Estiagem faz SC perder o posto de 4º maior produtor de leite do país

Publicado em 20/11/2020 13:34 e atualizado em 22/11/2020 17:39
Santa Catarina reduziu o rebanho, e Goiás agora ocupa o 5º posto

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A drástica seca pela qual a região sul do Brasil tem passado fez com que o Estado de Santa Catarina perdesse uma posição no ranking dos maiores produtores de leite do país, passando do 4º para o 5º lugar, cedendo uma posição para Goiás. De acordo com o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarinsa (Faesc), Enori Barbieri, a escassez e falta de qualidade nas pastagens, somadas ao alto custo da ração para as vacas leiteiras, reduziu a produção e está obrigando os produtores a descartar os animais mais velhos e menos produtivos

"Apesar de os preços do leite pagos ao produtor terem subido a partir de julho e agosto, o alto custo para manter a alimentação dos animais, principalmente quando se fala em milho e farelo de soja, fizeram com que a conta não fechasse e a produção de leite caísse", conta.

Barbieri explica ainda que neste mês de novembro, o preço do leite já começa a dar sinais de queda, o que piora ainda mais o cenário. Ele aponta como uma das causas o alto preço do produto na ponta final, o que faz com que o consumidor, descapitalizado devido às consequências da pandemia, recuasse nas compras. 

"Em novembro do ano passado tivemos uma estiagem severa em Santa Catarina que ocasionou perda de 40% da produção de silagem de milho, insumo que deveria durar ao menos até o final de 2020. Em fevereiro deste ano tivemos uma nova seca que praticamente dizimou as pastagens, e a continuidade do tempo seco no inverno inviabilizou o plantio de novos pastos", disse.

Colocando em números, o vice-presidente da Faesc afirma que apenas em junho e julho o volume de precipitações foi normal no Estado, mas que de a expectativa de 1700mm chuva para 2020 foi reduzida em 900mm.

"A região leiteira fica no meio oeste, oeste e no extremo oeste de Santa Catarina. Agora, novamente, nesse período de silagem se apontam perdas de mais de 40% de produção".

REDUÇÃO DE REBANHO 

Segundo estimativas de Barbieri, Santa Catarina tem um rebanho de cerca de 2,5 milhões de vacas leiteiras, e que por causa da situação de falta de pasto, alto custo de ração e consumo menor na ponta final, entre 20% a 30% destes animais deverão ser descartados. 

"O que está se fazendo é uma seleção de enxugar o plantel, tirando as vacas idosas e não produtivas. É algo drástico, porque o produtor não tem como dar comida e água". 

Toda esta situação, conforme explica Barbieri, está gerando queda drástica na produção, fazendo com que laticínios entre em uma disputa acirrada em busca de leite junto ao produtor e, ao mesmo tempo, provocando uma reengenharia logística, já que é "quase impraticável" buscar os pequenos volumes de leite em locais mais distantes.

O vice-presidente da Faesc pontua que a maioria dos produtores são de pequena escala, e já estão inseridos em programas de auxílio. Além disso, o Governo do Estado de Santa Catarina liberou verbas para que as prefeituras apoiem os produtores com captação e transporte de água em caminhões-pipa para as propriedades rurais. 

"São ações emergenciais. O que não se vê são ações estruturantes para que se acabe com a seca, canalizando a água para melhorar o fornecimento", afirmou.

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Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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