Novo governo do Brasil 'mostra os dentes' com medidas cambiais, diz Financial Times
Na quinta-feira, o real caiu pelo terceiro dia consecutivo diante do dólar, após o Banco Central anunciar que os bancos terão que manter maiores reservas na moeda americana, sem remuneração, se apostarem na valorização do real.
O assunto foi elevado à principal manchete do "Financial Times", sob o título "Brasil parte para o controle da elevação da moeda", e também foi tratado em outros dois textos dentro do jornal.
"As medidas, com o objetivo de interromper a valorização ainda maior do real, mostram os dentes da ameaça do novo governo da presidente Dilma Rousseff de que o Brasil agirá para proteger a competitividade de sua indústria doméstica de base de flutuações na taxa de câmbio", diz.
O "FT" observa que, segundo o BC, "os controles, que deverão afetar principalmente bancos comerciais domésticos, têm como objetivo melhorar o funcionamento do mercado de câmbio e a redução das posições vendidas [compromisso de venda futura com a aposta na queda do dólar] no sistema, que em dezembro alcançaram US$ 16,8 bilhões".
"O novo governo assumiu há menos de uma semana e não perdeu tempo em elevar sua retórica sobre o real", afirma o jornal, que observa que a apreciação do real em 36% frente ao dólar nos últimos dois anos ajudou a reduzir a competitividade das indústrias brasileiras.
"Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou sua preocupação de que o Brasil estava sofrendo danos colaterais do que ele vem chamando de uma 'guerra cambial' global provocada pela manipulação das taxas de câmbio pelos governos", diz o "FT".
'Guerra Cambial'
O jornal observa que a medida anunciada pelo Banco Central segue a decisão do Chile, anunciada também nesta semana, de intervir nos mercados de câmbio para conter a valorização do peso.
Segundo o "FT", investidores advertiram de que as ações tomadas pelo Brasil, primeiro país a advertir no ano passado sobre os perigos de uma "guerra cambial", devem ser seguidas por outros países emergentes.
"Apesar de os participantes do mercado dizerem que as medidas globais para conter a apreciação das moedas estrangeiras não terem sido drásticas até agora, muitos países tomaram ações para evitar que suas economias sejam desestabilizadas por rápidas incursões de capital em busca de altos retornos", diz o jornal.
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