhando um próximo capítulo que resultará em um conflito, e que baixa ainda mais a moral dos Estados Unidos em convencer países a desistirem de construir arsenais atômicos já que parece inevitável que o leste da Ucrânia seja incorporado à Rússia cedo ou tarde.
O mercado acionário encerrou, mesmo assim, em alta nos últimos cinco dias, e os principais índices de commodities cederam com uma tomada de lucro generalizada, embora individualmente as matérias-primas tenham razões fundamentais para a queda.
O café em Nova Iorque começou a semana caindo, para na sequência (novamente na terça-feira) ter uma recuperação em um intervalo de US$ 18.75 centavos. Depois a bolsa cedeu nas últimas três sessões, totalizando perdas de US$ 5.03 nos últimos cinco dias.
Londres ficou de lado com baixa volatilidade e entrando no período de notificação sem nenhuma entrega dos seus mirrados estoques de 269 mil sacas certificadas.
Os participantes dos mercados esperam novidades, e por ora os interesses de compra e venda estão afastados em aparentemente US$ 30 centavos por libra, entre 190 e 220 centavos, intervalo largo e que definirá quem vai ter mais folego para manter suas apostas.
Os volumes diários tem sido incompatíveis com os ranges. Um dado interessante é que a relação do volume de lotes negociados para cada centavo de libra de oscilação foi de 1345 contratos no penúltimo dia de abril, o menor nível desde as mínimas de novembro. A média do período está ao redor de 9 mil lotes negociados para cada 1 centavo de oscilação, ou seja está insana a volatilidade diária e deve permanecer assim por algum tempo.
A proximidade do inverno no Brasil e o quadro de incertezas continuam dando mais argumentos favoráveis aos altistas do que aos baixistas, claro com o risco grande de derrapagem que acabei de mencionar.
No mercado físico a movimentação foi mais lenta devido ao feriado de quinta-feira do dia do trabalho no Brasil e em diversos países europeus. Os diferenciais em geral não mudaram muito, ainda que se mantenham bem descontados para aqueles que quiserem comprar para embarque e fixação imediatas.
As chuvas no Brasil no mês de abril foram acima da média, fato que pode ajudar um pouco o crescimento da guia para a safra de 15/6, que permanece uma incógnita quanto ao potencial, ainda que muitos já acreditarem que será afetada e não maior do que a 14/5.
No Vietnã foi divulgado um plano para renovação dos cafezais, totalizando 95 milhões de árvores e que deve diminuir o potencial de produção. O processo deve durar 10 anos, segundo informações oficiais, e a ideia é que a área produtiva fique sempre acima de 570,000 hectares, ou uma produção de 26 milhões de sacas assumindo a produtividade recente. A pergunta que cabe é se um produtor vai ter coragem de cortar parte de sua produção em um momento que lucra quase US$ 1000 por tonelada...
De qualquer forma notícias da chegada do inverno e de supostas produções mais baixas dão suporte ao preços e, portanto, novas baixas continuarão sendo oportunidades de compra por algum tempo até deixarem de ser, mas daí é estória para outro comentário.
Nos dias 7 e 8 de maio a comunidade cafeeira estará reunida no Seminário de Café em Santos, estarei lá para acompanhar os sempre interessantes debates sobre os números e rumos do mercado.
Boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*