Selic deve ficar estável por turbulência externa, diz pesquisa
Se isso se concretizar, terá sido interrompida uma sequência de cinco altas seguidas, iniciada em janeiro passado e que somou 1,75 ponto percentual. Dessas instituições, 18 projetam estabilidade nesse patamar até o fim deste ano, enquanto duas veem queda. Uma delas estima duas quedas de 0,50 ponto percentual nas próximas e duas últimas reuniões do ano, em outubro e novembro. A outra trabalha com dois cortes de 0,25 ponto no mesmo período.
"A economia está desacelerando bem mais do que se imaginava e isso decorre de dois fatores: medidas do governo em vigor e choque global", disse o chefe de pesquisa econômica para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, referindo-se, entre outros, às medidas macroprudenciais tomadas em dezembro e que encareceram o crédito voltado ao consumo.
Até a reunião anterior do Copom, em julho, havia uma dúvida no mercado sobre se a alta feita na ocasião - de 0,25 ponto percentual - seria a última ou se haveria mais uma neste mês. Na ata daquele encontro, o BC chamou atenção para o cenário externo, que logo começou a mostrar forte deterioração em meio a temores sobre as crises de dívida da Europa e dos Estados Unidos.
Assim, descartou-se totalmente a possibilidade de uma nova puxada e alguns economistas chegam a prever queda em algum momento neste ano. Eles são minoria. Mas, por outro lado, uma pequena parte dos que preveem estabilidade ao longo de 2011 diz que não se pode descartar totalmente uma revisão do cenário.
"O cenário é muito incerto. Não quer dizer que até o fim do ano não tenha uma nova mudança no cenário de 180 graus. Se há discussão hoje (sobre isso), por ora é de corte neste ano. Mas mantemos nossa previsão de estabilidade", disse a economista-chefe para América Latina do RBS Global Banking & Markets, Zeina Latif.
Crescimento x Inflação
O mercado já vem reduzindo as previsões para o crescimento econômico. Segundo a última pesquisa Focus do BC, a expectativa é de uma expansão de 3,84% neste ano. Em janeiro, ela estava em 4,50%. O economista-chefe do Safra, Carlos Kawall, afirmou que seu cenário de redução de juro neste ano leva em conta a revisão para baixo em sua projeção para o crescimento econômico brasileiro deste ano, para 3,3%. "E vemos um PIB (Produto Interno Bruto) até mais fraco no ano que vem, mais perto de 3%."
Os dados mensais recentes vêm mostrando leituras mistas. Enquanto a indústria mostra fraqueza, o mercado de trabalho ainda está forte. Nesta manhã, o número de desemprego brasileiro em julho caiu para 6%, a menor taxa desde dezembro.
Já as previsões de inflação continuam persistindo acima do centro da meta oficial do governo neste no e no próximo, que é de 4,5% pelo IPCA. Ainda segundo o Focus, elas estão em 6,28% e 5,20%, respectivamente. Mas isso não impedirá o BC de cortar o juro se for realmente necessário do ponto de vista da atividade, segundo os analistas.
"Na inflação, há uma questão de inércia (deste ano para o próximo) e há a alta (nos preços) do setor de serviços, que é mais defasado. Há uma dúvida em relação ao lado fiscal, se ele vai ajudar a conter a inflação, e aos salários", acrescentou Zeina, do RBS, referindo-se à negociações salariais em curso. "As previsões de inflação vão mesmo persistir acima (do centro da meta)."
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