Gasolina seguirá cara no Brasil apesar de austeridade nos EUA, prevê hEDGEpoint

Publicado em 18/01/2022 14:08
Fed deve elevar taxa de juros em março para combater inflação, segundo expectativas do mercado; impacto no preço dos combustíveis, no entanto, será absorvido por oferta baixa e recuperação da demanda a nível global, analisa Heitor Paiva

Suboferta e recuperação da demanda a volumes pré-Covid, no mundo, devem manter aquecido o mercado de petróleo e derivados em 2022. Ainda que o Banco Central americano (Fed) adote uma postura mais austera no combate à inflação, medidas como a elevação da taxa de juros, prevista para março, não terão o efeito esperado de desvalorização dos combustíveis por causa da menor liquidez. A previsão é do analista Heitor Paiva, da hEDGEpoint Global Markets.

“As commodities energéticas especificamente estão no comando da alta inflacionária global no atual momento. Não é provável que um aumento de juros jogue os preços delas para baixo”, observa o especialista em energia. Paiva explica que os EUA enfrentam o maior nível de inflação desde 1982, o que deve levar o Fed a adotar uma política mais rígida no lado monetário. No entanto, a medida não terá impacto sobre o valor da gasolina, inclusive no Brasil.

“Não é à toa que a gasolina está a mais de 6 reais o litro por quase todo o Brasil”, declara Paiva. “O Brasil é importador de combustíveis dos EUA. Tanto de gasolina, diesel e gás natural. Isto quer dizer que, dado que estas commodities deverão continuar com os preços sustentados por lá, o preço pago pelos importadores brasileiros continuará, portanto, elevado, acrescenta.

Além disso, lembra ele, medidas austeras como a elevação da taxa de juros valorizam o dólar, exportando a inflação americana através do câmbio, o que vem a contribuir para a alta geral de preços nos países emergentes. “Os EUA têm relevância inquestionável no mercado financeiro e suas decisões monetárias impactam a liquidez global. Caso o Fed suba os juros em março, coisa que o mercado espera que o faça, poderemos ver moedas emergentes desvalorizando”, explica.

Ainda segundo Paiva, o mercado de combustíveis é um dos setores responsáveis pela inflação nos EUA. Na visão dos analistas, tornou-se um problema político para o governo de Biden, cujo partido disputará os cargos legislativos nas eleições em novembro deste ano. “Por que os preços da gasolina, diesel, propano e gás natural. estão caros? Os estoques estão baixos e a demanda está resiliente à variante Ômicron”, pontua o especialista.

Dados do setor petrolífero, como os gastos com Capex e a capacidade ociosa da OPEP+, são vistos como muito limitados pela hEDGEpoint, endossando a tendência de sustentação de preços. Posições compradas dos especuladores nas commodities energéticas recentemente vêm caindo em função das políticas anunciadas pelo Fed No entanto, este cenário pode se reverter à medida que várias agências de pesquisa esperam que o consumo global de petróleo se recupere a níveis anteriores à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). “2022 tem tudo para ser um ano de suboferta sustentando as cotações do petróleo”, conclui Paiva.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
hEDGEpoint Global Markets

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário