Mercado global de petróleo encontra suporte na demanda chinesa
A China, tábua de salvação dos mercados globais de petróleo neste ano, ampliou aquisições de exportadores como Rússia, Estados Unidos e Angola nas últimas semanas, enquanto outros compradores restringem os pedidos à medida que o número de casos de coronavírus dispara e novos "lockdowns" são estabelecidos.
O país asiático, maior importador de petróleo do mundo, é o único grande comprador que deverá registrar um aumento na demanda pela commodity neste ano, período em que a pandemia destruiu o consumo globalmente.
Com as importações chinesas projetadas para atingir 12 milhões de barris por dia (bpd) no ano que vem, os vendedores alinham remessas para manter a participação de mercado, já que o consumo mundial de petróleo deve cair em cerca de 9% em 2020.
Nesta semana, a Shell, a Litasco --braço de trading russa Lukoil-- e a Unipec, divisão de trading da chinesa Sinopec, reservaram provisoriamente ou buscaram a contratação de superpetroleiros para enviar petróleo dos EUA, a partir da Costa do Golfo, para a Ásia em dezembro, segundo dados de agências marítimas e do Refinitiv Eikon.
O número de casos de Covid-19 está aumentando globalmente, especialmente em grandes consumidores de combustíveis, como EUA e Europa.
"Provavelmente, 'lockdowns' vão vigorar na Europa por boa parte deste inverno (no Hemisfério Norte). A China aumentou suas cotas e capacidade de armazenamento. Parece que a demanda vai se concentrar por lá no futuro próximo", disse um operador de uma refinaria europeia.
O prêmio para embarque em janeiro do petróleo russo ESPO Blend, um dos mais populares entre as refinarias independentes chinesas, figura em máximas de cinco meses.
O petróleo dos EUA também está se recuperando, com o WTI em East Houston avançando para o maior nível em cerca de dois meses nesta semana. A commodity norte-americana se viu pressionada por uma queda de 12% na demanda doméstica por combustíveis e por recordes diários de novos casos de Covid-19.
"A demanda chinesa é mais visível agora", disse à Reuters um operador do mercado do extremo leste da Rússia. "As empresas de trading estão muito ativas, já que esperam mais pedidos das refinarias independentes da China, que vão comprar petróleo sob as novas cotas de importação."
(Reportagem de Devika Krishna Kumar em Nova York, Olga Yagova em Moscou e Noah Browning em Londres; reportagem adicional de Florence Tan em Cingapura)
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