Balança comercial brasileira tem pior julho em 5 anos, com superávit de US$ 2,293 bi

Publicado em 01/08/2019 15:56

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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 2,293 bilhões de dólares em julho, pior para o mês desde 2014 (1,562 bilhão de dólares), com a fraqueza da economia sendo refletida tanto na ponta das exportações quanto das importações.

O dado, divulgado pelo Ministério da Economia nesta quinta-feira, também veio abaixo da expectativa de um saldo positivo em 3,8 bilhões de dólares, conforme pesquisa da Reuters com analistas.

No mês, as exportações tiveram queda de 14,8% ante julho de 2018, pela média diária, a 20,054 bilhões de dólares.

Já as importações caíram 8,9% na mesma base de comparação, a 17,761 bilhões de dólares.

No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a balança comercial ficou positiva em 28,369 bilhões de dólares, recuo de 16,3% sobre igual etapa do ano passado.

"(Há) menor demanda externa por conta da desaceleração da economia mundial e menor demanda interna por conta de desempenho aquém do esperado para a economia nacional", avaliou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão.

Depois de iniciar 2019 prevendo uma alta de 2,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o governo foi revisando sua perspectiva para baixo, até cortá-la a 0,81% no último mês.

Para o resultado consolidado da balança no ano, a expectativa de analistas ouvidos pelo Banco Central na mais recente pesquisa Focus é de um saldo positivo de 52 bilhões de dólares nas trocas comerciais, contra um superávit de 58 bilhões de dólares de 2018.

No mês passado, o Ministério da Economia ajustou suas estimativas e passou a prever um superávit comercial de 56,7 bilhões de dólares para este ano.

DESTAQUES EM JULHO

Do lado das exportações, o desempenho negativo foi verificado em todas as categorias em julho, com destaque para os embarques de produtos básicos, que recuaram 16,7% ante igual mês do ano passado.

No mês, houve diminuição de 61,2% nas vendas de petróleo em bruto e de 34,6% da soja em grão, dois importantes produtos da pauta comercial brasileira.

"Esses dois produtos apresentaram queda tanto de volume quanto de preço no mês", disse Brandão.

Ele apontou que o apetite por petróleo é afetado pela desaceleração da economia mundial, com reflexo nas cotações internacionais do produto.

Já as vendas de soja têm sido impactadas pelos problemas sanitários da China, pontuou Brandão. A soja comprada do Brasil é utilizada principalmente na alimentação de porcos, mas a produção suína no gigante asiático sofreu forte redução em função do surto de peste suína africana no país.

Olhando para as demais categorias, as exportações brasileiras de manufaturados e semimanufaturados caíram 12,3% e 4,6% em julho, respectivamente.

Na ponta das importações, as compras de combustíveis e lubrificantes subiram 22% em julho. Também cresceram as aquisições de bens intermediários (+4,9%) e de bens de consumo (+1%).

Em contrapartida, as importações de bens de capital despencaram 53% sobre julho do ano passado. O Ministério da Economia chamou a atenção para a retração verificada principalmente em barcos-faróis, guindastes, docas e diques flutuantes.

Exportações de minério de ferro do Brasil têm maior volume desde outubro de 2018

 
 
 
 
 
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  • Navio é carregado com minério de ferro para exportação no porto de São Luís (MA) 09/12/2011 REUTERS/Paulo Whitaker

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - As exportações de minério de ferro do Brasil cresceram 16,6% em julho ante o mês anterior, para 34,3 milhões de toneladas, maior nível em nove meses, após a Vale retomar a produção em sua maior mina de Minas Gerais, apontaram dados oficiais nesta quinta-feira.

O volume é o maior desde outubro de 2018, quando as vendas externas brasileiras de minério de ferro atingiram 37,2 milhões de toneladas, segundo dados compilados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O montante de julho, entretanto, é 4,7% menor que o registrado no mesmo mês do ano passado.

As exportações brasileiras da commodity neste ano foram fortemente abaladas com o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério da Vale, em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro, que levou a uma paralisação de diversas atividades, para uma revisão da segurança.

Em abril, as vendas externas atingiram o menor volume em mais de sete anos, somando 18,3 milhões de toneladas e, desde então, têm se recuperado.

A Vale, que responde por grande parte dos embarques do país, obteve autorização em junho para retomar Brucutu, sua principal mina de Minas Gerais, de 30 milhões de toneladas anuais de capacidade.

Em meio ao corte de oferta no Brasil e também na Austrália, outro grande exportador global, o preço do minério de ferro exportado pelo país avançou para 74,7 dólares por tonelada, contra 69,5 dólares em junho e 50,4 dólares por tonelada em julho de 2018, na esteira de ganhos no mercado chinês, cuja produção de aço está crescente.

Com isso, a receita das exportações brasileiras atingiu 2,6 bilhões de dólares em julho, alta de 25,3% em relação a junho e avanço de mais de 40% quando comparado ao mesmo mês do ano passado.

O avanço das exportações, em meio a preços mais altos, poderá colaborar para uma recuperação esperada pela Vale no terceiro trimestre, após a companhia sofrer dois prejuízos trimestrais na primeira metade do ano, com impacto de provisões pelo desastre de Brumadinho.

O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani, afirmou nesta quinta-feira esperar que o segundo trimestre tenha sido de transição e que a empresa terá um terceiro trimestre "bastante forte para suportar a reparação e os futuros retornos aos acionistas".

(Por Marta Nogueira)

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Fonte:
Reuters

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