Com aumento na oferta e demanda menor, produtores descartam tomate em várias regiões produtoras
Os preços tomate recuaram no mercado brasileiro. A caixa que já chegou a ser negociada a R$ 200,00 em 2016 baixou e, atualmente, a caixa de 18 quilos é comercializada entre R$ 5,00 a R$ 10,00 em média. O cenário é decorrente do aumento na oferta e, por outro lado, da queda registrada na demanda.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Batista Legumes, Ricardo Rodrigues Guze, depois dos preços recordes, os produtores aumentaram a área de cultivo, especialmente do tipo italiano. Em contrapartida, houve uma queda na área destinada ao plantio da variedade tipo Carmem Longa Vida.
“E tivemos 6 geadas, especialmente no Sudoeste de São Paulo, o que acabou contribuindo para a redução de doenças e pragas, principalmente a mosca branca. Com isso, associado ao avanço da tecnologia, tivemos uma boa produção. Alguns produtores que colhiam cerca de 200 caixas (de 22 kg) por mil plantas, colheram até 500 caixas de (22 kg) por mil plantas”, reforça Guze.
Na contramão desse cenário, houve um recuo na demanda pelo produto, devido à crise na economia brasileira. Como resultado, os produtores enfrentam preços baixos nesse instante e não cobrem os custos de produção, conforme destaca o engenheiro agrônomo. “Temos um custo médio de R$ 25,00 por caixa e as cotações seguem baixas. E também é preciso descontar o valor da caixa de papelão e também do frete”, completa Guze.
Além dessa situação, em algumas regiões, como é o caso de Caçador (SC), a qualidade da fruta foi prejudicada devido às chuvas recentes. Os produtores também relatam problemas com a acidez do tomate, o que também dificulta a comercialização.
Em meio a esse quadro, têm sido recorrentes as notícias de descarte de tomate nas principais regiões produtoras. Em Ibitirama (ES), os produtores descartaram 20 toneladas de tomate no final da última semana devido aos preços mais baixos, cerca de R$ 10,00 a caixa. “Temos acompanhado esse cenário em outras localidades e até mesmo no Ceasa, em São Paulo”, diz Guze.
Ainda na visão do engenheiro agrônomo, a perspectiva é de manutenção no quadro até maio, quando o mercado pode esboçar alguma reação. “Antes temos muito tomate entrando no mercado até lá”, finaliza Guze.
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