O que é mesmo que está acontecendo com o trigo na China?
A seca nas regiões produtoras de trigo da China, o maior produtor do Mundo, pode persistir por mais alguns meses e a chuva pode ter chegado “muito tarde” para evitar danos nas safras, o que poderá puxar os preços ainda mais para cima, segundo informes desta quarta-feira do Serviço Britânico de Meteorologia, empresa com sede em Londres que fornece análise meteorológica de risco relacionado com o clima para a produção agrícola, eventos esportivos e negócios.
“Não estamos vendo nada além de clima frio e muita seca”, disse Jim Dale, meteorologista Sênior do BWS. “Isto provavelmente provocará novos danos, ao menos nos preços a curto prazo, devido à ansiedade e aos riscos”, continuou Dale, que em dezembro previu corretamente as temperaturas mais frias no Reino Unido e a seca na Argentina.
As cotações do trigo em Chicago atingiram o seu nível mais alto desde 2008 nesta semana, devido à preocupação com a pior seca dos últimos 60 anos nas áreas produtoras de trigo da China, tornando a disponibilidade mundial muito apertada. Os preços dos alimentos no Mundo atingiram “níveis perigosos”, lançando 44 milhões de pessoas na extrema pobreza desde Junho último, segundo informou o Banco Mundial ontem (15).
“O cenário é de produção menor, estoques de reserva cada vez menores, preocupação com seca e aumento na demanda para repor os estoques”, afirmou nesta quarta-feira Tom Puddy, chefe do Departamento de Grãos da CBH, maior grupo embarcador de grãos da Austrália do ano passado. “Assim, acreditamos que haverá mais compras de trigo da Austrália”.
A China comprou 1,4 milhão de toneladas de trigo no ano comercial de 2009/10, segundo o USDA-Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Áreas secas
Cerca de 36% do trigo de inverno plantado nas 8 maiores províncias chinesas foram afetadas pela seca e 6% das safras estão sob “severa seca”, de acordo com declarações do Ministro da Agricultura na última terça-feira (14). Uma semana antes, os percentuais eram 42% e 9%, respectivamente.
“À medida que nos aproximamos de março, particularmente na segunda quinzena, deverá haver uma pausa” disse Dale em entrevista por telefone de Londres, referindo-se a uma mudança no tempo na China. “Mas, isto poderá ser tarde demais. O prejuízo poderá já ter acontecido, se já não aconteceu agora”, concluiu. Contudo, o Diretor de Combate à Seca no Departamento de Recursos Hídricos da província de Shandong, Yin Changwen contesta: “Previsões de longo prazo não são tão confiáveis”.
Importações da China
Perdas substanciais na safra de trigo da China podem forçar a nação Asiática a ecoar seus estoques atuais e buscar completá-los através de importações no próximo ano commercial, fazendo os preços ainda mais para cima, segundo declarações em9 de fevereiro último de Abdolreza Abassian, economist sênior da FAO-Organização para a Agricultura e Alimentos das Nações Unidas.
No dia 10de fevereiro a seca afetou 6,75 milhões de hectares das lavouras chinesas, deixando 2,8 milhões de pessoas e mais 2,5 milhões de animais com escassez de água potável, segundo informações da Agência de Notícias Xinhua em 12 de fevereiro. As chuvas na planície norte da China foram “sensivelmente abaixo” do normal desde outubro ultimo, segundo a FAO.
A produção chinesa de trigo poderá ser menor do que 100milhões de toneladas, Segundo analistas internacionais. No ano passado, a colheita foi de 114,5 milhões de toneladas, segundo o USDA.
Estoques mundiais
A produção mundial de trigo deverá ser de 645,4 milhões de toneladas na safra 2010/11, enquanto a demanda deverá ser de 665,2 milhões de toneladas, seg7do estimativa do USDA em 9 de fevereiro último. Isto irá drenar os estoques para 178 milhões de toneladas, o menor nível desde a safra de 2008/09. A seca na China poderá ameaçar a produção de trigo, impedindo a recomposição dos estoques mundiais,Segundo o representante da FAO, Abbassian.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, porém, disse que o país tem reservas “abundantes” de cereais para atender a demanda e a seca atual não irá afetar os preços internacionais de alimentos. A oferta de cereais da China está em equilíbrio com a demanda e os estoques são suficientes para atender o consume, disse Nie Zhenbang, diretor de Agência Estatal de Grãos, responsável pelas reservas de grãos do país. Importações em grande escala para atender as necessidades internas são “irreais”, segundo ele, em declarações à revista chinesa Ziguangge, do Partido Comunista.
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